Na Tivit, R$ 100 milhões para comprar startups em 2022
Empresa irá desembolsar a quantia em aquisições neste ano; intenção é comprar 25 companhias até 2025
Maria Clara Dias
Publicado em 30 de março de 2022 às 13h12.
A Tivit, multinacional de tecnologia, deu início oficialmente à temporada de aquisições há algum tempo, mas decidiu agora aumentar as apostas em startups emergentes do país. Por meio de seu braço de investimentos, o Tivit Ventures, a empresa vai colocar R$ 400 milhões em startups do Brasil e América Latina até 2025. Destes, R$100 milhões apenas em 2022.
Desde que foi criada, em 2020, a divisão dedicada à aquisições de startups já concluiu quatro compras. A intenção agora é manter o ritmo, aumentando a aposta no ano de 2022.
O racional por trás da estratégia está na chegada de outras soluções a um rol de clientes já antigos e fiéis à empresa. “Vimos que as grandes inovações e tecnologias deixaram de vir apenas das grandes empresas e centros tecnológicos. Com a nuvem, pequenas startups resolvem problemas de nicho de forma especializada e muito boa”, diz Eduardo Sodero, executivo responsável pelo braço de investimentos da Tivit, em entrevista à EXAME.
A busca por resolução de problemas foi o que motivou a compra da startup Privally, que auxilia no manuseio e gestão de documentos em meio aos novos critérios envolvendo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Além da Privally, também fazem parte do portfólio da Tivit as empresas Stone Age, DevApi, Lambda3 e SENSR.IT.
“No ano passado, validamos nossa tese de que investir em startups é positivo e isso agora já está mais do que comprovado”, diz.
O que muda daqui para frente, segundo Sodero, é o olhar para empresas com alto potencial de crescimento e em estágios mais maduros no mercado, as chamadas scale-ups. Em outra frente, também passam a buscar startups de fora do Brasil, e toda a América Latina passa a ser alvo da Tivit. A meta é alcançar ao menos 25 empresas nos próximos quatro anos.
Diferente de aquisições tradicionais, em que startups compradas são incorporadas às operações da compradora, a companhia mantém a atuação independente das startups e, em troca, apenas as insere num ecossistema próprio, além de oferecer ajuda e capacitações. “Funcionamos quase como um fundo de venture capital, mas sem o risco”, diz.
O objetivo das compras é tornar a Tivirt no one-stop-shop da área de tecnologia, ou seja, criar um arcabouço de soluções para os clientes que vão de ponta a ponta. A multinacional pretende fazer isso com a ajuda de startups com soluções SaaS (software as a service), especialmente as voltadas à cibersegurança, nuvem, big data e analytics (tomada de decisão baseada em dados), fintechs e soluções de transformação digital.
Daqui para frente, a expectativa é de que o percentual de representação dessas empresas na receita geral da Tivit cresça, na medida em que novas startups — agora em estágio avançado de crescimento — entram na conta.
De acordo com o executivo, em pouco mais de um ano, mais de 1.400 startups foram mapeadas ou buscaram a Tivit para apresentar seus pitchs. Dessas, mais de 300 participaram de rodadas de reunião com os analistas da empresa.
“Algumas dessas empresas já cresceram mais de 400% conosco. Agora, vamos ter ainda mais resultados na outra ponta. Estamos ansiosos por isso”, diz.