Tecnologia

Por Glass, Google precisará superar obstáculos, dizem engenheiros do MIT

São Paulo - Ex-alunos do prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, o casal de engenheiros Scott Torborg e Star Simpson ganhou fama...

Star Simpson (Divulgação)

Star Simpson (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2013 às 09h55.

São Paulo - Ex-alunos do prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, o casal de engenheiros Scott Torborg e Star Simpson ganhou fama na última semana por ser a primeira dupla a desmontar o Google Glass

Cofundadores da Tacocopter, uma empresa que realiza delivery de comida mexicana usando drones, a dupla Torbog e Star conta que decidiu desmontar os óculos do Google pela “curiosidade” de conhecer sua engenharia. INFO conversou com o casal.

Vocês não tiveram medo de estragar um dispositivo tão caro?

Star Simpson - Nós somos pessoas ligadas à indústria de hardware e tínhamos muita curiosidade em saber como funciona um dispositivo como o Glass. No meu caso, já passei pela experiência de montar alguns computadores vestíveis como este e naturalmente queria saber como a equipe de hardware do Google projetou o Glass. Tudo continua funcionando corretamente após a desmontagem.

Quanto tempo vocês levaram para desmontar o Google Glass?

Scott - Em torno de seis horas. A maior parte do tempo, no entanto, foi gasta com o planejamento, organização e captura de imagens deste processo. Se fizéssemos apenas uma desmontagem simples, provavelmente levaria só 20 minutos. 

Vocês notaram algo que pode ser melhorado?

Scott - A configuração atual, de fato, é muito boa. Eu não quero falar mal do Glass, pois não acho que eu seria capaz de projetar algo melhor. No entanto, há algumas observações a fazer. Do ponto de vista do conforto do usuário, por exemplo, como todo o hardware está posicionado em um só dos lados, isto faz o centro de gravidade do Glass ser ponderado de forma desigual. Talvez, com o tempo, você se acostume com isso, mas eu me peguei diversas vezes tentando ajustá-lo no rosto.  Já do ponto de vista do estilo, uma linha grossa metálica na sua testa parece muito estranho. Ela esconde as sobrancelhas do usuário, bloqueando sua expressividade. Isso sem contar que o usuário vai parecer muito mais “nerd” com um Glass no rosto.

Baseado nos componentes eletrônicos que encontraram no Glass, conseguem estimar o custo do aparelho? 

Scott - Eu não sou qualificado o suficiente para calcular isto, mas eu espero – na verdade tenho fé – que outras pessoas possam olhar os componentes que encontramos e possam analisar seu custo total. 

Vocês acham que o Glass é melhor ou pior que outros dispositivos vestíveis já apresentados, como os protótipos que Steve Mann, considerando um dos inventores da computação vestível, já exibiu ao mundo?

Scott - O Glass é melhor e pior. Os computadores vestíveis que Steve Mann projetou são mais ricos em recursos e possuem menos restrições que o Glass, neste sentido, os protótipos de Mann são mais avançados. Entre outras vantagens, os dispositivos de Mann oferecem melhor foco óptico. Eles permitem alinhar os visores com a perspectiva do usuário mais facilmente e adicionar telas estereoscópicas.

Além disso, Steve Mann é, sem dúvidas, muito mais consciente dos impactos sociais e das implicações de privacidade geradas pela computação vestível. Ao que tudo indica, o Google parece ser quase alheio a essas implicações. No entanto, devemos admitir, o Google conseguiu tornar a computação vestível muito mais acessível e prática para aqueles que estão menos dispostos a fazer sacrifícios pessoais para ter um computador em seu rosto.

Star - Steve Mann é apaixonado por computação vestível e certamente tem sido um de seus grandes defensores. Dito isto, acho que não podemos deixar de dar crédito a Claude Shannon e o projeto “Eudaemons”, como os reais fundadores da computação vestível. (Eudaemons é o nome de um grupo de estudos, criado na Universidade da Califórnia nos anos 60 que criou os primeiros conceitos de computadores vestíveis).

Que impacto o Glass terá na vida das pessoas?

Star - Eu acho que isto está para ser descoberto, mas obviamente há muitos problemas relacionados à privacidade que precisarão ser debatidos.

Scott - Concordo, há preocupações importantes sobre privacidade e educação social. O Google deve superar alguns obstáculos para que as pessoas não fiquem incomodadas com o uso desta tecnologia. As pessoas ficam apreensivas ao redor de alguém que está usando o Google Glass. É como andar com uma filmadora na cabeça.  

Vocês planejam montar de novo o Google Glass?

Scott - Sim, nós já fizemos isto e ele ainda funciona. Mas ele está um pouco diferente do original. Após usar o Glass por várias semanas, vocês sentem falta dele quando não o tem por perto?

Star - Eu sinto falta dele. O acesso rápido e direto às informações que pesquisamos é maravilhoso, mas confesso que o uso do Glass me fez prestar menos atenção em meus amigos. Então, preciso encontrar um ponto de equilíbrio quando voltar a usar o Google Glass. 

Um teste completo do Google Glass está publicado na edição de junho da INFO.

Scott Torborg, engenheiro de software e um dos primeiros a desmontar o Google Glass

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas americanasEmpresas de internetempresas-de-tecnologiaGoogleGoogle GlassINFOTecnologia da informação

Mais de Tecnologia

Canadá ordena fechamento do escritório do TikTok, mas mantém app acessível

50 vezes Musk: bilionário pensou em pagar US$ 5 bilhões para Trump não concorrer

Bancada do Bitcoin: setor cripto doa US$135 mi e elege 253 candidatos pró-cripto nos EUA

Waze enfrenta problemas para usuários nesta quarta-feira, com mudança automática de idioma