Patinetes elétricos da Bird: negócio enfrenta problemas regulatórios e competição acirrada (Bird/Reprodução)
Mariana Fonseca
Publicado em 12 de janeiro de 2019 às 08h00.
Última atualização em 13 de maio de 2019 às 17h34.
A moda das patinetes elétricas pegou em metrópoles brasileiras no ano passado e deve continuar para este ano. Todo esse movimento se deve a uma startup chamada Bird, criada na Califórnia, que inspirou o nascimento de outros negócios de compartilhamento de patinetes elétricas. Mas a rainha das e-scooters não está pronta para passar a coroa. A Bird está procurando mais uma rodada de investimentos, com um módico valor de 300 milhões de dólares.
O capital complementaria um aporte série C feito em junho do ano passado, também de 300 milhões de reais, liderado pelo fundo Sequoia Capital. Desta vez, o valor viria do fundo de investimentos Fidelity.
A empresa já captou 415 milhões de dólares desde abril de 2017, ano de sua fundação. A Bird levou menos de um ano para se tornar um unicórnio, ou negócio inovador avaliada em um bilhão de dólares. Hoje, está avaliada em dois bilhões de dólares.
Com a Bird, qualquer maior de idade podem alugar um patinete elétrico e se locomover de forma divertida, ambientalmente agradável e financeiramente acessível (um dólar de taxa fixa mais 15 centavos de dólar por minuto).
Travis VanderZander, ex-executivo da Lyft e do Uber e atual CEO da Bird, descreveu sua própria empresa como “a maior revolução nos transportes desde a chegada da aviação executiva” – ironicamente, excluindo a transformação na mobilidade urbana trazida pelo próprio Uber.
Nem tudo são flores para a Bird. O negócio, assim como seus concorrentes, enfrenta críticas da administração pública de diversas cidades por ter lançado centenas de patinetes elétricos sem nenhum pedido de licença ou de aprovação.
Na Califórnia, turistas e startupeiros distraídos pilotam as e-scooters pelas calçadas sem respeitar as leis de trânsito e atrapalham as pessoas ao redor. Vários patinetes foram empilhados um em cima dos outros, abandonados perto de rios e em árvores, quebrados no meio ou cobertos de fezes. Por alguns dias, os patinetes elétricos foram proibidos de circularem na região.
Após quase 300 multas aos “motoristas” de patinetes elétricas e 300 mil dólares para a Bird obter sua licença, a startup está investindo em campanhas de uso de capacetes e afirma que será mais amiga do governo em suas próximas estratégias. Além disso, está pressionando a revisão da legislação sobre e-scooters no Reino Unido, onde elas são ilegais. Em uma nova ironia para VanderZander, tais estratégias para conquistar mercados são similares às adotadas pelo Uber.
A gigante de mobilidade ainda está em conversas para adquirir ou a Bird ou a Lime, principal concorrente da rainha dos e-scooters. Depois dos obstáculos legais, a Lime talvez é a maior ameaça para a Bird. A startup também está de olho em captar mais investimentos no mercado, em uma rodada que poderia chegar a 400 milhões de reais a um valuation de três bilhões de dólares, o que superaria a avaliação atual da Bird. Com tanta lenha na fogueira, apesar de suspeitas sobre se o modelo de negócio dessas startups é viável, a guerra dos patinetes está longe de acabar.