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Nova loja da Dengo deixa Faria Lima mais doce

A Dengo, marca de chocolate premium com produção de impacto social, abre loja-conceito no condado paulistano e acelera expansão

Estevan Sartoreli, presidente da Dengo: breakeven nos próximos meses e internacionalização da marca (Germano Lüders/Exame)

Estevan Sartoreli, presidente da Dengo: breakeven nos próximos meses e internacionalização da marca (Germano Lüders/Exame)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 5 de novembro de 2020 às 05h20.

Última atualização em 5 de novembro de 2020 às 12h34.

A vida passa apressada na Faria Lima, coração empresarial e financeiro de São Paulo, com suas mais de 2.000 empresas, de gigantes como Google, Itaú e BTG Pactual a gestoras de investimentos, escritórios de advocacia e startups. A avenida já anda com certo movimento, passada a fase mais aguda do isolamento de quem ainda podia se resguardar. Mas logo ali no comecinho, no número 196, um charmoso prédio de quatro andares, de madeira laminada colada importada da Áustria e com detalhes em vermelho, se propõe a ser um espaço de descompressão, indulgências e aconchego em meio a tanto corre-corre. É lá que funciona a nova loja-conceito da Dengo, marca de chocolate premium criada há apenas três anos e que já conquistou o paladar de quem pode pagar quatro vezes o valor de um Nestlé.

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A ideia é que o espaço, com entrada gratuita, vire um ponto turístico de São Paulo. Com inauguração prevista para 6 de novembro, a loja terá sacos de amêndoas de cacau espalhados pelo primeiro andar com finalidade decorativa. Um vídeo de 5 minutos com óculos de realidade virtual mostra como é a produção do cacau na sombra da Mata Atlântica da costa sul da Bahia. Uma confeitaria com 18 sobremesas e café mineiro de pequenos produtores deve atrair os “faria limers” no break do expediente.

O segundo andar é voltado para a diversão das famílias nos fins de semana. A sorveteria oferece cacauí, um creme feito da polpa do cacau que lembra o açaí. No espaço Meu Dengo, crianças podem fazer o chocolate como quiserem, escolhendo entre ao leite e concentrações maiores de cacau e frutas. No terceiro andar fica um bar que servirá drinques com mel de cacau e destilados nacionais. Aliás, essa é uma premissa. “Só entram aqui produtos brasileiros”, diz Estevan Sartoreli, CEO da Dengo. Há espaço lá para a apresentação de queijos, cafés e mesmo outros chocolates bean to bar (“do grão para a barra”, na tradução do inglês), de produção controlada, apenas com cacau, açúcar (pouco) e leite (quando necessário) como matérias-primas, e sem adição de aromatizantes nem gordura hidrogenada.

Lucrativa e sustentável
A Dengo foi fundada em 2017. No início, a produção era feita em Schwyz, na Suíça. A primeira sede foi em um sobrado de 120 metros quadrados, no Brooklin, em São Paulo. “Tivemos de tirar as janelas para os equipamentos entrarem”, lembra Sartoreli. De lá para cá, o crescimento foi exponencial. A ­Dengo hoje vende cerca de 18 toneladas por mês e fatura estimados 50 milhões de reais por ano. Com 19 lojas, deverá abrir mais uma até dezembro, em Ilhéus, onde fica a maior parte de seus fornecedores de cacau.

Loja-conceito na Faria Lima: entrada gratuita e intenção de se tornar ponto turístico de São Paulo (Germano Lüders/Exame)

A Dengo procura aproximar pequenos e médios produtores do consumidor final, gerando impacto social. A empresa paga de 70% a 160% mais do que o quilo de cacau negociado em bolsa, desde que o cacau tenha boa procedência e tenha passado por bons processos de secagem das amêndoas. Se for orgânico, melhor ainda. Para isso, a Dengo faz um trabalho de capacitação com os produtores.

A avaliação dos grãos para a compra é feita pelo Centro de Inovação do Cacau na Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus, que também teve investimento da empresa. De certa forma a Dengo segue os passos da Natura na busca de uma cadeia produtiva sustentável. O sócio majoritário da marca de chocolates é Guilherme Leal, copresidente do conselho de administração da Natura. Leal e Sartoreli são os fundadores da empresa, que conta ainda com outros quatro sócios.

A Dengo até que se saiu bem em 2020. Com melhorias nas ferramentas do site e streaming de vendas ao vivo, o comércio online passou de uma fração desprezível a 32% do total. Dessa forma, as vendas do terceiro trimestre já superaram as de 2019. “Acredito que no ano que vem esse número se estabilize entre 20% e 25%. A experiência de loja faz a diferença em nossos produtos”, afirma Sartoreli. O breakeven do investimento, previsto para 2023, deverá ser atingido nos próximos meses. A próxima meta é a internacionalização da marca, no início para paí­ses vizinhos da América do Sul. “O nome Dengo, de pronúncia quase universal, certamente vai ajudar”, afirma Sartoreli.

(Arte/Exame)

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