Confiança em privacidade online do Brasil está entre piores
O uso de sites de mídia social continua explosivo, apesar de os entrevistados brasileiros suporem que sua privacidade será mais difícil no futuro
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2014 às 19h46.
São Paulo - Embora os benefícios proporcionados pelo avanço tecnológico sejam indiscutíveis, a questão envolvendo tecnologias digitais e privacidade ainda é permeada por uma série de paradoxos, cada um deles com sérias implicações para consumidores, empresas e os fornecedores de tecnologia , conforme revela o Índice EMC de Privacidade, estudo global realizado pela EMC, fornecedora de soluções de armazenamento e gerenciamento da informação, que avalia as atitudes dos consumidores em relação à privacidade online.
O estudo, para o qual foram entrevistadas 15 mil pessoas, revela que os pontos de vista sobre privacidade variam muito conforme a região e o tipo de atividade realizada online.
No caso do Brasil, que ficou na quinta posição entre os 15 países avaliados, 26% dos entrevistados disseram estar dispostos a negociar a privacidade para maior conveniência online, enquanto 56% declararam que não trocariam a privacidade pela conveniência e desejam mais controle sobre seus dados pessoais.
Assim como nos demais países, no Brasil, os usuários de mídias sociais revelaram ter a menor confiança na ética e nas habilidades das organizações em relação à proteção de sua privacidade.
O estudo mostra que 58% declaram ter confiança nas habilidades dos fornecedores para proteger dados pessoais e 53% disseram ter confiança na ética dessas organizações, o que coloca o País entre os menores índices de confiança.
O uso de sites de mídia social continua explosivo, apesar de os entrevistados brasileiros suporem que sua privacidade será mais difícil no futuro.
No geral, a confiança na privacidade no país é baixa. Dos entrevistados no Brasil, 71% disseram que sentem ter menos privacidade agora do que há um ano.
Além disso, 73% acreditam que a privacidade será mais difícil de manter nos próximos cinco anos. Para 89% dos usuários brasileiros de mídias sociais, devem existir leis que proíbam as empresas de comprar e vender dados pessoais, sem consentimento.
No Brasil, 76% dos entrevistados relataram já ter sofrido violação de dados (conta de e-mail invadida; dispositivo móvel perdido ou roubado; conta de mídia social invadida etc.), embora muitos deles não tenham tomando medidas para se proteger — 56% não trocam as senhas regularmente; 19% não personalizam as configurações de privacidade nas redes sociais; e 33% não usam proteção por senha nos dispositivos móveis.
Paradoxos globais
Entre os paradoxos apontados pelo Índice EMC de Privacidade está o do "queremos tudo".
Os consumidores querem todas as conveniências e benefícios da tecnologia digital, embora digam que não estão dispostos a negociar sua privacidade para obtê-los.
Segundo o levantamento, 91% dos participantes valorizam o benefício de "acesso mais fácil à informação e ao conhecimento" que a tecnologia digital proporciona, mas apenas 27% dizem estar dispostos a trocar parte da privacidade por maior conveniência e facilidade online.
Além disso, 85% dos entrevistados disseram valorizar "o uso da tecnologia digital para proteção contra atividade terrorista ou criminosa".
Entretanto, apenas 54% se dizem dispostos a trocar parte de sua privacidade por essa proteção.
Os participantes acima de 55 anos, em uma amostragem de países, dizem estar menos dispostos a trocar a privacidade pela conveniência e desejam mais controle sobre seus dados pessoais.
Outra contradição está no que a empresa classifica como "não tomar atitude". Embora os riscos à privacidade afetem diretamente muitos consumidores, a maioria diz que não toma praticamente nenhuma atitude especial para proteger sua privacidade — em vez disso, transferem o ônus para os que lidam com suas informações, como o governo e as empresas.
Mais da metade dos entrevistados relatou já ter sofrido violação de dados, embora a maioria não tenha realizado as ações necessárias para proteger sua privacidade — 62% não trocam as senhas regularmente; quatro em cada dez pessoas não personalizam as configurações de privacidade nas redes sociais; e 39% não usam proteção por senha nos dispositivos móveis.
Riscos à privacidade
Entre os principais riscos para o futuro da privacidade, os participantes listaram empresas que usam, vendem ou negociam dados pessoais para obter ganho financeiro (51%) e a falta de atenção do governo (31%).
De modo similar, "a falta de supervisão e atenção das pessoas comuns como eu" teve uma classificação muito baixa (11%).
Em uma amostragem com pessoas acima de 55 anos, foi relatado que elas são muito menos propensas a proteger com senha seus dispositivos móveis ou a alterar as configurações de privacidade em suas redes sociais.
Por fim, há o paradoxo do "compartilhamento social". Os usuários de sites de mídia social afirmam valorizar a privacidade, embora compartilhem livremente grandes volumes de dados pessoais — apesar de manifestarem falta de confiança na proteção que essas instituições dão a suas informações.
Há uma convicção entre os consumidores de que as instituições têm pouca habilidade e ética para proteger a privacidade dos dados pessoais em sites de mídia social — apenas 51% declaram ter confiança nas habilidades desses fornecedores para proteger dados pessoais e apenas 39% declaram ter confiança na ética dessas organizações.
A grande maioria dos consumidores (84%) afirma não gostar que alguém saiba qualquer coisa a seu respeito ou sobre seus hábitos, a menos que a decisão de compartilhar essas informações seja sua.
Em outra amostragem, os entrevistados acima de 65 anos estão significativamente mais preocupados com sua privacidade e revelam ter pouquíssima disposição para permitir que outras pessoas conheçam seus hábitos online.