Revista Exame

A nova aposta dos fundos

Fusão na área de combustíveis mostra o apetite dos fundos estrangeiros por setores pulverizados

Ale: mais de 1000 postos em todo o país

Ale: mais de 1000 postos em todo o país

DR

Da Redação

Publicado em 21 de fevereiro de 2011 às 19h36.

Um movimento liderado pelos fundos de private equity -- formados por investidores dispostos a colocar dinheiro em empresas emergentes -- vem mudando o perfil de alguns mercados no país. Graças ao aporte de capital dos fundos, muitos deles estrangeiros, diversos setores da economia antes pulverizados estão agora sofrendo um intenso processo de consolidação. O exemplo mais recente do fenômeno foi protagonizado nos últimos dias pelo fundo americano Darby, dono de um patrimônio de 2 bilhões de dólares.

Sua atuação foi decisiva para selar a fusão entre as distribuidoras de combustível Ale, de Minas Gerais, e Sat, com sede no Rio Grande do Norte. Juntas, as duas empresas vão faturar 4,5 bilhões de reais neste ano e terão uma rede de 1 048 postos. A escolha do setor de combustíveis segue justamente a lógica das oportunidades da consolidação. O mercado é um dos mais pulverizados do país. São 500 redes em operação, a maioria formada por estabelecimentos "bandeira branca" (sem vínculos com uma única distribuidora). "Estamos atrás de retornos agressivos", diz Piero Mainardi, diretor do Darby para o Cone Sul.

A estratégia do Darby, fundado há uma década por Nicholas Brady, ex-secretário  do Tesouro americano, é a mesma adotada por investidores nacionais como o banco Pátria. A idéia é formar grandes empresas em setores nos quais o mercado encontra-se altamente pulverizado, com um grande número de competidores -- vários deles de pequeno porte. Hoje, o investimento que dá mais retorno ao Pátria é fruto de uma consolidação realizada no setor de laboratórios de análises clínicas. Há cerca de cinco anos, o Pátria compôs o grupo Diagnósticos da América (Dasa) com a fusão de sete laboratórios, como Delboni Auriemo, Lavoisier e Pasteur. Até 2004, o valor de mercado da companhia era de 1,1 bilhão de reais. Com a entrada da Dasa na bolsa de valores, as ações subiram 158% e hoje a empresa vale 2,8 bilhões de reais.

No caso da Alesat, nome provisório da nova companhia de combustíveis, o Darby vai ficar com 20% das ações. Desde que o fundo passou a investir na Sat, há três anos, a empresa aumentou seu tamanho cinco vezes. Como não poderia deixar de ser, a idéia é crescer -- e rápido. A rede Alesat pretende chegar a 2010 com faturamento de 6 bilhões de reais e, até lá, os sócios não descartam a abertura de capital para financiar o crescimento (e realizar lucros). "Nos próximos seis meses, vamos integrar totalmente as duas companhias. Assim, reduziremos os custos", diz Marcelo Alecrim, fundador da Sat e presidente da nova rede.

As etapas da fusão
Como o fundo de investimentos americano Darby conduziu a união das distribuidoras Ale e Sat
1 Compra 2 Investimento 3 Negociação 4 Fusão
Em 2003, o Darby comprou 34% da distribuidora Sat, do Rio Grande do Norte, que faturava 840 milhões de reais No mesmo ano, o fundo anunciou um aporte no valor de 10 milhões de dólares no capital da empresa Em 2004, os americanos passaram a negociar a fusão da Sat com a concorrente Ale, de Minas Gerais Nasce em 2006 a Alesat, com faturamento de 4,5 bilhões de reais por ano. O Darby tem 20% das ações
Acompanhe tudo sobre:Aleaplicacoes-financeirasAtacadoComércioEmpresasEmpresas brasileirasFundos de investimentoMercado financeiroPrivate equity

Mais de Revista Exame

Linho, leve e solto: confira itens essenciais para preparar a mala para o verão

Trump de volta: o que o mundo e o Brasil podem esperar do 2º mandato dele?

Ano novo, ciclo novo. Mesmo

Uma meta para 2025