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Lives impulsionam adoções de animais durante a pandemia

Depois do sucesso da campanha Dogs on Zoom nos Estados Unidos, a Pedigree e a Ampara Animal farão encontros virtuais entre pets e humanos brasileiros

Influenciadora Sah Oliveira: a chegada de seu cachorro adotado foi compartilhada com seus seguidores. (Leandro Fonseca/Exame)

Influenciadora Sah Oliveira: a chegada de seu cachorro adotado foi compartilhada com seus seguidores. (Leandro Fonseca/Exame)

MD

Matheus Doliveira

Publicado em 30 de julho de 2020 às 05h53.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 11h54.

No início do mês, uma transmissão ao vivo realizada pela prefeitura do Rio de Janeiro reuniu quase 23.000 pessoas,­ das quais 1.100 disputaram a adoção de 50 animais domésticos, entre cães e gatos de abrigos temporários. O sucesso foi absoluto. Todos foram adotados, e os novos donos receberam os pets em casa poucos dias após a live no Facebook. “As adoções aumentaram muito devido à ansiedade do isolamento social. Além disso, a comodidade de fazer todo o processo online, recebendo o pet em casa, também é um grande incentivo”, diz Roberto de Paula, subsecretário de Bem-Estar Animal da cidade.

Outro serviço da subsecretaria carioca, apelidado de “WhatsApp do bem”, já rendeu 170 adoções virtuais, muito mais do que os eventos físicos pré-pandemia conseguiam registrar. A tendência que começa a ficar popular no Brasil já é uma realidade em outros países. Depois do sucesso da campanha Dogs on Zoom nos Estados Unidos, que promoveu a adoção de cachorros por meio do aplicativo de chamadas de vídeo Zoom, a marca de ração Pedigree também fará encontros virtuais entre pets e humanos brasileiros, em parceria com a ONG Ampara Animal. A expectativa da entidade é fazer duas lives por semana durante todo o mês de agosto.

De acordo com Juliana Camargo, presidente e fundadora da Ampara Animal, a procura por adoções aumentou pelo menos 30% desde o início da pandemia. Dona de 12 pets, ela acredita que o maior número de interessados em adotar reforça o companheirismo dos animais, o que pode ajudar a atravessar a quarentena com mais tranquilidade. “Nas duas lives que realizamos até agora percebemos que o número efetivo de pessoas que levam um animal é muito superior ao de eventos presenciais. Isso porque as pessoas que entram em uma sala de transmissão desse tipo já chegam querendo de fato adotar.”

Foi o caso de Sah Oliveira, influenciadora digital que não só adotou mas também compartilhou pela internet a chegada de seu cachorro, Akin. Até mesmo o nome do cão foi escolhido por um de seus 269.000 seguidores numa enquete no Instagram. “Akin é um nome de origem africana que significa ‘valentia, heroísmo’ ”, diz. Esses adjetivos também foram utilizados pela agência de publicidade Havas Plus numa campanha da Ampara com o objetivo de aumentar o número de adoções durante a pandemia. Na peça, os pets são vendidos como os “heróis da quarentena”. “Os animais proporcionam uma interação real para quem está em isolamento. Eles trazem um novo propósito para as pessoas”, afirma Alexandre Vilela, chefe da campanha.

A influencer mora com os pais, mas está se mudando para um novo apartamento, onde viverá sozinha ou, pelo menos, sem outros seres humanos. Em breve, o cachorro será sua única companhia no dia a dia. “A quarentena me mostrou a necessidade de ter uma companhia. Eu converso com o Akin como se ele fosse uma pessoa”, diz.

Na mesma mão em que as adoções passaram a ser feitas virtualmente, a seleção dos interessados em adotar também ficou mais rigorosa. O processo pode contar com mais de uma entrevista via Zoom, além de vídeos e fotos da residência dos candidatos. Sem redes na janela, por exemplo, nada de levar o animal para casa. “Quando a gente explica as responsabilidades que vêm com a adoção, muita gente desiste. Os cuidados não vão até o final da quarentena, eles se estenderão durante toda a vida do bicho”, diz Juliana Camargo, da Ampara.

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