Exame Logo

Jogador brasileiro do Shakhtar pode ser impedido de deixar a Ucrânia

O atacante Junior Moraes é naturalizado ucraniano e já defendeu a seleção do país. Com a lei marcial decretada na Ucrânia após a invasão russa, homens adultos têm sido barrados na fronteira

Junior Moraes: atacante brasileiro é naturalizado ucraniano (Stanislav Vedmid/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2022 às 17h03.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2022 às 17h03.

Um dos 13 brasileiros jogando no Shakhtar Donestk, o atacante Junior Moraes vive uma situação específica na Ucrânia . O jogador é nacionalizado ucraniano desde 2019, e há dúvidas sobre se ele conseguirá eventualmente deixar o país junto aos outros brasileiros após o governo da Ucrânia decretar a chamada "lei marcial".

Com a regra, homens ucranianos acima de 18 anos têm sido majoritariamente barrados nas fronteiras, obrigados a ficar na Ucrânia à disposição do exército. A lei foi decretada na quinta-feira, 24, e estará em vigor por 90 dias.

Veja também

Nascido em Santos, no litoral paulista, Moraes vive na Ucrânia desde 2011 e tem hoje 34 anos. O brasileiro, que já jogou por Santos, Santo André e Ponte Preta no Brasil, começou a carreira na Europa jogando na Romênia, também com passagem pela Bulgária.

Na Ucrânia, sua carreira começou a decolar noMetalurg Donetsk, onde foi um dos maiores artilheiros. Em 2015, acertou sua transferência para o Dínamo de Kiev, um dos maiores clubes da Ucrânia, e após uma rápida passagem pela China, retornou a terras ucranianas para jogar pelo Shakhtar Donetsk em 2017.

As boas temporadas no Shakhtar fizeram o técnico da seleção ucraniana e ídolo do futebol Andriy Shevchenko convencer Moraes a se naturalizar ucraniano, para poder jogar pela seleção do país, como relata o site Globoesporte.com. O brasileiro obteve a cidadania em 2019, e jogou 11 vezes pela seleção ucraniana.

Brasileiros na Ucrânia

Na quinta-feira, após os primeiros ataques russos a Kiev, jogadores que atuam no Shakhtar e no Dínamo de Kiev postaram um vídeo de um hotel na capital ucraniana, onde estão reunidos.

Ao todo, segundo a embaixada do Brasil, cerca de 500 brasileiros vivem na Ucrânia, parte deles jogadores de futebol e suas famílias, além de outros profissionais em multinacionais e tecnologia.

Ainda não há um plano de evacuação do Itamaraty devido à instabilidade do conflito, segundo informou o governo brasileiro na quinta-feira. Nesta sexta-feira, a embaixada brasileira em Kiev afirmou que haverá um trem saindo rumo à Romênia e que pode ser uma possibilidade de levar parte dos brasileiros cadastrados, segundo informaram as autoridades em grupo com brasileiros no Telegram.

O Shakhtar tem atualmente 13 atletas brasileiros, o clube com mais jogadores do país. Além de Júnior Moraes, estão no time nomes como Pedrinho (ex-Corinthians), David Neres (ex-São Paulo), Alan Patrick (ex-Santos), Marlon (ex-Fluminense), entre outros.

Mais de uma dezena de atletas estão ainda espalhados por Dínamo, Zorya Luhansk, Metalist e outros clubes do país.

O campeonato ucraniano foi oficialmente suspenso na quinta-feira, após a invasão russa. Antes disso, jogos chegaram a ser paralisados e alguns clubes foram para período de treinos e pré-temporada no exterior. Alguns clubes já haviam liberado seus atletas, mas não foi o caso de Shakhtar e Dínamo, onde as atividades permaneciam.

Donestk, onde atua parte dos jogadores, é desde 2014 um dos centros do conflito. O território, ao lado de Luhansk, exige independência em relação à Ucrânia e tem apoio dos russos, após a Crimeia, outro território ucraniano, ter sido anexado por Moscou no mesmo ano. Mais de 14.000 pessoas morreram desde 2014 na guerra civil na região, que fica no leste da Ucrânia.

Assim como outros times locais, o Shakhtar já não atuava em sua cidade natal desde então, devido aos conflitos - seu estádio, a Arena Donbas, chegou a ser bombardeado. O time vinha baseando as atividades na capital Kiev.

Nesta semana, o conflito entre Rússia e Ucrânia escalou depois que o presidente russo Vladimir Putin reconheceu a independência de Donetsk e Luhansk e enviou tropas para a região. Agora, nesta quinta-feira, ataques foram feitos diretamente à capital Kiev, o que é considerada de vez uma invasão por parte da Rússia.

Tenha acesso agora a todos materiais gratuitos da EXAME para investimentos, educação e desenvolvimento pessoal.

Acompanhe tudo sobre:GuerrasRússiaUcrânia

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Pop

Mais na Exame