Aplicações "revolucionárias" do 5G só devem chegar ao Brasil em 2023
Na visão de analista, nenhuma das operadoras tem urgência pelo 5G
Lucas Agrela
Publicado em 11 de julho de 2019 às 17h57.
Ainda que iniciando um novo ciclo para as operadoras de telecomunicações nacionais, a alocação de espectro 5G prevista para o começo de 2020 só deve resultar na chegada de serviços de quinta geração "revolucionários" ao País a partir de 2023. Essa é a avaliação da consultoria Ovum, que prevê um compasso "evolucionário" para a tecnologia a partir do ano que vem.
"No Brasil, o 5G vai começar de maneira evolucionária. Primeiro, com uma banda larga móvel mais rápida e com o acesso fixo-móvel (FWA), começando por alguns setores [nobres de grandes cidades]. Já os casos de uso mais revolucionários como network slicing e ultra baixa latência devem demorar de três ou quatro anos a partir de 2020", afirmou o analista principal da Ovum na América Latina, Ari Lopes. Entre os serviços que dependem da baixíssima latência estão a conectividade 5G em missões críticas e também algumas aplicações voltadas para o consumidor final, como o cloud gaming.
Um das razões para o avanço gradual no Brasil é o fato do ciclo 4G ainda não ter se esgotado completamente. "Nenhuma das operadoras tem urgência pelo 5G. O 4G é flexível o suficiente para atender a demanda por Internet móvel por mais dois ou três anos, com 4,5G ainda sendo expandido e as redes IoT [das teles] entrando em operação só neste ano. Considerando a capacidade e os usos, não há urgência", afirma Lopes. Ainda assim, o Brasil não poderia se dar ao luxo de ficar muito para trás de outros países na quinta geração. "Como o 5G foi adiantado, nós tivemos que nos posicionar", entende o analista.
Diante do cenário, a TIM surge como operadora brasileira mais ansiosa pela tecnologia, inclusive realizando o primeiro teste 5G em rede comercial há duas semanas. "Eles estão se posicionando para lançar rápido. No caso do móvel, o 5G deve ser ferramenta para ganhar market share, pois toda troca de geração é uma oportunidade para tirar cliente dos líderes. Já no segmento fixo, onde o deles braço não é tão forte, a TIM pode começar no mercado B2B, oferecendo soluções super rápidas usando as próprias torres, além de estender a oferta da Live TIM mais rapidamente", avalia Lopes.
*Este conteúdo foi originalmente publicado no siteTeletime