Saúde

Ex-capitão da seleção galesa de rugby é diagnosticado com demência precoce

Médicos disseram a Ryan Jones que provavelmente trata-se de uma Encefalopatia Traumática Crônica, doença neurodegenerativa causada por choques na cabeça

Ryan Jones quando capitão da seleção de Gales (Stu Forster/Getty Images)

Ryan Jones quando capitão da seleção de Gales (Stu Forster/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 16 de julho de 2022 às 18h13.

Última atualização em 16 de julho de 2022 às 19h17.

O ex-capitão da seleção de rúgbi do País de Gales, Ryan Jones, anunciou que sofre de demência precoce, aos 41 anos, numa entrevista publicada este sábado pelo jornal The Times. Aposentado desde por uma lesão recorrente no ombro direito, o atleta é mais uma do esporte (no qual fortes contatos físicos são constantes) a receber um diagnóstico de doença mental.

“Tenho a impressão de que o meu mundo está desmoronando. E é algo que me apavora”, contou o ex-atleta, que disputou 75 partidas pela seleção do seu país, 33 deles como capitão.

A doença foi diagnosticada em dezembro, e os médicos lhe disseram que provavelmente está relacionada à Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), uma doença neurodegenerativa causada por repetidos choques na cabeça. Os especialistas consultados também reconheceram que foi um dos piores casos que já viram, segundo a publicação.

“Vivi 15 anos da minha vida como super-herói, mas não sou. Não sei o que o futuro me reserva”, explicou o ex-jogador. “Tudo o que eu quero é levar uma vida feliz e normal, mas isso foi tirado de mim, e não há nada que eu possa fazer sobre isso”, admitiu Jones, que não se lembra mais das regras do rúgbi e, inicialmente, pensou que estava tendo um quadro de depressão.

O neurologista que acompanha o caso admite não estar otimista e até disse ao ex-atleta que suas funções provavelmente continuarão a declinar na mesma proporção dos últimos cinco anos.

“Minha companheira e minha família começaram a notar mudanças em mim. Fui diagnosticado com depressão, mas comecei a perceber que várias de minhas funções intelectuais estavam precárias”, disse Jones, destacando a perda de memória de curto prazo, a dificuldade para encontrar palavras e as alterações de humor.

Como exemplo, Jones explica que tem fotos com seus filhos no topo do pico mais alto do País de Gales, mas que não se lembra de como eles chegaram lá.

Embora não especifique se vai ingressar na ação movida por outros ex-jogadores contra as autoridades esportivas do esporte, Jones se mostra muito crítico à situação atual dos ex-atletas.

“É como andar com a cabeça para a frente e os olhos fechados para uma situação catastrófica”, resume.

Acompanhe tudo sobre:Doenças mentaisEsportesRugby

Mais de Saúde

Novo Nordisk: um novo norte para derrotar a obesidade

Barulho de trânsito pode aumentar ansiedade e estresse, diz estudo

Os 15 países mais afetados pela 'depressão do inverno'

Cigarros eletrônicos: Anvisa estuda revisar proibição; para AMB, liberação seria retrocesso