Startup Tul chega ao Brasil para digitalizar pequenas lojas de construção
A startup colombiana Tul digitaliza pequenas lojas de materiais construção e mira Brasil para ganhar América Latina; empresa recebeu aporte de US$ 181 milhões
Maria Clara Dias
Publicado em 11 de janeiro de 2022 às 11h00.
Última atualização em 12 de janeiro de 2022 às 10h34.
A startup colombiana Tul surgiu da cara conclusão de que é possível solucionar uma das principais dores dos pequenos negócios de varejo: a ineficiência tecnológica. Esse é um mal que, para os fundadores da empresa, assola de maneira mais aguda os lojistas do setor de construção — principal alvo da startup. Agora, a Tul chega ao Brasil após um aporte de 181 milhões de dólares em uma rodada série B liderada pela empresa de capital de risco 8VC, e com participação da Avenir Growth Capital, sediada em Nova York.
Aprenda a empreender com a shark Carol Paiffer no curso Do Zero Ao Negócio. Garanta sua vaga
A Tul funciona como uma plataforma de e-commerce para empresas, conectando pequenos empreendedores do setor de materiais de construção e grandes fornecedores. Na lista estão empresas como Gerdau, ArcelorMittal, Ternium, Henkel, Belgo Bekaert, Tigre, Tramontina e Bosch. "Somos como a Amazon da construção'', diz Bruno Raposo, gerente responsável pela operação da Tul no Brasil.
A comparação com a varejista americana se justifica pelo modelo de negócios da Tul. A startup se responsabiliza pela ponte com um leque extenso de fornecedores de materiais de construção, pelos cuidados com armazenamento e entregas. A Tul terá uma frota própria de caminhões e galpões próprios para o estoque de produtos.
Para Raposo, assumir todas as pontas da operação, incluindo a logística, é o que vai garantir agilidade e, de quebra, baratear os custos de pequenos lojistas do setor. "A operação é menos complicada se o empreendedor não precisa se preocupar em estocar produtos ou pela oscilação da demanda. A missão da Tul é justamente facilitar esse caminho" , diz.
Além da premissa da compra digital ágil e rastreamento (o cliente acompanha todas as etapas da compra), a promessa também é por entregas rápidas. A proposta é entregar os itens em até 24 horas e sem custos pelo frete, assim como fazem alguns dos grandes varejistas do e-commerce nacional.
A operação no Brasil começa pela região metropolitana de São Paulo, e deve chegar a outras duas regiões metropolitanas do Brasil ainda em 2022, entre elas as do Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
A Tul espera também reforçar seu papel social. A missão, segundo Raposo, é fomentar o comércio local, especialmente em bairros de baixa renda. "Em algumas regiões, as pequenas lojas de material de construção são a âncora social, o que sustenta as pequenas construções de moradias. Vamos incentivar isso".
Um quase unicórnio
O capital da risco 8VC não é o primeiro recebido pela empresa. Desde a fundação, em 2020, a Tul já recebeu cheques de importantes fundos como Lightrock, Coatue, Tiger Global e SoftBank.
Pelos cálculos da própria empresa, o volume aportado deixa a Tul não muito distante de integrar a lista de startups unicórnio da América Latina. Com o novo aporte, a empresa é avaliada em 700 milhões de dólares. Novos investimentos para coroar o título de unicórnio, porém, não devem vir logo. "Temos, no mínimo, dois anos para usar esses recursos. Não vamos criar um novo round até 2024", diz.
A expectativa da startup é ter pelo menos 10.000 clientes em seu primeiro ano em solo brasileiro.
A ambição com estreia por aqui, depois de consolidar sua presença também no México e Equador, está de acordo com os números atuais do setor. A Tul afirma que metade das vendas de materiais de construção nos países em que atua vêm das pequenas lojas.
Somente no Brasil, o setor de materiais de construção movimenta 200 bilhões de reais anualmente e protagoniza um dos melhores momentos da última década, pelas projeções da Fundação Getulio Vargas (FGV) e Associação Brasileira da Indústria Materiais de Construção (Abramat).
Em 2021, a empresa faturou 60 milhões de dólares. Agora, espera alavancar a presença na América Latina a partir do eventual sucesso no Brasil. "Somente em São Paulo, temos mais lojas na mira como potenciais clientes do que em todo o Equador. O potencial é imenso".
Saiba o que acontece nos bastidores das principais startups do país.Assine a EXAME.