Um safari de R$ 380 mi: os segredos do sucesso da Mundo Animal
Lanchonete temática tem 50 unidades espalhadas pelo Brasil e, mesmo na pandemia, tem filas constantes e um faturamento que em 2022 vai beirar os R$ 400 milhões
Maria Clara Dias
Publicado em 21 de março de 2022 às 07h00.
Última atualização em 25 de março de 2022 às 11h37.
Quem passa por perto de uma das unidades da Mundo Animal, lanchonete temática, já está habituado a ver longas filas que, muitas vezes, dobram quarteirões. Mas nem sempre foi assim. O boom da rede começou há dois anos, quando um plano mais robusto de expansão por franquias foi tirado do papel. De lá para cá, a lanchonete deixou de ser um restaurante do interior do Rio Grande do Sul e chegou a nove estados, 50 unidades em funcionamento e um faturamento de 150 milhões de reais.
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A Mundo Animal é uma rede de lanchonetes de rua que ganhou popularidade com uma decoração que remete à selva nos restaurantes. Além do cardápio que incluiu hambúrgueres, sobremesas e batatas, o atrativo da rede também está nos espaços infantis e nos shows temáticos com personagens de safari — há um leão que canta e dança, por exemplo.
“O segredo está no modelo de negócio”, diz Marcos Gundel, diretor executivo da Mundo Animal. Há por lá a percepção de que o sucesso repentino da rede está enraizado em duas circunstâncias não tão novas no mundo dos negócios: o bom relacionamento e proximidade entre rede franqueadora e franqueados, e a busca do público por estabelecimentos que resgatem um ambiente tradicionalmente familiar. “A Mundo Animal nasceu para ser um espaço capaz de fortalecer os vínculos familiares, e vemos esse valor sendo muito procurado, principalmente após a pandemia”, diz.
Gundel comanda a operação da lanchonete desde 2018 ao lado dos sócios Jian Lorenzetti e Ari Andrade, fundador da marca. Andrade criou a empresa em 2011, na cidade de Capão da Canoa, litoral do Rio Grande do Sul. Nos primeiros sete anos, o negócio cresceu à base da divulgação boca a boca e da inauguração de algumas redes por familiares e amigos no mesmo estado.
Com a entrada dos novos sócios no negócio, a Mundo Animal passou a mirar novas regiões e focou de vez na temática animal para mostrar seu diferencial competitivo. Em 2019, passou a ter 27 unidades — algumas delas em capitais pelo país.
Ainda assim, a resiliência do negócio foi colocada à prova na pandemia um ano depois. Dos 12 meses de 2020, a Mundo Animal passou cinco com o caixa vazio. O fechamento dos restaurantes, por outro lado, serviu para testar o modelo recém-implementado. “Saímos mais fortes, sem dúvida”, diz. Um desafio à parte foi continuar encantando clientes, mesmo à distância. "O grande atrativo da lanchonete está no ambiente físico, tentamos levar isso para o delivery e conseguimos, mas as filas nas portas são a prova de que as pessoas ainda preferem ir aos restaurantes”.
Os bons resultados também acontecem nos bastidores. Hoje 90% dos empreendedores que fazem parte da rede Mundo Animal têm mais de uma unidade da franquia — as que não estão em funcionamento, já têm contratos assinados.
Ao lado da estabilidade da rede, que anima empreendedores dispostos a abrir restaurantes, está também o fato de que as lanchonetes temáticas viraram uma febre. Restaurantes como Orlando Magic Burger e Jurassic Park Burger, inaugurados recentemente em São Paulo, são sucesso de público. A lanchonete inspirada nos filmes dos dinossauros, por exemplo, chegou a ter filas que duravam meses na época de sua abertura. "O nicho de mercado de restaurantes temáticos está em alta. O ambiente encanta os clientes preocupados não só com oproduto, mas com a experiência”, conclui.
Os próximos passos
Com a reabertura da economia, estar em locais de maior movimento virou uma oportunidade para a rede. Em março, a Mundo Animal inaugurou sua primeira unidade dentro de um shopping center, na região do Butantã, na cidade de São Paulo. É uma incursão em um mercado ainda inexplorado pela empresa e que também insere a lanchonete em uma briga ao lado de redes como Outback e McDonald’s.
Para 2022, a Mundo Animal deve faturar 380 milhões de reais, mais do que o dobro do ano passado. De um lado, graças à inauguração de pelo menos 40 lojas. De outro, em virtude da parceria com grandes marcas, dando continuidade a lançamentos de brindes já feitos com personagens como Hello Kitty e Bob Esponja.
Segundo o executivo, o desafio agora será manter o ritmo acelerado de crescimento, ao mesmo tempo em que o propósito da rede continua inalterado. “Não queremos burocratizar a empresa e perder velocidade junto aos franqueados”, diz. “Nosso desafio é a inovação: em shows, em personagens, em combos, em produtos. A revolução é constante”.