Revista Exame

A moda vai ao museu: Wanda Ferragamo é homenageada em exposição em Florença

Exposição no museu da marca em Florença mostra a trajetória pessoal e profissional de mulheres nos anos 1960

Foto da mostra: manifestação em Milão em 1962 a favor do direito ao divórcio. (Divulgação/Divulgação)

Foto da mostra: manifestação em Milão em 1962 a favor do direito ao divórcio. (Divulgação/Divulgação)

JS

Julia Storch

Publicado em 22 de julho de 2022 às 06h00.

Assim como a Salvatore Ferragamo, a vida de Wanda Miletti Ferragamo, ex-estilista e CEO da maison, foi dividida em dois capítulos. Na primeira parte de sua vida, Wanda era esposa, mãe de seis filhos e dona de casa. Porém, em 1960, com o falecimento do marido, a matriarca foi incumbida de mais uma função: assumir o comando da marca italiana. “Eu nunca havia trabalhado antes na minha vida e não tinha ideia de por onde começar. Além disso, eu não tinha treinamento para isso. Foi um desafio conseguir um equilíbrio entre as responsabilidades de educar os filhos enquanto aprendia meu novo papel na empresa”, disse Wanda Ferragamo.

Quatro anos após sua morte, o Museu Salvatore Ferragamo, em Florença, inaugura a mostra Women in Balance (1955-1965). Dividida em nove partes, a mostra homenageia não só o legado de Wanda mas o de profissionais de diversos segmentos que se destacaram em seus campos de atua­ção. “Como Wanda raramente falava de si mesma e se mostrava relutante para assumir o crédito pelo sucesso da marca ao longo das últimas seis décadas, essa exposição tem como objetivo mostrar quem ela realmente era. Ao mesmo tempo, como ela teria insistido, dá visibilidade para as histórias de outras mulheres que, entre o final da década de 1950 e o início da década de 1960, equilibraram a vida pessoal e a profissional”, diz Stefania Ricci, curadora da exposição, diretora do Museo Salvatore Ferragamo e da Fondazione Salvatore Ferragamo.

Foi a partir da entrada de Wanda na marca que a Ferragamo se transformou de uma pequena empresa, baseada no artesanato, para uma grande maison. Segundo Ricci, foi pelo trabalho de Wanda que o sonho de Salvatore Ferragamo foi rea­lizado. “Ela expandiu para uma grife que veste mulheres e homens dos pés à cabeça, e ampliou a distribuição da Ferragamo, garantindo a presença da marca em 90 países com uma rede de lojas monomarca e mais de 4.000 funcionários”, comenta.

Com cenários montados pelo cenógrafo Maurizio Balò, outras seções da exposição foram inspiradas na casa de uma família burguesa da época. A lavanderia, a biblioteca, a cozinha, a sala de estar, o quarto dos adolescentes e o guarda-roupa revelam as mudanças ocorridas nas famílias italianas de 1955 a 1965, à medida que a urbanização esvaziava o campo. Como a cozinha, que se tornou um espaço para as donas de casa transmitirem as tradições culinárias locais e familiares. No cômodo exibido está em destaque o livro de receitas de Wanda Ferragamo.

Como muitas mulheres que vivem duplas jornadas, Wanda sempre reiterou como gostaria de ser lembrada. “Acima de tudo, como mãe, uma mãe que assumiu o negócio”, disse.

Women in Balance (1955–1965) | Palazzo Spini Feroni, Florença | Até 18 de abril de 2023


CINEMA

De olho na tela 

Daniel Kaluuya em Não! Não Olhe!, escrito and dirigido por Jordan Peele (Divulgação/Divulgação)

Com o governo americano tornando públicos arquivos sobre ovnis, não há momento mais oportuno para o lançamento de Não! Não Olhe!. No longa dirigido por Jordan Peele, o assunto sobre alienígenas paira no ar da Califórnia, mais especificamente em uma nuvem onde se esconde uma nave que pode fazer estragos na Terra. Apontado como o Alfred Hitchcock atual, pela atenção aos detalhes e narrativas com turning points, as produções de Peele incluem temas como racismo e xenofobia.

Não! Não Olhe! | Com Daniel Kaluuya, Keke Palmer e Steven Yeun | Universal Pictures | 25 de agosto nos cinemas


LITERATURA

A voz da  menina mulher 

(Divulgação/Divulgação)

Mainá é o nome de um pássaro asiático, grande imitador dos sons de outras aves e da fala humana, como diz a personagem principal do livro Mainá, que batiza a mais recente publicação da cantora e compositora baiana Karina Buhr.

Ainda menina, Mainá é uma vidente que transita entre histórias, lendas, cordéis do passado e do futuro que consegue viver. Além desta publicação, Buhr é autora do livro de poemas Desperdiçando Rima (2015) e lançou até agora quatro álbuns, incluindo o aplaudido Desmanche (2019).

Mainá | Karina Buhr | Editora Todavia | 64,90 reais


MÚSICA

DE VOLTA AOS PALCOS

Depois de quatro anos sem se apresentar, Chico Buarque inicia turnê por 11 capitais brasileiras

Chico Buarque: depois de quatro anos sem se apresentar, turnê por 11 capitais brasileiras (Mauro Pimentel/AFP/Getty Images)

Dedicado à literatura nos últimos anos, Chico Buarque retorna aos palcos com a turnê Que Tal um Samba?. De 6 de setembro a 2 de abril, após quatro anos sem se apresentar, o cantor passará por 11 cidades brasileiras: João Pessoa, Natal, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Salvador, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, onde encerrará as apresentações.

O palco não será só de Chico. A cantora Mônica Salmaso irá acompanhá-lo em duetos e também fará solos nas apresentações. A parceria não é de hoje. Em 2007, Salmaso regravou canções de Chico no disco Noites de Gala, Samba na Rua, pelo qual foi indicada ao Grammy Latino na época.

O retorno de Chico foi marcado também pelo lançamento da música que batiza a turnê, após cinco anos sem novidades. “Que tal um samba?” é uma pergunta retórica para contornar o contexto político nacional, “juntar os cacos, ir à luta”, ao passo que o dia a dia continua em versos como “ver um batuque lá no cais do Valongo, dançar o jongo lá na Pedra do Sal, entrar na roda da Gamboa”. Para ouvir e cantar pelos próximos meses.  

Que tal um samba? | Chico Buarque | De 6 de setembro de 2022 a 2 de abril de 2023 | Ingressos à venda

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