Hamilton Amadeo, presidente da Aegea: a empresa detém 24% do mercado privado de saneamento básico do país | Leandro Fonseca /
Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2018 às 05h16.
Última atualização em 23 de novembro de 2018 às 13h29.
Maior empresa privada de saneamento básico do país, a brasileira Aegea atua desde 2010 como administradora de concessões públicas em todo o ciclo da água: captação, tratamento e abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Ela detém 24% do mercado privado de saneamento básico do Brasil. Presente em 49 municípios de 11 estados, atende 7 milhões de pessoas. Como o contratante dos serviços de saneamento é o Poder Público, a Aegea decidiu criar um canal para se aproximar daqueles que recebem a água e o esgoto tratados por suas concessionárias. Foi assim que surgiu um programa batizado de Afluentes. Ele é o início da relação da empresa com o público externo e busca a licença social para operar. “A primeira coisa que fazemos quando conquistamos uma nova concessão é mandar uma equipe do Afluentes para mapear as lideranças nos bairros”, diz Hamilton Amadeo, presidente da Aegea. “Reconhecemos a importância das lideranças informais. Antes de implementar algo, quando chegamos a uma região, chamamos essas pessoas para conversar e pensar juntos, de forma transparente.”
O programa Afluentes é a maneira que a Aegea encontrou para conectar os representantes da empresa aos líderes de bairro. “Sistematizamos o ouvir, o que nos dá muita informação, e com isso fazemos diagnósticos para melhorar a qualidade do que entregamos”, diz Amadeo. Por meio do Afluentes, a Aegea apura as principais dúvidas, sugestões e críticas da comunidade nas áreas de suas concessões. Além de influenciar o planejamento estratégico e fomentar atividades de educação ambiental, a empresa promove visitas às estações de tratamento e incentiva a participação nos programas sociais. “Hoje temos até um grupo de WhatsApp para estreitar o caminho e realizamos encontros mensais que agilizam o atendimento das demandas das lideranças comunitárias, de entidades sociais ou associações de moradores participantes.”
Uma das demandas identificadas pela Aegea nesse contato com as comunidades foi a necessidade de recuperar a Lagoa de Araruama, no Rio de Janeiro, totalmente poluída e degradada no início dos anos 2000. Ao longo dos anos, a Aegea investiu 1,2 bilhão de reais na implantação de um sistema de coleta de esgotos na região, que tem 400 000 habitantes, número que sobe para 2 milhões de pessoas no verão. Ainda há muito o que fazer, mas, aos poucos, a situação está melhorando. Desde o início da década, o índice de tratamento de água na região cresceu de 20% para 97%, enquanto o índice de tratamento de esgoto passou de 0% para 77%.
REDUÇÃO DE IMPACTO NA OPERAÇÃO PORTUÁRIA
A Santos Brasil, que atua na movimentação de contêineres em portos, obtém avanços importantes em sua meta de diminuir as emissões de carbono nas atividades | Carlo Cauti
A emissão de gases como o dióxido de carbono é um dos impactos mais significativos das atividades portuárias. Por isso, a Santos Brasil, especializada na movimentação de contêineres em portos, iniciou no ano passado seu primeiro estudo de pegada de carbono. A pesquisa consistiu na análise da movimentação de um contêiner desde sua retirada do navio no litoral paulista, armazenagem no pátio, entrega no centro de distribuição em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, até seu retorno ao centro logístico no Guarujá. Com base na análise do ciclo de vida da movimentação de contêineres, a Santos Brasil pretende “precificar” suas emissões, preparando-se para ingressar futuramente no mercado de carbono. “As ferramentas e os resultados desse projeto estão sendo utilizados, principalmente, como estratégia de gestão”, diz Antonio Carlos Sepúlveda, presidente da Santos Brasil. “Em um contexto de investimentos, expansão e reestruturação, torna-se possível contar com os resultados da análise de ciclo de vida, para garantir que numa tomada de decisão sejam considerados não apenas os riscos econômicos mas também os socioambientais.”
No ano passado, o volume total de emissões das operações da Santos Brasil, de 31 500 toneladas de carbono, foi levemente superior (0,38%) ao do ano anterior. Essa pequena alta, de acordo com a empresa, se deveu ao aumento das atividades de armazéns e à revisão da metodologia de apuração. Quando se fala em movimentação de contêineres, porém, o indicador mais importante é o da emissão de carbono por TEU (medida usada para calcular o volume de um contêiner). Nesse aspecto, a Santos Brasil conseguiu avançar no ano passado. Suas operações portuárias tiveram intensidade de emissões de 14,85 quilos de carbono por TEU, uma queda de 3% em relação ao ano anterior. As emissões por palete movimentado diminuíram de 0,63 quilo de carbono para 0,53 quilo, uma redução de 16%.
A Santos Brasil tem buscado reduzir suas emissões também em outras frentes. Desde o fim de 2014, o programa Frota Verde diminuiu em 8% as emissões de gases de efeito estufa por quilômetro rodado dos veículos. A frota própria, de 135 caminhões e 226 reboques, passa anualmente por testes para manter o nível mínimo de emissões. Além disso, 100% da frota usa o diesel S-10, menos poluente do que o diesel S-50 disponível no mercado. “Sabemos das preocupações de nossos clientes com as questões socioambientais e procuramos identificar os pontos onde há mais emissões de carbono para atuar em sua redução”, diz Sepúlveda.