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CrowdStrike supera crise histórica e recupera valor de mercado perdido após falha de cibersegurança

Falha no software Falcon deixou 8,5 milhões de dispositivos inoperantes e gerou prejuízos bilionários; balanço do último trimestre mostra receita recorde

Impacto global: falha no software Falcon, da CrowdStrike, paralisou milhões de dispositivos e gerou prejuízos bilionários; empresa se recupera com estratégias de retenção e inovação (Future Publishing/Getty Images)

Impacto global: falha no software Falcon, da CrowdStrike, paralisou milhões de dispositivos e gerou prejuízos bilionários; empresa se recupera com estratégias de retenção e inovação (Future Publishing/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 11h02.

Última atualização em 6 de janeiro de 2025 às 11h59.

Em julho de 2024, a CrowdStrike enfrentou uma das crises mais graves já vistas na área de cibersegurança: uma atualização do seu software Falcon causou panes em 8,5 milhões de dispositivos Windows, interrompendo voos, consultas médicas e transmissões ao redor do mundo. O impacto foi tão grande que o presidente do Comitê de Segurança Interna dos EUA chamou o episódio de “o maior apagão de TI da história”.

Apesar do baque inicial, com uma queda de mais de 30% no valor de suas ações, a CrowdStrike não só recuperou os US$ 30 bilhões perdidos, como superou a avaliação que possuía antes do incidente. Seu CEO, George Kurtz, afirma que a empresa transformou o desastre em uma “vantagem competitiva”.

Embora o incidente tenha gerado custos bilionários para empresas afetadas, como a Delta Air Lines, que estima um prejuízo de US$ 500 milhões e entrou com um processo contra a CrowdStrike, a empresa reportou resultados financeiros robustos.

No trimestre encerrado em setembro, a receita alcançou US$ 1 bilhão, um aumento de 29% em relação ao mesmo período de 2023, com uma taxa de retenção de clientes de 97%.

Analistas apontam que a resposta estratégica da CrowdStrike foi crucial para sua recuperação. A empresa foi elogiada pela forma como lidou com a crise, incluindo a oferta de pacotes de compensação aos clientes, que somaram US$ 60 milhões em incentivos, como extensões de assinatura gratuitas e novos recursos adicionados sem custo.

Esse movimento, chamado de “pacotes de compromisso com o cliente”, também impulsionou a adoção do programa Falcon Flex, um modelo de assinatura flexível que permite personalizar o uso do software. O valor total dos contratos Falcon Flex quase dobrou, alcançando US$ 1,3 bilhão no trimestre.

Mas nem tudo foi sucesso. A crise deixou um legado de desafios legais e aumentou o escrutínio regulatório sobre o acesso de fornecedores terceirizados ao núcleo dos sistemas operacionais Windows, de onde a falha de julho de 2024 originou-se. Há também ações judiciais em curso. A Delta, por exemplo, acusou a CrowdStrike de “cortar custos e comprometer testes essenciais”.

A empresa, por sua vez, rebateu as acusações, afirmando que sua responsabilidade no caso é limitada e que as alegações da Delta são baseadas em “desinformação”. Analistas, no entanto, apontam que a disputa jurídica e o impacto em renovações contratuais no quarto trimestre serão testes decisivos para a empresa.

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