Startup traz o cliente perdido de volta e já gerou R$ 70 milhões em vendas
Só 1% das pessoas que entram num site de compras colocam a mão no bolso; a startup Enviou quer aumentar esse número e espera faturar R$ 3 milhões em 2018
Mariana Desidério
Publicado em 17 de abril de 2018 às 06h00.
Última atualização em 17 de abril de 2018 às 11h20.
São Paulo – Viver de e-commerce é um desafio e tanto. Só 1% das pessoas que entram num site de compras efetivamente colocam a mão no bolso, segundo dados da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico ). Dentre as que não compram nada, muitas chegam a colocar itens no carrinho virtual ou até mesmo a gerar o boleto para pagamento. Porém, por algum motivo a compra não é concretizada, o empreendedor fica sem aquela venda e o cliente sem um item que gostaria de ter levado.
A startup Enviou busca resolver esses problemas e promete trazer o cliente perdido de volta.
Fundada em 2015, a empresa oferece três tipos de serviço para e-commerces: e-mail marketing, recuperação de carrinhos e recuperação de boletos não pagos.
“Para se ter ideia, no e-commerce, metade dos pedidos são comprados via boleto. Só que 55% desses boletos não são pagos”, afirma Felipe Rodrigues, fundador da Enviou.
Recuperação de carrinhos
A recuperação de carrinhos consiste em enviar e-mails para o comprador desistente, lembrando-o daquela compra não efetuada. Como se trata de um item no qual o cliente já tem interesse comprovado, a taxa de conversão é muito maior do que a de uma mensagem comum de marketing, daquelas que todos estão acostumados a receber (e muitas vezes nem ler).
Segundo Rodrigues, de 50% a 60% dos e-mails enviados para quem desistiu do carrinho são abertos pelo cliente – já quando falamos de e-mail marketing comum, a taxa é de 3% a 9%.
O empreendedor destaca os principais motivos que levam alguém a desistir de um carrinho: “Ás vezes ele foi levado por alguma distração, ou estava sem o dado do cartão, ou achou o frete caro e o prazo de entrega muito longo. Há ainda o ponto da confiança na loja”, explica.
O problema com o prazo de entrega é o único que não pode ser contornado via recuperação de carrinhos. No caso do esquecimento, o próprio envio do e-mail já serve de lembrete. Já para quem não gostou do preço do frete, a Enviou recomenda que as lojas virtuais ofereçam descontos aos clientes mais reticentes.
Os resultados são animadores. Em dois anos e meio de atuação, a Enviou já gerou 70 milhões de reais em vendas para os e-commerces que usam seus serviços. Desse montante, 50 milhões de reais vieram via recuperação de carrinhos.
Boleto pago
Outro serviço com bastante potencial é a recuperação de boletos não pagos. O recurso é mais recente, portanto não há números robustos de vendas efetuadas, mas, segundo Rodrigues há boas expectativas.
“Já temos dados que mostram que nossos serviço aumenta o número de boletos pagos entre 10% e 30%”, afirma.
Segundo ele, a maioria das pessoas não paga o boleto porque esqueceu da compra e, quando lembrou, o documento já estava vencido. “Essas pessoas precisariam entrar no site e fazer a compra novamente, e acabam desistindo”, explica.
A Enviou manda então um lembrete para o cliente, via e-mail e SMS.
Ideia
A ideia da startup surgiu quando Rodrigues observava as dificuldades enfretadas por sua esposa, que tinha um e-commerce de roupas. “Desenvolvi a primeira ferramenta [de e-mail marketing] inicialmente para a loja virtual dela. E em pouco tempo vimos um aumento significativo nas vendas”, explica.
O diferencial da ferramenta desenvolvida por ele é a integração com a plataforma da loja virtual, o que permite ao lojista criar campanhas de forma rápida.
O sucesso chamou a atenção da Loja Integrada, plataforma de e-commerce onde a loja de roupas estava hospedada. “Eles vieram falar comigo e acabamos disponibilizando a ferramenta para todas as lojas”, conta.
O investimento inicial para criar a startup foi de cerca de 20 mil reais, investidos principalmente em marketing. Isso porque Rodrigues já havia empreendido antes – ele teve uma empresa de e-mail makerting dez anos atrás, cujo investimento em desenvolvimento foi da ordem de 300 mil reais. “Consegui aproveitar os códigos desenvolvidos naquela época”, conta.
Desde o início a startup se sustenta sozinha. Hoje tem sede em São Paulo, mas parte da equipe de desenvolvimento fica em Aracaju (SE) e Recife (PE). “Aracaju tem várias universidades de tecnologia, e lá o custo de mão de obra é muito menor”, explica o empreendedor.
Futuro
Com 32 mil lojas virtuais cadastradas, e 2.400 usando seus serviços mensamente, a Enviou espera multiplicar seu faturamento este ano. Em 2017, o faturamento da startup foi de 800 mil reais – para 2018, a expectativa é ultrapassar os 3 milhões de reais.
Outro plano para 2018 é intensificar sua internacionalização. Atualmente a empresa já tem clientes na Argentina e no México.
Com metas como essas, a Enviou – que se manteve apenas com investimentos próprios até agora – busca investimento da ordem de 400 mil reais para crescer.
A empresa se mudou recentemente para o Habitat Bradesco, espaço do banco voltado para startups. Agora também conta com Adriano Caetano como sócio. Criador da Loja Integrada (onde a Enviou começou). “O Caetano tem experiência no setor de e-commerce e vai nos ajudar na expansão do negócio”, diz Rodrigues.