Josué Alencar, diretor da Coteminas: de olho em um mercado global de 500 bilhões de dólares (Germano Lüders/Exame)
Denyse Godoy
Publicado em 24 de setembro de 2020 às 05h54.
Josué Alencar recita os impressionantes números de cor: a cada 30 segundos, morre no mundo um motorista que cochilou ao volante. A capacidade cognitiva de quem dorme menos de 4 horas à noite é igual à de alguém legalmente embriagado. A ciência conhece mais de 100 patologias ligadas a distúrbios do sono. O custo da privação do repouso chega a 411 bilhões de dólares anuais só nos Estados Unidos.
Todos esses achados são fruto do recente crescimento das pesquisas e da preocupação da sociedade com a qualidade do descanso diário.
O maior conhecimento dessa antes menosprezada terça parte da vida de todos nós, aliado ao avanço da tecnologia, fez com que a cinquentenária companhia têxtil Coteminas decidisse abraçar o propósito de ajudar o consumidor a dormir melhor.
A fabricante de roupa de cama, mesa e banho vai usar seus mais de 30.000 pontos de venda — incluindo 240 lojas próprias e franquias das marcas Artex, Santista, MMartan e Casa Moysés — para difundir o projeto Persono, um conjunto de eventos educativos, aplicativo de monitoramento noturno e produtos que facilitam o adormecimento.
“O mercado do sono não é feito só de venda de lençol e travesseiro. Existe uma oportunidade bem maior relacionada às atividades realizadas pelo indivíduo durante o dia que vão afetar o repouso à noite”, diz Alencar, que lidera a companhia fundada na mineira Montes Claros por seu avô, o ex-vice-presidente José Alencar.
“Pensando assim, toda empresa teria condições de transformar seus produtos para melhorar o sono dos clientes. Um restaurante, por exemplo, poderia garantir que as refeições do jantar fossem adequadas a um descanso tranquilo depois.”
A estratégia da Coteminas — unidade brasileira da Springs Global, que é listada na bolsa brasileira B3, tem operações na Argentina e nos Estados Unidos e faturou 668,9 milhões de reais no primeiro semestre de 2020 — segue a tendência mundial das manufaturas de se aventurar pelo varejo e pelos serviços para acelerar a expansão dos negócios. A ambição é grande: tornar-se a primeira multinacional do setor do sono, que em 2019 movimentou 439 bilhões de dólares e deve alcançar 585 bilhões em 2024.