Emilio Rubio: "A expansão dos vídeos sob demanda depende da melhoria da infraestrutura de banda larga" (Divulgação/Exame)
Eduardo Salgado
Publicado em 7 de setembro de 2017 às 05h56.
Última atualização em 8 de setembro de 2017 às 12h53.
São Paulo — Com 23 anos de experiência no canal HBO, Emilio Rubio, presidente para a operação na América Latina, tem pela frente o que deve ser o maior desafio de sua carreira: tornar o app da HBO popular na região. A estratégia é manter a presença nos canais tradicionais por assinatura e também chegar diretamente à parte do público com a opção digital. Leia a seguir trechos da entrevista que Rubio concedeu a EXAME por telefone.
Exame - Qual é o tamanho do impacto das plataformas digitais na indústria da televisão?
Rubio - É enorme. É algo que não pode ser medido pelos números de audiência hoje. Os números não mostram ainda um movimento dramático. Mas, indiscutivelmente, esse é o movimento que veremos crescer nos próximos anos. Essa é uma questão à qual todas as empresas do setor precisam dar atenção. Afinal, todos estamos competindo pelo tempo que as pessoas investem em entretenimento.
Exame - Em que estágio está o mercado latino-americano?
Rubio - Em regiões nas quais a penetração da banda larga é maior, como nos Estados Unidos, a transição começou há mais tempo. No entanto, na América Latina o ritmo de crescimento das assinaturas de TV a cabo é inferior ao ritmo de crescimento do número de usuários de banda larga. Isso também mostra uma elevação do consumo de vídeo na internet.
Exame - Esse é um movimento que afeta a todas as empresas de TV indistintamente?
Rubio - Nem todas conseguirão fazer essa transição para o digital. Tudo vai depender de fatores como a força da marca.
Exame - Em sua visão, como deverá ser o setor da TV na América Latina em cinco anos?
Rubio - Teremos as empresas presentes hoje e novos competidores. E veremos os vídeos sob demanda ganhando uma fatia de mercado cada vez maior. Hoje temos 90% do mercado em TV aberta e 10% nos demais segmentos. Em cinco anos, acredito que teremos algo como 60%/40% ou 70%/30%. Tudo dependerá da rapidez com que a infraestrutura de banda larga vai crescer. É por isso que estamos trabalhando em vários mercados para permitir que os consumidores possam comprar apenas o app da HBO. Isso já é possível na Colômbia, no México, na Argentina e, como parte de nossa estratégia de lançamento, será disponibilizada no Brasil num futuro próximo.