Revista Exame

Novas criptomoedas trazem inovação e encorajam diversificação

A tecnologia fez disparar as opções para pegar carona na valorização de criptoativos: o potencial é enorme, mas é preciso avaliar os riscos

IPO da corretora de criptos Coinbase na Nasdaq em 2021 demonstrou interesse crescente de investidores pela classe de ativos (Michael Nagle/Getty Images)

IPO da corretora de criptos Coinbase na Nasdaq em 2021 demonstrou interesse crescente de investidores pela classe de ativos (Michael Nagle/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 20 de janeiro de 2022 às 05h31.

Retornos estratosféricos proporcionados pelo bitcoin tiveram papel fundamental na popularização dos criptoativos. A moeda subiu mais de 4.600% em seis anos e mostrou o tamanho do potencial do mercado. Mas concentrar as fichas no mais conhecido dos criptoativos já não é a melhor forma de pegar carona no crescimento dessa indústria.

Novas moedas trazem inovação adicional e encorajam a diversificação de portfólio. É um movimento que ganha tração: a participação do bitcoin caiu de 90% para 40% do valor de mercado total das criptomoedas desde 2015.

“O bitcoin é a porta de entrada para o mundo de criptos. Quando o investidor começa a entender o que é, passa a conhecer outras teses, que chamam tanta a atenção quanto o bitcoin há algum tempo”, afirma João Marco Cunha, gestor da Hashdex. O ether vem liderando a nova onda e já responde pelo equivalente a 20% do valor de mercado de criptos.

As duas criptomoedas, vale dizer, têm funções e propostas diferentes. Enquanto o bitcoin foi criado como um meio de pagamento e, ao longo do tempo, se transformou em reserva de valor em razão de sua oferta limitada, o ether é a criptomoeda nativa da rede Ethereum, uma plataforma de contratos inteligentes em blockchain.

Toda a grandeza do bitcoin e do ether, porém, já é apontada por alguns especialistas como fator de limitação de seu crescimento. Vinicius Bazan, analista da casa de análises Empiricus, diz que as oportunidades de maiores ganhos atualmente estão em criptomoedas menores, as chamadas alt­coins.

“Assim como na bolsa, o potencial de uma small cap costuma ser maior do que de uma Petrobras ou Vale”, afirma. Criptoativos atrelados a NFTs, que usam a tecnologia blockchain para autenticar itens digitais (ou digitalizados), também estão entre as apostas de um número crescente de investidores pela sua capacidade de expressiva valorização. Um dos usos mais comuns de NFTs na atualidade são os itens de jogos de videogame.

Um dos games populares é o Axie Infinity, cuja criptomoeda AXS subiu mais de 17.000% em 2021. São produtos cada vez mais acessíveis ao investidor de varejo: corretoras no exterior, como a Coinbase, e no Brasil ampliam a oferta de olho na demanda em alta.

“Combinamos diferentes temas, como finanças descentralizadas, NFTs e as chamadas gamecoins, ligadas aos jogos de videogame baseados em blockchain, no fundo. É uma carteira diversificada”, conta George Wachsmann, head de investimentos da gestora Vitreo (da mesma holding que controla a EXAME), sobre o fundo Vitreo Criptomoedas.

Lançado em 2020, o produto acumula mais de 500% de rentabilidade. “O maior peso em ether e a aposta em Axie Infinity foram nossos grandes acertos”, diz. 

(Arte/Exame)

Identificar a próxima Axie Infinity não é tarefa trivial. O primeiro desafio é a variedade crescente de criptomoedas no mercado: são cerca de 10.000 em circulação. Cunha, da gestora Hashdex, explica que um fator crucial para o investidor levar em conta ao fazer a seleção é o valor de mercado de cada moeda.

“Quanto menor o valor, maiores a volatilidade e o risco. A diferença entre a volatilidade do bitcoin e do ether já é bastante expressiva, mas, em relação às menores, é gritante. Um ano no mercado de cripto pode parecer uma década”, afirma o gestor.

A alta pode superar 1.000% em um dia, e a queda, 95% em outro. Foi o que ocorreu nos primeiros dias de negociação da criptomoeda spongebob square, recém-lançada em homenagem ao personagem de desenho infantil Bob Esponja. Sua proposta: ser (mais) um meme no universo de criptos.

Para reduzir os riscos de colocar recursos em criptoativos que podem colocar literalmente tudo a perder, Bazan recomenda ao investidor fazer a lição de casa: estudar a cripto que despertou o interesse. Conhecer a tecnologia, saber quem está por trás, o cronograma de entregas e a utilidade da moeda são os primeiros aspectos a ser analisados.

Com as informações em mãos, é preciso comparar com criptomoedas semelhantes, porém em estágio mais maduro. “O ativo tem de ser consistente e estar com um preço atraente para a compra”, resume. Por fim, investir em criptos menores não significa abandonar totalmente as mais consolidadas. A razão é que manter parte das apostas nas “líderes” é essencial para capturar todo o crescimento do mercado, cujo potencial é ainda elevado.

“Falta muito desenvolvimento para que os criptoativos entrem no dia a dia das pessoas. O estágio atual é comparável ao da internet nos anos 1990. Hoje, ninguém se dá conta de que Uber e WhatsApp­ são internet. Ela se tornou tão importante que está em todo lugar, e o mesmo vai acontecer com as criptos em alguns anos”, afirma Cunha.

É uma visão que reforça a perspectiva de que a aposta deve ser feita de olho no longo prazo.

“A valorização de curto prazo é tentadora, mas, se o investidor tirar o dinheiro na primeira vez que o ativo cair, o risco de desperdiçar um bom investimento é grande.” 

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