Revista Exame

Do sonho ao sucesso: as empresas que mais crescem no país, no ranking Negócios em Expansão 2023

As histórias de quem está à frente das 335 empresas selecionadas para o ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, o maior anuário de empreendedorismo do Brasil

Alex Sales, da Alumbra: de corretor de imóveis para empreendedor no mercado imobiliário de Balneário Camboriú (Leandro Fonseca/Exame)

Alex Sales, da Alumbra: de corretor de imóveis para empreendedor no mercado imobiliário de Balneário Camboriú (Leandro Fonseca/Exame)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 28 de julho de 2023 às 06h00.

Última atualização em 4 de março de 2024 às 22h56.

O empreendedor paulistano Martin Luther Candido e Silva ganhou o primeiro computador em 1995, quando ainda era um adolescente com muitos sonhos. As horas à frente do micro deram a ele a certeza de estudar sistemas de informação na faculdade. Uma trajetória profissional bem-sucedida no departamento de tecnologia de empresas como o banco JPMorgan e a fabricante de cosméticos Natura teve fim em 2015. Na época, ele viu ao redor uma porção de negócios que sofriam com os desafios da chamada transformação digital. Foi o embrião da Biti9, empresa fundada por ele para criar softwares para automação de processos corporativos.

A também paulistana Jessica Gordon é uma empreendedora de primeira viagem. Em 2018, às voltas com a percepção de faltarem bons serviços para entregar de tudo na casa dela, Jessica trocou uma carreira em recursos humanos em negócios como a empresa de recrutamento Catho e o conglomerado Votorantim para abrir o Bebida na Porta, um aplicativo cuja função é conectar fabricantes de cervejas, vinhos e destilados ao consumidor final. Depois de ir à falência com uma empresa de transportes, o mineiro Alex Sales recomeçou a vida praticamente do zero ao mudar-se para Balneário Camboriú, no litoral catarinense, há pouco mais de seis anos. Vivendo como corretor de imóveis, ele viu de perto a cidade virar a “Dubai brasileira” — sete dos dez prédios mais altos do Brasil estão por ali. Foi o gatilho para voltar a empreender com a Alumbra, uma incorporadora de alto padrão, o carro-chefe das imobiliárias locais.

Martin Luther, Jessica e Alex fazem parte de um grupo seleto: o dos empreendedores que vislumbraram uma oportunidade de ganhar dinheiro e correram atrás do próprio sonho. Trata-se de um empreendedorismo de alto impacto e, normalmente, conectado a tecnologias de ponta. Até por isso, o Brasil entra cada vez mais na rota de grandes eventos internacionais. No primeiro semestre de 2023, o país sediou dois dos principais festivais de inovação: o espanhol South Summit (a edição brasileira foi em março, em Porto Alegre) e o português-irlandês Web Summit, que colocou os pés por aqui em maio, no Rio de Janeiro.

Num país como o Brasil, cuja economia foi assolada por sucessivos choques nos últimos dez anos, a figura do empreendedor nunca foi tão importante. Perto de 30% do PIB vem daí. Nos três primeiros meses do ano, 83% dos postos de trabalho foram abertos por micro e pequenas empresas, alta de seis pontos percentuais em relação a 2021.

(Arte)

Em meio às boas notícias, uma ponderação. Em razão da pandemia, o perfil de quem foi atrás do próprio sonho empreendedor perdeu espaço para o de quem precisou ter um negócio por falta de uma renda assalariada. Em 2022, 47% dos brasileiros com algum CNPJ tinham aberto a empresa por causa de uma necessidade de renda, segundo dados do Sebrae. São três pontos percentuais a menos do que em 2020, no auge da crise sanitária, mas muito acima de 2013, quando a economia vivia um ciclo de expansão puxado pelo mercado de consumo. Na ocasião, 28% dos empreendedores estavam ali empurrados pela falta de emprego. 

Para além de destoarem do cenário macro, as histórias de Martin, Jessica e Alex são singulares pelo fato de eles estarem, agora, colhendo os frutos de muito esforço à frente de seus negócios. Eles estão entre os empreendedores selecionados para a segunda edição do ranking Negócios em Expansão 2023, um anuário idea­lizado pela EXAME — em parceria com o banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) e com suporte técnico da auditoria e consultoria PwC Brasil — para jogar luz sobre os negócios mais promissores da economia brasileira.

Palco do festival Web Summit no Rio de Janeiro, em maio: o Brasil na rota do empreendedorismo de impacto (Vaughn Ridley/Web Summit Rio/Divulgação)

Em 2023, um total de 335 empresas atendeu a todos os critérios técnicos para estar no ranking. É uma alta de 63% em relação à primeira edição, no ano passado. O anuário ficou também mais abrangente: negócios de 22 unidades da federação, de todas as regiões do país, estão representados nas próximas páginas. No ano passado foram 17. “O ranking é uma celebração do empreendedor brasileiro, que batalha diariamente para fazer crescer seu negócio e gerar riqueza, emprego e renda”, diz Rogério Stallone, sócio do BTG Pactual e head do BTG Empresas. Nas próximas páginas, veja a lista completa das empresas selecionadas para o ranking e conheça as histórias de quem fez a diferença, e continua fazendo, na economia brasileira.


Metodologia

O ranking Negócios em Expansão 2023 começou a ser desenhado em março, com a abertura das inscrições. Em 2023, o ranking apurou o crescimento das empresas ao longo do ano de 2022. Estavam aptos a participar negócios de setores variados, com CNPJ aberto no Brasil e uma receita operacional líquida entre 2 milhões e 300 milhões de reais ao fim de 2022. Assim como na primeira edição, para participar do anuário, os tomadores de decisão nas empresas precisaram compartilhar documentos contábeis, como a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e o balanço financeiro da empresa — ambos assinados por um profissional de contabilidade. A documentação foi analisada por uma equipe técnica da PwC Brasil para atestar a veracidade das informações e o cumprimento dos quesitos para participar do ranking.

Numa etapa seguinte, os times de BTG, EXAME e PwC Brasil analisaram o perfil das empresas, em busca de pontos sensíveis sob a ótica do compliance. O trabalho serviu de base para o anuário de empresas listadas nas páginas a seguir, ordenadas conforme o ritmo de expansão dos negócios em 2022. Quanto maior o crescimento percentual da receita operacional líquida da empresa no ano passado, na comparação com 2021, mais bem colocada ela ficou no ranking. Mais de 50% das empresas classificadas no ano passado também estão no anuário neste ano. “São indicadores positivos e que denotam o interesse das empresas na comunicação e divulgação de seus negócios e resultados ao mercado”, diz Elisa Simão, sócia da PwC Brasil.

O grupo de 335 empresas que atenderam a todos os requisitos para estar no ranking foi dividido em cinco categorias. Quatro delas consideram o porte do negócio e buscam refletir algumas nuances importantes do universo empreendedor. A primeira é a dos negócios com receita operacional líquida entre 2 milhões e 5 milhões de reais. É o caso de empresas com poucos anos de operação e, em muitos casos, ainda enquadradas no Simples Nacional, um regime tributário com regras facilitadas para declaração. Em 2023, 59 empresas estão nesta categoria. A seguir, o anuário traz negócios com receitas de 5 milhões a 30 milhões de reais. Neste ano, 137 empresas estão nesse patamar, em que não é raro encontrar negócios em fase de expansão acelerada — são as chamadas scale-ups. A terceira categoria elencou os negócios entre 30 milhões e 150 milhões de reais, donos de um porte mais maduro — já com a cara do “M” de PME. Aqui estão 99 negócios. A categoria de negócios entre 150 milhões e 300 milhões de reais engloba as empresas já a caminho de virar grandes. Em 2023, 26 estão nessa lista. Por fim, o ranking traz a categoria Novatas, que lista os negócios cujos CNPJs foram abertos a partir de 2021. Ou, então, que tinham receitas ínfimas na ocasião e, em 2022, experimentaram um crescimento exponencial nas vendas.

Para além das informações financeiras, o ranking procurou trazer informações úteis para descrever, da maneira mais fidedigna possível, todos os negócios em expansão finalistas. Para compor as tabelas com informações financeiras enviadas pelas empresas, a equipe de reportagem da EXAME apurou dados como site, ano de fundação, descritivo das principais atividades e o setor de atuação. Para este último item, para fins de clareza e concisão, a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae) relatada pela empresa serviu de base para agrupar os negócios nas mesmas categorias do anuário MELHORES E MAIORES, da EXAME, que divide os negócios em cadeias produtivas: Agronegócio, Alimentos e Bebidas, Atacado e Varejo, Bens de Capital e Eletroeletrônicos, Educação e Saúde, Energia, Farmacêutico e Beleza, Imobiliário, Mineração, Moda e Vestuário, Papel e Celulose, Química e Petroquímica, Saneamento e Meio Ambiente, Serviços Financeiros, Siderurgia e Metalurgia, Tecnologia e Mídia, Telecomunicações, e Transporte e Logística. Para refletir de maneira mais precisa algumas cadeias produtivas típicas de PMEs, o ranking Negócios em Expansão 2023 traz dois novos setores: Capital Humano, dos negócios que trabalham com oferta de mão de obra, e Infraestrutura, para fornecedores de produtos ou serviços para a construção civil.

Veja a lista completa das empresas selecionadas para o ranking, nas seguintes categorias:

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