(Thyssenkrupp/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 21 de dezembro de 2017 às 15h51.
Última atualização em 21 de dezembro de 2017 às 16h53.
Esta matéria não é para quem tem problemas no coração. Em um local de testes no sudoeste da Alemanha, uma das maiores fabricantes de elevador do mundo está acelerando as provas do primeiro sistema a funcionar sem cabos. O elevador futurista da Thyssenkrupp desafia um design básico que praticamente não mudou durante séculos. Em vez de estar vinculado a cordas e roldanas, ele se move pelo poço com a ajuda de ímãs.
“Psicologicamente, não há diferença”, disse Andreas Schierenbeck, CEO da divisão Thyssenkrupp Elevators, minimizando os temores causados pela tecnologia. “Tem gente que tem medo até dos elevadores com cabos.”
O Multi, o elevador com levitação magnética cujo primeiro uso comercial está programado para 2020 em um edifício de Berlim, colocará a empresa alemã de engenharia um passo à frente das rivais Otis, Kone e Schindler Holdings. A Thyssenkrupp, quarta maior do mundo segundo as vendas, aposta que o elevador lhe dará uma vantagem justo quando o mercado – estimado em 60 bilhões de euros (US$ 71 bilhões) pela Jefferies – está prestes a crescer, devido à demanda por edifícios altos em centros urbanos densamente povoados.
“Hoje, a principal vantagem da Thyssenkrupp é ser a primeira no campo”, disse David Varga, analista do Bankhaus Metzler que recomenda comprar as ações. O desenvolvimento de uma tecnologia nova no mínimo ajudará a empresa a reter participação de mercado em um setor onde obter uma vantagem grande em relação aos rivais é “muito difícil”.
A divisão de elevadores da Thyssenkrupp começou como uma atividade paralela para a companhia controladora, a maior usina de aço da Alemanha. Nos últimos seis anos, em meio ao excesso global de aço, que derrubou os preços, e a uma fusão planejada com a rival Tata Steel, a unidade se transformou em uma mina de ouro que dá mais lucro do que as outras divisões da empresa.
Ao contrário dos sistemas de design tradicional, o Multi tornará o transporte de pessoas dentro de edifícios mais eficiente, segundo a Thyssenkrupp. Por exemplo, o mesmo poço pode ser usado por mais de uma cabine que se move para cima e para baixo ou até mesmo de lado, para deixar outra cabine passar. Essa flexibilidade daria mais liberdade aos arquitetos e poderia mudar o horizonte das cidades.
“A liberdade é recuperada – não é preciso usar o poço do elevador como um elemento principal” do design para conceber os prédios em volta dele, disse Schierenbeck em entrevista, neste mês, na sede da empresa, em Essen. Os novos elevadores poderiam ser instalados do lado de fora dos edifícios ou mover-se horizontalmente entre o estacionamento e a portaria, disse ele.
Embora o mercado chinês, que é fundamental, esteja desacelerando devido ao enfraquecimento da incorporação imobiliária e à concorrência mais acirrada, Schierenbeck projeta que a demanda crescerá nas próximas décadas, quando centenas de milhões de chineses se mudarem para as cidades.
“O progresso que estamos fazendo talvez seja bom, mas talvez não seja rápido o suficiente”, disse ele. “Poderíamos melhorar. Talvez este seja um pensamento típico dos engenheiros alemães, que sempre veem o que não está funcionando.”