Fones de ouvido da Kuba Áudio: empresa compete com JBL com produtos mais baratos e "atualizáveis" (Kuba Audio/Divulgação)
Em 2014, o jovem Leo Drummond decidiu investir em um mercado em expansão, com poucos players nacionais e que sozinho movimenta 25 bilhões de dólares por ano: o de fones de ouvido. A resposta foi a criação da Kuba Áudio, startup fabricante de headphones que hoje já fatura mais de 3 milhões de reais vendendo fones de ouvido ao lado de grandes empresas como Sony, JBL e Phillips.
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A paixão por música é o que levou Drummond a empreender no setor. “Ainda na infância, lembro de trocar os famosos disk men's em busca do aparelho com o melhor fone de ouvido. Sempre se tratou de uma experiência”, diz o CEO. A relação com a música e o áudio foi se intensificando com o passar dos anos, na medida em que o empreendedor passou a fazer avaliações de fones de ouvido em comunidades do Orkut, extinta rede social.
Dos fóruns, ele criou um blog, um site e hoje tem um canal do YouTube dedicado a essas avaliações — que é também o terceiro maior do mundo.
A ideia da Kuba é revolucionar o mercado de áudio a partir de equipamentos tecnológicos, modulares e de menor custo. Isso significa que todos os fones de ouvido fabricados pela empresa são compatíveis entre si. Mesmo com o lançamento de novas linhas, os antigos aparelhos ainda podem receber peças, atualizações e melhorias na medida em que outros produtos são lançados no mercado, como uma espécie de plataforma "Lego" modular e tecnológica.
A proposta é também acabar com alguns dos percalços comuns aos fones de ouvido, como as falhas em apenas um dos auto-falantes ou o rompimento do fio. Com as peças modulares, um cliente pode substituir apenas as partes que quebrarem, sem precisar comprar um novo produto.
O carro-chefe da empresa hoje é o Kuba Disco, lançado em 2015 e que recebeu novas versões em 2021, incluindo um profissional e um para gamers.
A fabricação dos produtos ficam a cargo do escritório da Kuba na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Segundo Drummond, a operação enxuta facilita a prática de preços muito mais em conta. ”Não temos intermediários como lojistas ou prestadores de serviços logísticos. Por isso, um modelo nosso que custa cerca de 800 reais chega a competir com modelos internacionais de 1.500 reais ou mais”, diz.
Em 2016, a Kuba recebeu 188.000 reais para colocar as primeiras 500 unidades do Kuba Disco na rua. O valor veio de investimentos minoritários de investidores-anjo, entre eles Camila Farani, João Appolinário, CEO da Polishop e Shark Tank, Luiz Quinderé, fundador da Brownie do Luiz, e Carlos Júnior, CEO do grupo de inovação e investimentos Sai do Papel — pela qual a empresa é acelerada.
De uns anos para cá, a Kuba duplica ou, às vezes, triplica o faturamento a cada ano. A empresa saltou de um faturamento de 350.000 reais em 2018 para 3,4 milhões de reais em 2021. Para 2022, o objetivo é faturar mais de 9 milhões de reais.
A projeção vem, em grande parte, pelo lançamento de novos itens em um segmento batizado de “áudio pessoal”, que na prática são os produtos que reproduzem músicas e que não estão limitados aos fones. Entre eles estão as caixas de som de bluetooth, caixas de som residenciais, entre outros. “As chances de sucesso são ainda maiores”, diz o CEO. "Estamos falando de um mercado global de 140 bilhões de dólares por ano”.
Para se lançar nesta empreitada, a empresa faz agora uma nova captação com o objetivo de levantar 3,3 milhões de reais por meio da plataforma de crowdfunding (investimento coletivo) Beegin — e dos quais já recebeu cerca de 2,4 milhões.
O objetivo dessa nova rodada é permitir aumentar a equipe, incluindo desenvolvedores de produtos, e bancar o primeiro lote de outros novos produtos, além de expandir as vendas dos itens já comercializados. “Já vimos que temos encaixe com o mercado, e o que precisávamos era apenas do capital”, diz.
“O mercado de áudio é gigantesco e promissor, com muitas marcas e grandes empresas que estão muito velhas no mercado de áudio e que precisam se reinventar. A Kuba é parte dessa inovação, não apenas competindo com essas marcas, mas tendo conversas com interessados em mudar seus processos”, diz Carlos Junior, CEO do grupo de inovação e investimentos Sai do Papel, que lidera a rodada de Kuba, e que era também já é investidor-anjo da empresa há cerca de seis anos.
O Sai do Papel foi fundado em 2017, como uma ponte entre investidores-anjo e o ecossistema de startups do Rio de Janeiro, além de um braço de aceleração com apoio e consultoria aos empreendedores. Anos depois, a empresa também consolidou diferentes fundos de investimento privado e acelerou cerca de 100 startups.
A tese de investimento do grupo, segundo Carlos, se baseia nas equipes por trás das startups. "Buscamos pessoas que sejam capazes de cumprir com o que prometem para a empresa”, diz. O Sai do Papel é responsável por preparar a rodada de investimentos, estabelecer o valuation da empresa, da rodada e das cotas, além de também investir na startup.
Em 2022, o grupo deve investir em cerca de 50 startups, e ter cerca de 500 investidores atuando por intermédio da plataforma. Neste ano, vai também lançar três novos fundos, incluindo um em Portugal para lançar bases na Europa.