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“É mais fácil investir no Brasil que na China”, afirma Toru Yamashita

Difícil, diz o presidente da japonesa NTT Data, é gerenciar os negócios no mercado brasileiro, com suas idiossincrasias, como a indústria dos processos trabalhistas

Toru Yamashita: “Temos 1 bilhão de dólares para investir nos próximos dois, três anos” (Omar Paixão/EXAME.com)

Toru Yamashita: “Temos 1 bilhão de dólares para investir nos próximos dois, três anos” (Omar Paixão/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2011 às 05h00.

São Paulo - A NTT data é o braço da área de TI do grupo japonês NTT, um colosso da área de telecomunicações com faturamento de 100 bilhões de dólares, o dobro do da Vale, o maior grupo privado brasileiro.

A empresa começou a operar no Brasil em junho com a compra da italiana Value Team, que conta com dois data centers no país, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro, e 600 funcionários.

Em visita a São Paulo, Toru Yamashita, presidente da NTT Data, disse que ainda tem muita munição: planeja investir 1 bilhão de dólares até o final de 2014.

1) EXAME - A NTT Data acabou de colocar o pé no Brasil com a compra da Value Team. É o primeiro passo? 

Toru Yamashita - Temos três objetivos. Primeiro, prestar serviço para as empresas japonesas no Brasil. Segundo, marcar presença num mercado de forte crescimento. E, por último, montar uma base no país para olhar outros mercados na região.  

2) EXAME - Foi difícil convencer o seu conselho de administração a investir no Brasil? 

Toru Yamashita - Há muito tempo planejamos investir aqui. Pensamos em aplicar diretamente, mas, há três anos, fizemos uma due diligence numa empresa e constatamos que ela tinha mais de 100 processos trabalhistas.

Isso porque as leis aqui são muito rígidas. Como não podíamos ter esse tipo de problema, resolvemos comprar a Value Team, uma empresa italiana com operação no Brasil que já sabia como evitar algumas questões típicas do mercado local.  

3) EXAME - É difícil investir no Brasil? 

Toru Yamashita - Não. É mais fácil do que na China, onde os estrangeiros não podem ter um data center e existem restrições à participação de investidores externos nos negócios.


No Brasil, não há nada disso. O difícil aqui não é entrar, mas sim gerenciar os negócios devido a peculiaridades, como a severa lei trabalhista, algo que nunca vimos em outros lugares.  

4) EXAME - No Brasil, a Value Team tem um faturamento de 60 milhões de dólares. Não é pouco para vocês?

Toru Yamashita - A nossa meta é fazer com que o faturamento na região da América do Sul, onde o Brasil é o grande destaque, chegue a cerca de 1 bilhão de dólares em dois ou três anos. Como vamos fazer isso? Vamos fazer fortes investimentos aqui. 

5) EXAME - O que significa “ fazer fortes investimentos”? 

Toru Yamashita - Até o final de 2014, vamos aplicar 1 bilhão de dólares na compra de companhias. Isso representa um terço do total que temos para investir no exterior, incluindo mercados emergentes e maduros.

Nossa equipe local está envolvida em negociações. Nós, da matriz, também estamos, mas numa outra esfera. É possível que compremos uma companhia global que tenha uma importante operação no Brasil. 

6) EXAME - A estratégia é crescer aqui? 

Toru Yamashita - Temos cinco vetores: América do Norte, Europa, China, o restante da Ásia e a América do Sul. A América do Norte já fatura acima de 1 bilhão de dólares por ano. A Europa está perto. As outras regiões ainda estão longe.  

7) EXAME - Por que tão poucas empresas japonesas têm investido no Brasil? 

Toru Yamashita - Haverá um aumento considerável em breve. Nossa presença é importante para que um número maior venha. Como temos capital aberto, não posso falar muito sobre as outras companhias do grupo, como a NTT DoCoMo. O que posso dizer é que o grupo NTT não vai deixar o Brasil em paz.

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