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“O Brasil atrai, mesmo com o PIB em baixa”

Para o presidente da consultoria de risco e corretora de seguros americana Aon, é possível continuar crescendo no país a despeito do ritmo econômico


	Sede da Aon em Chicago: "Estamos negociando novas aquisições, inclusive no Brasil", afirma Ateve McGill
 (Wikimedia Commons)

Sede da Aon em Chicago: "Estamos negociando novas aquisições, inclusive no Brasil", afirma Ateve McGill (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2014 às 09h53.

São Paulo - A corretora de seguros americana Aon passou incólume pela crise financeira que derrubou empresas do setor financeiro nos Estados Unidos em 2008 graças à sua presença em vários mercados. Atuante em 173 países, a empresa só tem visto o lucro crescer.

É esse resultado que mantém seu valor de mercado em 25 bilhões de dólares. Para Steve McGill, presidente mundial da Aon, o caminho é aumentar a diversificação. “Temos 1,4 bilhão de dólares para isso”, diz McGill, que concedeu a seguinte entrevista a EXAME.

1) EXAME - Nos últimos anos, a Aon cresceu apostando em países emergentes, que agora estão desacelerando. Qual a nova estratégia?  

Steve McGill - Temos negócios em todo o mundo, mas as maiores oportunidades permanecem em mercados como China, Índia, Brasil e África do Sul. A participação de seguros nesses paí­ses ainda é muito baixa. No Brasil, não chega a 6% do PIB, enquanto no Reino Unido é de 14%. 

2) EXAME - Como crescer em um Brasil que desacelera?

Steve McGill - O Brasil não está desacelerando, o PIB é que está. O crescimento do mercado de seguros nem sempre é tão dependente do ritmo do crescimento econômico total do país. A renda no Brasil já aumentou, com forte expansão da classe média, e as empresas estão cada vez maiores e mais complexas. Com o crescimento de 2% do Brasil no ano passado, crescemos 14%. 

3) EXAME - Muitas empresas reduziram as apostas no bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China. Por que a visão da Aon é diferente? 

Steve McGill - Continuamos acreditando nos países do Bric. Fora a Rússia, hoje inviável politicamente, o Brasil e a China continuam como grandes mercados pelo potencial demográfico. E a Índia deve melhorar muito, pois o novo governo quer mudar a regra de participação de estrangeiros nas empresas de seguros, hoje restrita a 26% do capital, para 90%. 

4) EXAME - No passado, a Aon fez grandes aquisições para crescer. Pretende voltar às compras?

Steve McGill - Já fizemos mais de 500 aquisições em nossa história, e as duas maiores foram na época da recessão. Só no Brasil, compramos 12 companhias em dez anos. Há dois anos suspendemos as aquisições porque estava tudo muito caro e agora voltamos às negociações, inclusive no Brasil. Temos 1,4 bilhão de dólares em caixa para crescer. 

5) EXAME - Depois da crise financeira, quais foram os maiores ajustes na gestão de risco?

Steve McGill - A regulação aumentou muito, de forma geral, e as companhias estão deixando mais dinheiro em caixa. Antes, esse capital era reinvestido mais rapidamente nas empresas ou distribuído aos acionistas. 

6) EXAME - É mais fácil vender consultoria e seguros durante a crise, quando há maior preocupação das empresas, ou quando tudo vai bem? 

Steve McGill - Na corretagem de seguros, a tendência é de crescimento maior quando a economia vai bem, pois aumenta a demanda por seguros de saúde e previdência. Mas, em momentos de crise, aumenta a demanda por consultoria de riscos. 

7) EXAME - Como consultor de gestão de risco, qual o primeiro conselho que dá a um novo cliente? 

Steve McGill - Olhe valor, não preço. Serve para toda decisão corporativa.

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