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Apple e Google podem ficar no meio do fogo cruzado entre Trump e TikTok

Empresas controlam as lojas de aplicativos e governo dos EUA pode exigir que TikTok seja retirado dessas plataformas

TikTok: segundo especialistas, governo dos EUA pode exigir que empresas retirem app de suas lojas de aplicativos (Ivan Abreu/Bloomberg)
TL

Thiago Lavado

Publicado em 11 de setembro de 2020 às 17h34.

Última atualização em 11 de setembro de 2020 às 18h54.

Écada vez mais provável que o TikTok não consiga vender suas operações nos Estados Unidos até o prazo de meados de setembro imposto em ordem executiva emitida pelo presidente Donald Trump. Isso não significa que o aplicativo de vídeo, favorito de dezenas de milhões de adolescentes, será desativado da noite para o dia.

Na quinta-feira, Trump disse que não estenderia o prazo de 20 de setembro para um acordo. Mas a ByteDance, controladora chinesa do TikTok, pode precisar de mais tempo para negociar com os interessados depois que novas regras do governo de Pequim complicaram o negócio. Trump disse que, se um acordo não for fechado na data especificada, o TikTok será desativado.

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Mas, ao contrário da Índia, que recentemente baniu o aplicativo e imediatamente cortou o acesso de usuários, os Estados Unidos não dão ao presidente autoridade para fechar um site de rede social ou exigir que provedores de serviço bloqueiem o acesso a um aplicativo. Assim, o TikTok poderia permanecer nos telefones de usuários, que ainda seriam capazes de criar vídeos, pelo menos por um tempo.

Especialistas dizem que o cenário mais provável seria exigir que a Apple e o Google, controlado pela Alphabet, retirem o TikTok de suas lojas de aplicativos e bloqueiem o acesso às ferramentas de desenvolvedores, evitando novos downloads e atualizações de software subsequentes para usuários atuais. Isso pode tornar o aplicativo inoperante no longo prazo.

A experiência do usuário do TikTok pode ser prejudicada muito antes para quem comprar o próximo modelo do iPhone, caso o TikTok perca o acesso de desenvolvedores e não possa formatar o aplicativo e seus recursos para o novo smartphone da Apple.

“Não há autoridade nos Estados Unidos para banir o conteúdo do TikTok, proibir pessoas de assisti-lo ou banir pessoas que trabalham com o TikTok, isso é apenas o presidente exagerando sua autoridade para pressionar o acordo”, disse James Lewis, diretor do Programa de Política de Tecnologia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um think tank de Washington. “Você pode colocar obstáculos, mas existem soluções alternativas.”

O TikTok abriu um processo contra o governo Trump, alegando que a ordem executiva é inconstitucional.

O pedido também pode dificultar que outras empresas façam negócios com o TikTok, como comprar anúncios ou vender serviços de nuvem da empresa. Sem acesso aos servidores dos Estados Unidos da Amazon Web Services, por exemplo, o TikTok poderia ser obrigado a rotear grandes quantidades de dados por meio de servidores no exterior e isso atrasaria significativamente a experiência do usuário, diz Daniel Sinclair, pesquisador de segurança independente que estuda o TikTok e redes sociais.

“Ou fecharemos o TikTok neste país por motivos de segurança ou será vendido”, disse Trump a repórteres na quinta-feira, antes de embarcar no avião presidencial para uma viagem de campanha a Michigan. “Não haverá extensão do prazo para o TikTok.”

O governo Trump poderia ordenar que empresas americanas como Google e Apple suspendam o aplicativo, mas não poderia impedir que adolescentes nos Estados Unidos encontrem soluções alternativas para acessar o site ou visualizar o conteúdo.

Apple e Google não responderam imediatamente a um pedido de comentário.

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