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CEO do Facebook admite falha na proteção de dados dos usuários

Executivo fala nesta terça (10) em audiência no Senado dos EUA sobre a responsabilidade da empresa na proteção de dados de usuários

Zuckerberg: "Está claro que não fizemos o suficiente para prevenir essas ferramentas [a plataforma] de serem usadas para danos" (Leah Millis/Reuters)

Zuckerberg: "Está claro que não fizemos o suficiente para prevenir essas ferramentas [a plataforma] de serem usadas para danos" (Leah Millis/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 10 de abril de 2018 às 17h38.

O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, classificou a incapacidade da empresa de prevenir episódios como a atuação da empresa Cambridge Analytica e a interferência russa nas eleições dos EUA de 2016 como "um grande erro" e pediu desculpas. Ele fala na tarde de hoje (10) em uma audiência conjunta das comissões Judiciária e de Comércio do Senado dos Estados Unidos (EUA) sobre a responsabilidade da companhia na proteção da informação de seus usuários.

"Está claro agora que nós não fizemos o suficiente para prevenir essas ferramentas [a plataforma] de serem usadas para danos. Isso vale para notícias falsas, interferências estrangeiras em eleições e discurso de ódio, bem como desenvolvedores e privacidade de dados. Nós não tomamos uma visão ampla o suficiente da nossa responsabilidade. Peço desculpas", disse.

O escândalo envolvendo a consultoria britânica Cambridge Analytica ganhou visibilidade após um ex-funcionário da empresa revelar aos jornais The New York Times (EUA) e The Guardian (Reino Unido), em março, que informações de dezenas de milhões de americanos foram usadas pela companhia para criar publicidade personalizada e influenciar eleições em todo o mundo, inclusive a disputa de 2016 que resultou na vitória de Donald Trump. No total, 70 milhões tiveram dados usados sem permissão.

Já a interferência russa nas eleições de 2016 mereceu uma investigação no Congresso após a revelação de relações da campanha de Donald Trump com autoridades russas e de que contas daquele país atuaram durante o pleito para apoiar o atual presidente norte-americano e atacar a então concorrente, Hillary Clinton, além de segmentos minoritários, como negros e muçulmanos. Em fevereiro, o Departamento de Justiça do país indiciou 13 russos pela campanha de desinformação.

Medidas

Zuckerberg apresentou as medidas adotadas pela empresa sobre o tema. Lembrou que antes da divulgação na imprensa, em março deste ano, o acesso aos dados por desenvolvedores como Alexandr Kogan havia sido drasticamente reduzido em 2014. Em 2015, Kogan foi banido e uma cobrança foi feita à Cambridge Analytica para apagar as informações repassadas. A consultoria teria confirmado não dispor mais dos registros, o que se comprovou irreal.

O presidente expôs outras decisões tomadas pela empresa. Aplicativos com acesso a dados de muitas pessoas estão sendo "investigados" pela empresa. Em havendo suspeitas, o programa poderá ser auditado. "Se acharmos alguma atividade imprópria, vamos bani-lo do Facebook e informar aos usuários que tiveram dados impropriamente usado", comentou.

Interferência estrangeira

A senadora Dianne Feinstein questionou quais providências estão sendo tomadas para evitar interferências estrangeiras em eleições. Zuckerberg informou que diversas contas vinculadas à atividade de russos foram derrubadas. Acrescentou que, desde 2016, houve eleições em que o Facebook teve atuação melhor, como na França e na Alemanha.

De acordo com ele, depois do pleito de dois anos atrás, a empresa investiu em recursos de inteligência artificial para derrubar contas criadas com este intuito. No mês passado, relatou, 270 contas alegadamente vinculadas à Agência de Pesquisa em Internet da Rússia (órgão que teria atuado nas eleições dos EUA) foram fechadas porque os técnicos teriam identificado uma atuação na Rússia em outros países vizinhos.

Discurso de ódio

O senador John Tune questionou a efetividade da postura do Facebook. "Vocês têm um histórico de se desculpar. Depois de mais de uma década de promessas de fazer diferente, por que devemos acreditar que agora é diferente?", perguntou. O presidente reafirmou que houve muitas falhas. "É difícil ter uma companhia desta escala sem cometer erros. Tentamos não cometer erros repetidamente". Ele afirmou que, agora, há uma mudança filosófica na empresa, para assumir um papel mais proativo no uso das ferramentas disponibilizadas aos usuários.

O parlamentar questionou como a empresa vai usar inteligência artificial para coibir discurso de ódio. Zuckerberg respondeu que as tecnologias de IA vão contribuir para identificar conteúdos, em parceria com funcionários, para fazer a revisão e validar a derrubada dos conteúdos. "Discurso de ódio é difícil para inteligência artificial, pois há uma nuança linguística", comentou.

Anúncios

O senador Bill Nelson citou um diretor do Facebook, segundo quem, para não receber anúncios, as pessoas teriam que pagar pelo uso da rede social. E questionou por que o usuário não pode deligar o recebimento de anúncios. Zuckerberg respondeu que o usuário pode desligar informação para terceiros. Mas se há pessoas que não gostam de anúncios, a resposta da comunidade, segundo ele, é de que pessoas preferem receber informação do que não receber. Para não ter anúncios, a empresa teria que ter outro modelo de negócios que não ofereceria o serviço de graça.

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