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"WeWork" da China busca IPO, mas tem mesmos riscos que rival americana

A semelhança é tanta que alguns trechos do prospecto de IPO da chinesa são similares ao documento enviado pela WeWork

Trabalho (Vasyl Dolmatov/Getty Images)

Karin Salomão

Publicado em 19 de dezembro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 19 de dezembro de 2019 às 09h00.

A startup Ucommune é a maior companhia de aluguel de escritórios da China. Com 197 escritórios, a chinesa deu início ao processo de abertura de capital na bolsa de valores de Nova York, nos Estados Unidos. A startup busca abrir capital em breve, no início de janeiro.

A história de rápido crescimento da chinesa é similar à de sua rival americana. A WeWork planejava abrir o capital em setembro, mas viu seu valor despencar, corria o risco de ficar sem caixa e recebeu uma ajuda do conglomerado japonês Softbank, seu maior investidor.

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A semelhança é tanta que alguns trechos do prospecto de IPO da chinesa são similares ao documento enviado pela WeWork, inclusive a dificuldade de alcançar o lucro no futuro.

A startup Uncommune levantou 200 milhões de dólares na sua última rodada de aportes, em novembro do ano passado, chegando a uma precificação de 2,6 bilhões de dólares. De acordo com o Crunchbase, a empresa já recebeu 704,4 milhões de dólares em 11 rodadas de investimento.

Entre seus investidores, estão a companhia americana de venture-capital Sequoia, a firma de investimentos chinesa Prosperity Holdings e o banco americano RockTree Capital, diz o Wall Street Journal.

O processo já começou com incongruências. A startup enviou seu prospecto de IPO para a U.S Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM americana), listando os bancos chineses Haitong International China Renaissance como líderes do processo de abertura de capital.

Documentos anteriores mencionavam os bancos Citigroup e Credit Suisse, segundo a Reuters, mas ambos deixaram o processo por não conseguir chegar a uma conclusão a respeito da precificação da startup. "Havia uma grande diferença entre o que a companhia esperava alcançar e o cenário atual do mercado", disse uma fonte à Reuters.

 

Números em expansão

A empresa afirma que tem 197 escritórios em 42 cidades, na China e em Cingapura, com 72 mil estações de trabalho, além de outros 26 escritórios em construção.

Com rápido crescimento, ela se tornou a maior chinesa de seu setor. O  faturamento dobrou em 2018 e triplicou nos últimos doze meses, chegando a 122,4 milhões de dólares nos doze meses anteriores a setembro de 2019.

Segundo a startup, a transformação urbana e a revolução na cultura de trabalho na China criaram demanda por espaços de trabalho flexíveis. "Estamos reinventando a maneira como as pessoas trabalham e transformando o jeito com que os indivíduos e organizações se relacionam como ambiente de trabalho", escreve a Ucommune no documento.

Riscos

O crescimento rápido não vem sem riscos.Cerca de 60% dos espaços da Ucommune foram abertos nos últimos dois anos. A startup chinesa destaca a importância de continuar crescendo aceleradamente, embora isso implique que a maior parte de seus escritórios deve continuar longe da maturidade de ocupação. Esse trecho, inclusive, é quase palavra por palavra copiado do documento da WeWork.

"Planejamos investir um capital significativo para aprimorar nosso sistema tecnológico, recrutar um grande número de membros e inaugurar novos espaços. Também esperamos ter custos adicionais gerais e despesas administrativas e de compliance. Essas despesas podem dificultar nosso caminho para a lucratividade, e não podemos prever se vamos alcançar o lucro no curto prazo ou mesmo de qualquer maneira", escreve a Ucommune, trecho também bastante similar ao encontrado no documento da WeWork.

A startup chinesa também queima caixa historicamente. Do começo do ano até setembro, queimou 32,4 milhões de dólares. Por outro lado, ela afirmou que tem caixa e fontes de liquidez para manter as operações funcionando pelos próximos doze meses.

Já a WeWork, depois do fracasso de sua tentativa de IPO, precisou de um socorro de seu maior investidor, o Softbank, que exigiu também a saída do fundador e CEO Adam Neumann.

A startup chinesa precisará provar que não irá seguir o mesmo caminho de sua concorrente americana.

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