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Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2011 às 16h36.
Última atualização em 7 de julho de 2022 às 16h41.
Depois que foi criado o Tesouro Direto, aplicar em títulos públicos ficou muito mais fácil e, normalmente, mais barato. Antes, só era possível investir nesses ativos por meio de fundos de renda fixa que cobravam taxas de administração aviltantes. O Tesouro Direto acabou com a necessidade dessa intermediação possibilitando ao investidor comprar e vender diretamente seus títulos públicos pela Internet, como acontece com as ações em um Home Broker.
No ano passado, os títulos públicos estiveram entre as aplicações mais rentáveis do ano. Com um desempenho pífio da Bolsa, desvalorização do dólar e inflação em alta, a renda fixa se valorizou, em especial os títulos que corrigem os investimentos pelo IPCA. Veja, a seguir, como funciona o Tesouro Direto e quando investir em títulos públicos vale a pena.
São títulos de renda fixa que financiam a dívida pública e os investimentos do governo federal, com liquidez garantida pelo Tesouro Nacional. Podem ser pré ou pós-fixados, de curto, médio ou longo prazo. O investidor que possui um título público pode esperar o prazo vencer ou vendê-lo de volta para o Tesouro antes da hora.
Aplicar em títulos públicos pode ser uma boa maneira de poupar quando se tem objetivos financeiros definidos - uma viagem ao exterior, um curso ou pós-graduação ou mesmo a própria aposentadoria. O risco de crédito é bem baixo, afinal, o governo tem menos chance de quebrar que qualquer instituição privada.
O risco de liquidez, por sua vez, quase inexiste, já que o Tesouro Nacional garante a recompra para os investidores que desejarem vender seus títulos. “Das aplicações conservadoras - com rentabilidade de média para baixa e pouco risco - certamente é a melhor”, diz o planejador financeiro Conrado Navarro.
Outra vantagem é o fato de haver produtos para investimentos de todos os prazos. No longo prazo, há inclusive a possibilidade de se proteger da inflação e manter o poder de compra por meio dos títulos que são corrigidos pelo IPCA.
Em relação aos fundos DI e de renda fixa, o Tesouro Direto tem ainda a vantagem de ser operado diretamente pelo investidor, com taxas de administração mais baixas que as da maioria dos fundos.
Os títulos públicos não são tão rentáveis em épocas de juros e inflação mais baixas, perdendo atratividade em relação à renda variável nesse contexto.
Ainda assim, o baixo risco permite que essas aplicações continuem sendo boas para o planejamento de objetivos financeiros específicos ou simplesmente para manter o poder de compra do que foi poupado no longo prazo.
Alguns investidores podem, ainda, sentir alguma dificuldade de obter a senha para operar no Tesouro Direto junto ao banco ou corretora do qual são clientes.
O processo pode ser demorado em algumas instituições, uma vez que é mais vantajoso para elas que o cliente aplique em um de seus fundos de renda fixa.
Nesses casos, o ideal é verificar se as taxas de administração dos fundos oferecidos pela instituição são maiores que as taxas cobradas pela operação via Tesouro Direto. Se forem, o melhor é persistir para conseguir operar no Tesouro Direto.
A taxa de juros é pré-acordada e precifica o CDI atual. É de curto prazo.
Semelhante às LTNs, porém os prazos são maiores e ocorre o pagamento de juros mensalmente. A rentabilidade de uma NTN-F é semelhante à de uma LTN de prazo semelhante, porém essa rentabilidade é maior se a NTN-F for de longo prazo.
A rentabilidade diária acompanha a taxa de juros. São de curto prazo.
São títulos de médio e longo prazo que preservam o poder de compra do investidor, uma vez que corrigem a aplicação pela inflação. Pagam juros de cerca de 6% ao ano mais o IPCA.
Semelhantes às NTN-B, porém os juros não são pagos semestralmente. Todo o montante só é pago no vencimento do título (ou no ato da venda).
As Notas do Tesouro Nacional - série C (NTN-C), corrigidas pelo IGP-M, não são mais emitidas pelo Tesouro, sendo praticamente impossível comprá-las. O site do Tesouro Direto disponibiliza as tabelas sempre atualizadas das rentabilidades dos títulos e dos títulos disponíveis, suas taxas de juros e preços nominais.
Para descobrir o título mais adequado aos seus objetivos, o investidor pode fazer o teste do perfil do investimento . O Tesouro Direto também disponibiliza uma calculadora para simular a rentabilidade de títulos específicos.
“O ideal é alternar LTNs com LFTs para o curto prazo, de acordo com o cenário da taxa de juros, e comprar NTN-Bs para o longo prazo”, diz o planejador financeiro Conrado Navarro.
Basta ser residente no Brasil, possuir um CPF, ter uma conta aberta em uma instituição financeira habilitada a operar nesse mercado e solicitar sua senha para a área exclusiva do site do Tesouro Direto.
Para abrir uma conta, basta entrar em contato com o banco ou corretora escolhida. Em seguida, o investidor recebe uma senha por e-mail para acessar a área exclusiva do site do Tesouro Direto.
Quem já tiver ações e outros títulos custodiados na CBLC poderá utilizar a mesma conta para custodiar seus títulos públicos. É só solicitar o envio da senha.
A negociação dos títulos acontece por meio do site do Tesouro Direto ou do Home Broker de algumas corretoras e bancos, os chamados agentes integrados.
Após se cadastrar em um agente de custódia, o investidor recebe uma senha para a área exclusiva do site do Tesouro Direto, onde poderá comprar e vender títulos, consultar extrato e saldo e alterar seus dados cadastrais.
Cerca de cem reais.
As taxas de administração dos agentes de custódia (corretoras e bancos) variam de 0,15% a 1,0%, mas algumas corretoras não cobram taxa alguma. O Tesouro Direto disponibiliza uma lista com os agentes de custódia e suas taxas, mas é sempre bom verificar se os valores continuam os mesmos.
As compras no Tesouro Direto devem ser múltiplas de 0,2 título. Assim, o mínimo que se pode comprar é 20% do valor de um título, e o máximo é 400.000 reais por mês em títulos. Caso o investidor possua títulos que paguem juros (NTN-B ou NTN-F), o investidor pode exceder esse teto de 400.000 reais utilizando o valor pago de juros para comprar mais títulos.
É possível efetuar a compra de títulos sete dias por semana, em quase qualquer horário. O mercado só fica fechado entre as 5 e as 9 horas da manhã, nos dias úteis, para manutenção do sistema.
Sim. O Tesouro Nacional realiza a recompra de títulos em leilão toda quarta-feira, das 9 horas da manhã às 5 horas da manhã do dia seguinte. Nas semanas em que há reunião do Copom, os títulos podem ser vendidos também das 9 horas de quinta-feira até as 5 horas da manhã de sexta. Ao se vender um título antes do vencimento, porém, a rentabilidade será de apenas uma fração do previsto caso o título fosse mantido até o final. Além disso, será preciso pagar IR, cujas alíquotas são maiores quanto menor o tempo de aplicação. Consultores financeiros costumam aconselhar os investidores a manterem o título até o prazo terminar, a menos que estejam precisando daquele dinheiro aplicado com urgência. “Manter o título até o fim é a maneira de usar a característica do produto a seu favor”, diz Navarro. “A menos que o investidor não esteja satisfeito com a rentabilidade e decida migrar para outro investimento. Nesse caso, se mesmo com o desconto do IR a migração for vantajosa, a venda do título pode valer a pena”, conclui.
A tributação dos títulos públicos é a mesma das demais aplicações em renda fixa. Há cobrança de IOF para investimentos de prazo inferior a 30 dias, e de Imposto de Renda na fonte sobre os rendimentos, segundo as seguintes alíquotas:
- 22,5% em aplicações com prazo de até 180 dias;
- 20% em aplicações com prazo de 181 a 360 dias;
- 17,5% em aplicações com prazo de 361 a 720 dias;
- 15% em aplicações com prazo acima de 720 dias.