Robô ou fantasia? Viradouro revela o segredo da serpente que deslizou pela Sapucaí
A serpente que deslizou pela Marquês de Sapucaí chamou atenção do público, que ficou sem entender se o mecanismo era uma espécie de robô ou se realmente havia alguém fantasiado de cobra
Redação Exame
Publicado em 15 de fevereiro de 2024 às 15h44.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2024 às 15h45.
A Escola de Samba Viradouro superou as expectativas e conquistou o título do Carnaval 2024 no Rio de Janeiro , com 270 pontos. Boa parte do sucesso do desfile na Marquês de Sapucaí foi atrelado aos carros alegóricos, fantasias e a uma particularidade que conquistou o juri: uma cobra gigante que serpenteou pelo sambódromo.
A Viradouro homenageou em 2024a força da mulher preta e o culto ao vodum serpente, com a Dangbé, cobra mítica cultuada no Noroeste da África. A escola cantava por “Arroboboi, Dangbé”, pedindo proteção ao símbolo dos jejes. Na crença africana, a figura do réptil é visto como o poder da regeneração, da vida e do recomeço. O principal objetivo foi desconstruir a palavra "Vudum", que é malvista por muitas pessoas que desconhecem a religião de matriz africana.
A serpente que deslizou pela Marquês de Sapucaí chamou atenção do público, que ficou sem entender se o mecanismo era uma espécie de robô ou se realmente havia alguém fantasiado de cobra. O segredo foi revelado nesta quinta-feira, 15, com uma publicação no Instagram.
Veja como funciona a cobra da Viradouro
A tão famosa cobra era, na verdade, uma fantasia. Dentro dela, o coreógrafo e bailarino Wesley Torquato deslizou pelo sambódromo, em uma estrutura com rodas. A performance rendeu à escola de sambaquatro notas 10 na apuração.
Como foi o desfile da Viradouro?
A escola de samba vermelha e branca foi a última das 12 a desfilar na Marquês de Sapucaí, na madrugada da última terça-feira, 13. Além do culto à Dangbé, a Viradouro também apresentou temas sobre as crenças vuduns dos povos africanos e focou na da irmandade de guerreiras das mulheres pretas da Costa da Mina.
As alegorias da Viradouro encheram a Sapucaí de cor. Além dos carros temáticos— incluindo um que carregava uma imensa cobra dourada —e das fantasias com temas africanos, a escola surpreendeu o público ao trazer, nacomissão de frente, uma enorme serpente que deslizou pelo chão do sambódromo entre os dançarinos. O samba enredo representou a Revolta dos Malês, e incluiu atabaques em seus instrumentos.
Parte dos carros e fantasias foi feita de material reciclado,com ferro-velho do barracão da escola de samba. As fantasias e os carros continham componentes que brilhavam no escuro, posto que o início da apresentação da Viradouro começou de noite e terminou com o nascer do dia. Outras fantasias incluíam fios de barbante, que recriaram a beleza das tribos africanas.