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Vai demorar para avaliarmos os danos da má gestão no Brasil

Só quando o Brasil sair da recuperação extrajudicial em que está atolado é que será possível mensurar o atraso em nosso desenvolvimento


	 Dilma: as prioridades de nossa política externa são hoje os maiores perdedores da face da Terra
 (Getty Images)

Dilma: as prioridades de nossa política externa são hoje os maiores perdedores da face da Terra (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2015 às 17h00.

São Paulo — Há um prejuízo não contabilizado até agora na falência econômica múltipla produzida no Brasil pelo conjunto da obra Dilma-Lula-PT; é difícil fazer as contas dessa perda no momento, e continuará sendo difícil mesmo depois que o país, em algum dia no futuro, sair da recuperação extrajudicial em que está atolado após cinco anos de desgoverno contínuo, com a assinatura da atual presidente, somados a oito de “esquenta”, com a assinatura de seu “ex” no cargo.

O prejuízo em questão é o atraso que o Brasil está contratando hoje para seu desenvolvimento de amanhã.

A dificuldade em identificar um número capaz de medir com precisão quanto isso vai custar está no nevoeiro que necessariamente envolve cálculos a respeito do que poderia ter acontecido e não aconteceu — no caso, aliás, tudo o que não aconteceu de bom e o muitíssimo que aconteceu de ruim em quase 13 anos corridos de aposta do governo no lado que perde.

Mas todo mundo já pode contar que a recuperação da economia, quando vier, sofrerá com uma quantidade de espinhos muito maior do que seria razoável. É a proverbial “bomba de efeito retardado”.

O nome do problema, em termos simples, é: perda de tempo. E isso vai se traduzir, na prática, em perda de oportunidades, de energia, de mercados, de musculatura para competir, de competência tecnológica, de lugar na fila. O Brasil voltará a funcionar, mais cedo ou mais tarde — mas verá, com frustração, que seu motor não estará rendendo o suficiente para girar na velocidade necessária.

Verá à sua frente competidores que ainda há pouco tempo estavam lá para trás e, pior que isso, descobrirá que ficou difícil emparelhar com eles. Vai constatar que outros estarão ocupando os espaços que vêm perdendo agora, e aqueles em que precisaria entrar. Vai verificar que perdeu escala, carrega custos excessivos em tudo o que faz, trabalha com produtividade baixa.

Vai se surpreender com a descoberta de que é um país pura e simplesmente atrasado, que produz pouco, mal e caro. O Brasil não faz hoje o seu dever; não vai entregar amanhã o resultado. Num mundo que avança cada vez mais rápido, arrasta-se como um carro de boi. O México acaba de superar o Brasil como o maior produtor de carros da América Latina.

A África dos sonhos da política externa de Dilma, de Lula e do PT, em cima da qual o Itamaraty imagina construir a supremacia mundial do Brasil, é cada vez mais um competidor agressivo no mercado de matérias-primas e na produção agrícola, a única área em que as coisas vão bem por aqui; seu grande parceiro e aliado na vida real de hoje é a China.

Enquanto dezenas de países mundo afora assinam tratados de livre comércio entre si, e com isso aumentam de imediato suas exportações, seus empregos, sua renda, sua arrecadação pública e a produção geral de suas economias, o Brasil fica olhando sem fazer nada; acha que procurar esse tipo de acordo é executar uma diplomacia de direita, e precisamos de uma diplomacia de esquerda.

Nossas prioridades externas são os maiores perdedores econômicos existentes hoje na face da Terra — Venezuela, Argentina, o Babaquistão do Oeste e por aí afora. Não existe, nessa corrida internacional, uma questão de “espírito olímpico”, em que o importante não é ganhar vantagens meramente comerciais, e sim pregar o evangelho dos povos desfavorecidos.

Ao contrário, a única coisa que importa é ganhar, pois quem ganha é o bem-estar, a prosperidade e o futuro dos cidadãos beneficiados pelo aumento do comércio e da produção.

Na mesma estrada, em sentido inverso, quem perde não é o “país” — são os brasileiros, que em 2015, até o dia 30 de setembro, já perderam mais de 650 000 empregos (mais de 1,2 milhão, nos últimos 12 meses) e que precisam desesperadamente do trabalho que estariam tendo se o governo entendesse que o comércio externo é uma das chaves do progresso interno — e um motor do avanço social.

Na hora de correr atrás do que foi perdido vai se ver como ficou cara essa conta.

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