Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, ao ser liberado da prisão em Londres (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2010 às 15h16.
Washington - O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, negou nesta sexta-feira conhecer o ex-analista de inteligência do Exército norte-americano acusado de ter fornecido ao site mensagens secretas da diplomacia de Washington que podem levar Assange a ser indiciado por espionagem nos Estados Unidos.
Em entrevista ao programa "Good Morning America", da emissora de TV ABC, o especialista em computação australiano disse que o sistema informatizado do WikiLeaks foi projetado para proteger o anonimato de fontes que passam para a organização documentos governamentais delicados, incluindo os telegramas diplomáticos dos EUA que vêm trazendo à tona avaliações francas e constrangedoras de líderes mundiais.
O especialista do Exército Bradley Manning, analista de inteligência de 23 anos, foi acusado este ano de obter o vídeo de um ataque de helicóptero de 2007 que matou uma dúzia de pessoas no Iraque, incluindo dois jornalistas da Reuters, e de ter obtido mais de 150 mil documentos do Departamento de Estado dos EUA.
Autoridades norte-americanas dizem que Manning vazou alguns dos telegramas que obteve, mas se negam a informar se são os mesmos telegramas divulgados pelo WikiLeaks.
O vídeo do ataque de helicóptero, gravado pela própria aeronave, foi divulgado pelo WikiLeaks em abril. Manning está detido na Base Naval de Quantico, na Virgínia.
Relatos da mídia norte-americana dizem que promotores dos EUA podem indiciar Assange por espionagem e buscar sua extradição para os EUA, se puderem demonstrar que ele ajudou Manning a colher os materiais classificados.
"Eu nunca tinha ouvido falar no nome Bradley Manning antes de ser divulgado pela imprensa", disse Assange à ABC, enquanto fazia uma ronda dos talk shows americanos transmitidos no horário do café da manhã.
"A tecnologia do WikiLeaks foi projetada desde o início para assegurar que nunca conheçamos os nomes ou as identidades de pessoas que nos repassam materiais. Em última análise, essa é a única maneira de garantir anonimato às fontes."
Assange, de 39 anos, deixou um tribunal de Londres na quinta-feira, depois de ser libertado sob pagamento de fiança de 200 mil libras (312.500 dólares), após passar nove dias na maior prisão de Londres. A Suécia quer extraditá-lo para interrogá-lo sobre alegadas agressões sexuais a duas voluntárias do WikiLeaks.
Mas Assange disse a jornalistas pouco depois de ser libertado que está mais preocupado com a possibilidade de os Estados Unidos tentarem extraditá-lo do que com a possibilidade de ser enviado para a Suécia.
Assange e seus advogados manifestaram o receio de que promotores dos EUA estejam se preparando para indiciá-lo por espionagem em conexão com a divulgação dos documentos pelo WikiLeaks.
"Algo está muito errado na situação e algo está errado nos Estados Unidos pelo fato de tal investigação ser lançada em segredo contra mim, e, concretamente, contra minha organização, e agora vemos acusações sérias serem feitas ao New York Times também", disse Assange em entrevista separada ao programa "Today", da NBC.