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A transformação digital como fator de empoderamento econômico

Sheryl Sandberg, da Meta (ex-Facebook), argumenta como as redes sociais têm empoderado o empreendedorismo entre grupos pouco representados, como os negros – e trazido novas oportunidades de renda

(Divulgação/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2021 às 06h00.

Quando Jaciana Melquiades se tornou mãe, ficou frustrada com a falta de bonecos negros disponíveis para o filho brincar. Ela decidiu, então, fazer algo a respeito. Começou seu próprio negócio — Era Uma Vez O Mundo — que fabrica e vende bonecos negros e outros brinquedos destinados a educar as crianças sobre a história negra.

Jaciana começou vendendo por meio de seu site e, em 2020, já tinha três pontos de venda pelo Rio de Janeiro. Suas bonecas fizeram sucesso e as vendas ajudaram Jaciana a expandir o negócio e a contratar cinco funcionários. Mas, com a chegada da pandemia, as lojas precisaram fechar — uma delas, inclusive, de forma definitiva.

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Para manter seu negócio funcionando, Jaciana concentrou toda sua energia no online. Ela usa o Facebook e o Instagram para exibir suas bonecas, alcançar clientes em potencial, direcionar tráfego para seu site e conversar com clientes diretamente pelo WhatsApp. Ela também cria conteúdo para professores usarem em aulas sobre gênero e raça, inclusive trazendo convidados especiais para discussões transmitidas ao vivo via Instagram.

Apostar na digitalização ajudou a empresa de Jaciana a ter sucesso em tempos difíceis. E, hoje, ela atribui 80% de suas vendas ao Facebook e Instagram e diz que metade de seus pedidos vêm pelo WhatsApp.

Jaciana está longe de ser a única pequena empresária que enfrentou adversidades durante a pandemia. Quando a Meta fez pesquisas com centenas de empresas brasileiras entre julho e agosto, quase um quarto disse que não estava operando no momento, 48% das que ainda estavam abertas disseram que as vendas caíram e 36% disseram que cortaram empregos durante a pandemia.

A pandemia tem sido difícil para as pequenas empresas em todos os lugares, mas especialmente para as empresas de propriedade de pessoas negras. Sempre que ocorre uma crise, são as comunidades mais vulneráveis as mais afetadas. É por isso que temos celebrado e apoiado empreendedores negros  durante todo o mês da consciência negra, em novembro, e além.

Este mês, lançamos a Aceleração de Negócios de Empreendedoras Negras, para apoiar 50 empresárias negras com recursos financeiros e treinamento para impulsionar seus negócios, e nossa campanha Sexta Preta destacou diferentes pequenas empresas brasileiras semanalmente. Estamos co-organizando o maior evento de cultura negra da América Latina — o Festival Feira Preta — até 10 de dezembro. E as empresas no Brasil agora têm a oportunidade de se autodesignar como pertencentes a empreendedores negros, com um rótulo especial em seu Perfil de Negócios do Instagram.

As pesquisas da Meta focadas em pequenos negócios constataram consistentemente que as empresas pertencentes a mulheres têm maior probabilidade de fechar do que as pertencentes a homens. No Brasil, 68% das empresas dirigidas por mulheres disseram que estavam operando atualmente, em comparação com 85% das empresas administradas por homens.

O lado bom é que muitas empreendedoras brasileiras, como a Jaciana, sobreviveram e até prosperaram concentrando seus esforços online. 59% das empresas brasileiras que pesquisamos disseram que agora fazem mais de um quarto de suas vendas digitalmente, percentual que chega apenas a 46% das empresas na média global.

Mesmo antes da pandemia, as pessoas gastavam cada vez mais seu tempo e dinheiro online, e as empresas se tornaram ainda mais digitais para se aproximar delas. O que vinha sendo uma tendência gradual se acelerou drasticamente no ano passado, quando ter uma vitrine digital, receber pedidos online e alcançar clientes remotamente se tornou essencial para empresas em todos os lugares.

A boa notícia é que todas essas coisas são muito mais fáceis do que há alguns anos — e isso é especialmente bom para mulheres e donos de empresas em comunidades que historicamente tiveram menos oportunidades de ter sucesso.

As pequenas empresas são a espinha dorsal da economia brasileira e seu sucesso será fundamental para a recuperação econômica. Estou otimista, porque a transformação digital está tornando mais fácil e mais acessível para as empresas chegarem aos consumidores e venderem seus produtos e serviços. E isso é especialmente positivo para emprendedores negros, mulheres e outros que muitas vezes tiveram barreiras colocadas em seu caminho. Hoje, você não precisa da permissão de ninguém para transformar uma boa ideia em um negócio de sucesso.

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