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Mercado de vinho no Brasil experimenta movimento crescente, algo que veio para ficar

As tendências para 2025 apontam o crescimento no consumo de vinhos brancos e espumantes, impulsionado por mudanças climáticas e culturais

 (Catarina Bessell/Exame)

(Catarina Bessell/Exame)

Malu Sevieri
Malu Sevieri

Diretora da ProWine São Paulo

Publicado em 18 de outubro de 2024 às 06h00.

Última atualização em 18 de outubro de 2024 às 08h00.

No Brasil, o consumo de vinho transcende o mero ato de beber; é uma experiência que reflete a riqueza cultural e o dinamismo econômico do país. Atualmente, temos dez regiões reconhecidas pela excelência na produção de vinho ou pelas características singulares da bebida, moldadas pelo ambiente geográfico — fatores naturais, como clima, solo e altitude, aliados ao conhecimento humano —, que conferem uma distinta denominação de origem. Dentre essas, seis estão situadas no Rio Grande do Sul, estado que lidera tanto em produção quanto em tradição vinícola no país. Outro dado que chama atenção é o crescimento do consumo, com uma média de 2,7 litros per capita por ano.

O mercado de vinhos no Brasil passou por grandes transformações nos últimos anos, impactado por fatores econômicos e climáticos que afetam diretamente o consumo e as estratégias de varejo. O aquecimento global, por exemplo, tem impulsionado a demanda por vinhos brancos e espumantes, enquanto os tintos, tradicionalmente mais vendidos, registraram uma leve queda em períodos mais quentes.

A pandemia também deixou marcas significativas. Durante o confinamento, o consumo de vinhos no Brasil atingiu níveis recordes, já que a bebida se tornou uma companheira nos dias em casa. Contudo, o cenário pós-pandemia trouxe desafios como inflação e aumento dos custos de produção, afetando o poder de compra dos consumidores e o lucro dos produtores. Além disso, houve o acúmulo de estoques devido à desaceleração das vendas após o pico durante a pandemia, exigindo uma gestão mais criteriosa no varejo.

As tendências para 2025 apontam o crescimento no consumo de vinhos brancos e espumantes, impulsionado por mudanças climáticas e culturais. O espumante, antes associado apenas a celebrações, tem potencial para se firmar para o consumo cotidiano. Já o vinho branco ainda precisa de estratégias que o posicionem como uma escolha refrescante para os dias de calor.

A ProWine São Paulo, que se consolidou a maior feira de vinhos e destilados das Américas, reflete o crescente protagonismo do setor no Brasil. Realizada no começo de outubro, a edição de 2024 reuniu mais de 1.400 marcas de 34 países, apresentando novidades e tendências para mais de 15.000 visitantes. Tanto em área quanto em público, cresceu quase 30% quando comparada com o ano passado. Além de funcionar como uma vitrine de oportunidades, a feira é um termômetro do que está por vir.

Consolidar uma cultura de consumo de vinhos será essencial para o futuro do setor. O sucesso desse mercado, contudo, depende de diversos fatores, como a economia, o clima e as mudanças nos hábitos dos consumidores. Essas variáveis continuarão a moldar o panorama do segmento no Brasil, que se afirma cada vez mais como uma indústria robusta e em expansão.

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