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Ativistas do software livre devem pensar como empreendedores, diz Maddog Hall

Diretor da Linux International apresentou seu mais novo projeto na Campus Party Brasil

Palestra de Jon Maddog Hall, diretor executivo da Linux International, foi a grande atração da quarta-feira (19) da Campus Party Brasil (Flávia de Quadros/indicefoto.com)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2011 às 09h48.

São Paulo - Jon "Maddog" Hall, diretor da Linux Internacional, apresentou seu novo projeto para empreendedores durante a Campus Party Brasil 2011. Batizado de Projeto Cauã, a iniciativa tem como foco criar empregos sustentáveis e que trabalhem em conjunto com o software e hardware livre.

Maddog disse que com o projeto pretende mudar a imagem do Brasil e de outros países da América do Sul, que possuem pouca visibilidade mundial em negócios de tecnologia e defendeu que os ativistas do software livre devem pensar de modo empreendedor.

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A ideia do projeto é permitir que os interessados se tornem administradores de sistemas (EAS), oferecendo a eles treinamento, certificações, ações de marketing e planos de negócios. Desta forma, o EAS ofereceria serviços pessoais e educacionais como instalação e atualização de softwares, dar aulas para usuários finais, criar sistemas automatizados para casas, condomínios, hospitais e hotéis e torná-los conectáveis entre si.

"Ninguém quer perder tempo para aprender a fazer, as pessoas querem apenas usar as ferramentas. E este será o seu trabalho, criar", disse Maddog. Após o período de treinamento o EAS estaria apto a oferecer seus serviços e criar soluções sustentáveis e que aumentem a vida útil dos computadores.

Os primeiros investimentos viriam na aquisição de servidores altamente capacitados (HA), que ficariam dispostos em prédios altos, centrais comunitárias e utilizariam redes de alta velocidade - tudo isso sob controle do EAS. O usuário final contrataria os serviços do EAS e receberia um computador thin client, que não traria programas armazenados e seria um hardware mais leve e com poucos recursos, pois usaria as capacidades do servidor HA por meio de virtualização.

Assim, seria possível criar milhares de empregos em tecnologia no setor privado no país e permitir a redução dos custos de fabricação de hardware. "Nós, geeks, adoramos sofrer para usar um computador. Mas a maioria não, por isso queremos possibilitar o desenvolvimento de máquinas mais fáceis de serem usadas e com um ambiente computacional mais amigável", destacou Maddog.

Sustentabilidade

O Projeto Cauã também teria um lado sustentável. Ao diminuir o tamanho e a capacidade dos thin client, reduziria-se também o consumo de energia.

Hoje um computador gasta em média 200W de energia, com a viabilização do projeto os hardwares usariam apenas 12W, pois a bateria seria otimizada com o PC funcionando em virtualização.

Produzir o thin client ideal custa menos de US$ 200. Ele seria fabricado na parte traseira da tela LCD e traria processador Atom multi-core, 2GB de memória, USB 3.0, Wi-Fi de 60GHz, internet ethernet 2x 1Gbit/seg, sem ventoinha e sem discos, o que poderia levar um computador a ter 10 ou mais anos de vida útil.

Maddog afirma que é possível fabricar um hardware desse a baixo custo, pois no Brasil o mais caro é a conexão à internet. "Impostos em peças soltas aqui no Brasil caem para somente 5% do valor. Além de trazer empregos para brasileiros, também incentiva a fabricação nacional e o desenvolvimento de tecnologias e serviços próprios", argumenta Maddog.

Hoje levar uma conexão via cabo de fibra óptica para uma residência custa R$ 1500 para uma empresa. A ideia do Projeto Cauã é fazer com que empresas de telefonia vendam o cabeamento para o EAS de forma parcelada e o EAS se responsabilize em compartilhar a conexão entre seus clientes. "Se você tiver 300 clientes e cobrar US$ 6 de cada um pelo serviço, você consegue manter um salário mensal satisfatório ao alugar e manter o sistema deles funcionando. Então não reduza os valores dos serviços, aumente a quantidade de trabalho", afirmou Maddog.

O projeto entrará em fase de testes e já vem sendo desenvolvido no país pelo Laboratório de Sistemas Integrados (LSI) da USP, sob comando do Professor Marcelo Zuffo. Haverá também um projeto piloto no Brasil durante 6 meses para verificação de resultados. A pretensão é colocar em prática em 2012 as primeiras certificações.

Os interessados em participar e conhecer melhor o projeto, podem acessar o site do Projeto Cauã e se inscrever.

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