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Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 12h46.
São Paulo - Nove meses no comando da segunda maior economia do mundo, e o presidente chinês Xi Jinping já vem sendo chamado, em tom de brincadeira, de Xi Xiaoping, numa alusão a outro presidente, Deng Xiaoping, responsável pela abertura econômica que colocou o país numa rota espetacular de crescimento.
A comparação deve-se à amplitude das reformas anunciadas na reunião de cúpula do Partido Comunista Chinês, em novembro — e, também, à torcida para que ele de fato mude a cara da China. Em 1978, Xiaoping assumiu um país faminto e agrário. Xi está à frente de um país muito mais rico e também mais complexo.
Em 35 anos, a China tornou-se o maior exportador do mundo, tirou 300 milhões de pessoas da pobreza e se transformou na locomotiva do crescimento mundial. Xi sabe que, para manter o ritmo, será preciso encontrar um novo modelo de desenvolvimento.
A combinação de pesados investimentos estatais e exportações fez da China o fenômeno que é — mas o modelo tem dado sinais de esgotamento, com o crescimento saindo da casa dos 10% anuais para os 7,5% de hoje.
Há anos os líderes chineses sabem que o caminho à frente é estimular o consumo interno como motor de crescimento. Mas o desafio sempre foi fazer a transição sem trombadas, já que o modelo anterior tem nos baixos salários um pilar fundamental.
As estatais chinesas estão no centro das reformas planejadas por Xi. Elas terão de aumentar sua eficiência e colaborar com o plano de previdência que o país está criando (fundamental para estimular o consumo). O sistema bancário, sempre candidato a sofrer as consequências da farra de empréstimos às estatais, também será reformado.
Os bancos terão liberdade para definir as taxas de juro cobradas nos empréstimos, por exemplo, e competir pelos clientes. Mas, como tudo que cerca o sistema político chinês, as certezas são poucas, e as dúvidas, muitas.
Xi Jinping será mesmo um reformista à Deng Xiaoping? Ou a expectativa atual será frustrada pela realidade, como na década anterior? A partir de agora, e ao longo dos próximos nove anos de seu mandato, todos aguardarão ansiosamente pela resposta.