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Uma tapiocaria em Nova York

Tom Cardoso  A tapioca, você já deve ter percebido, é um fenômeno. Até pouco tempo limitada às regiões Norte e Nordeste, ela tomou conta do país ao se tornar um dos itens prediletos dos adeptos da alimentação saudável – rica em carboidratos de fácil digestão, não contém glúten, o vilão da moda nas dietas. Mais […]

LOJA DA OCA NO SOHO: tapiocas custam de 6 a 11 dólares e estão com vendas acima do esperado no primeiro mês / Divulgação

LOJA DA OCA NO SOHO: tapiocas custam de 6 a 11 dólares e estão com vendas acima do esperado no primeiro mês / Divulgação

DR

Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2016 às 19h43.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h49.

Tom Cardoso 

A tapioca, você já deve ter percebido, é um fenômeno. Até pouco tempo limitada às regiões Norte e Nordeste, ela tomou conta do país ao se tornar um dos itens prediletos dos adeptos da alimentação saudável – rica em carboidratos de fácil digestão, não contém glúten, o vilão da moda nas dietas. Mais de 50.000 toneladas de fécula de mandioca foram usado para fazer tapioca em 2015, 30% a mais que no ano anterior.

Se ela virou febre no Brasil, por que não pode repetir o feito em outros países, como já fizeram, por exemplo, o açaí e água de coco? Quatro brasileiros acabam de abrir a primeira tapiocaria em solo americano, a Oca, localizada no Soho, um dos bairros mais descolados de Nova York. A previsão é abrir dez lojas nos próximos cinco anos, todas nos Estados Unidos.

Para chegar lá, os quatro sócios – Elias Abifadel, Rafael Guerra, Luca Bianchi e Filipe Raposo –, amigos oriundos das mais diversas áreas (Guerra, por exemplo, dentista formado em Harvard, trabalhou até para o FBI, como odontolegista) terão, primeiro, alguns desafios pela frente: fazer com que o americano tenha ideia de o que é uma tapioca e os seus respectivos valores nutritivos. Nos Estados Unidos, tapioca é o nome que se dá a um pudim de origem chinesa, de gosto duvidoso e pouco saudável.

“Mantivemos o nome tapioca, mas queremos que os americanos a vejam como uma espécie de crepe de origem brasileira, sofisticado, saboroso e nutritivo”, afirma Raposo. A Oca, em um mês de funcionamento, tem movimento acima do previsto. “Nessa região aqui de Nova York há uma procura muito grande por lugares que ofereceram comida rápida e ao mesmo tempo saudável”.

Quem primeiro teve a ideia de abrir uma tapiocaria em Nova York foi Luca Bianchi, ator e muito próximo do universo gastronômico – ele é filho da chef Silvana Bianchi, fundadora do Quadrifoglio, um dos mais badalados restaurantes italianos do Rio. “O Lucas morou em Nova York e sempre sentiu falta de comer tapioca por aqui. Ele convidou o Raposo para a sociedade e logo depois me chamou para montar o plano de negócios”, afirma Elias Abifadel. “Fizemos a pesquisa e a preparação durante um ano, convidamos um sócio americano e formamos o time que tempos hoje”. Bianchi é o responsável pela cozinha.

Os sócios não querem se limitar apenas a vender a tapioca, que custa, em média, de 6 a 10 dólares, dependendo dos ingredientes. O objetivo é vender sacos de meio quilo de tapioca hidratada, para que o consumidor leve para casa e aprenda a prepará-la. Cada saco de meio quilo custará em torno de 11 dólares. A médio prazo, a Oca pretende chegar também a supermercados e lojas voltados para o mercado de comida saudável.

“Desejamos que o nosso cliente leve pra casa a tapioca e crie um hábito de prepará-la do jeito que quiser, algo que ocorreu no Brasil e que ajudou muito a popularizá-la”, afirma Raposo. “Enfim, queremos fomentar um movimento, que tem muito a ver com uma atual tendência de parte dos consumidores americanos, que não querem deixar de comer bem – para eles o sabor é ainda muito importante –, mas com mais responsabilidade”.

Enquanto a Oca ainda dá os primeiros passos, os sócios recebem novas sondagens (está quase certa a abertura de uma segunda loja em Los Angeles) e descobrem novas peculiaridades do mercado gastronômico americano. Tapioca, lembra Raposo, não é apenas o nome que se dá ao pudim chinês que lá é associado a um produto “menor”, sem grandes requintes, mas também de uma bebida, igualmente exótica, consumida também pela colônica asiática. “Os chineses são poderosos, mas a brazilian tapioca vai conquistar o espaço que merece”, diz o empresário.

Nos Estados Unidos, e em Nova York em especial, tudo é possível. Por lá, não custa lembrar, até porções de jaca verde viraram um fenômeno de vendas entre os consumidores moderninhos. Perto disso, vender tapioca é mole.

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