Com pé no acelerador, startup de mobilidade Kovi capta R$500 milhões
Rodada série B de US$ 100 milhões vai ajudar empresa a ampliar leque de serviços e chegar a novos mercados na América Latina
Maria Clara Dias
Publicado em 18 de agosto de 2021 às 05h00.
Última atualização em 18 de agosto de 2021 às 12h33.
Há algum tempo a Kovi, startup de carros por assinatura, tem tentado ir além do paradigma de empresa de aluguel de veículos para se tornar uma startup de mobilidade completa. Nesta quarta-feira, 18, a empresa acaba de ganhar um incentivo a mais em busca desse status ao receber um aporte de 100 milhões de dólares (cerca de 500 milhões de reais), em uma rodada de investimento série B.
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O novo aporte foi liderado pelo fundo americano Valor Capital Group (Gympass, Loft, Gupy), que esteve à frente de investimentos recentes em startups brasileiras como Sami e Quansa, das áreas de saúde e benefícios corporativos. A rodada também teve participação da Prosus Ventures (antiga Naspers) e dos fundosPIPO Capital, Norte Ventures,Quona, GFC, Monashees, Ultra Venture Capital, Globo Ventures, Maya Capital e ONEVC.
Essa é a terceira vez que a empresa recebe um aporte milionário de capital, Em 2019, a Kovi captou 10 milhões de dólares em uma rodada seed, e outros 30 milhões de dólares em uma série A naquele mesmo ano.
A Kovi foi fundada em novembro de 2018 por Adhemar Milani Neto e João Costa, dois executivos com passagem pela 99, aplicativo de mobilidade urbana. A princípio, o modelo de negócio da Kovi se limitava ao aluguel e gestão de frotas de veículos para motoristas de aplicativos de mobilidade, como a Uber e a própria 99. O grande diferencial eram as taxas reduzidas e condições especiais de pagamento, seguindo o princípio básico de facilitar o acesso desse público aos carros — muitas vezes sua única fonte de renda.
De lá para cá, porém, a Kovi tentou desmembrar sua operação para se tornar uma startup com soluções de mobilidade também criadas para outros públicos, como donos de veículos. “Percebemos que grande parte dos clientes não era necessariamente motorista de aplicativo, e tinha muita gente em busca de um complemento de renda, alternativa ao desemprego, algo muito momentâneo”, diz Bruno Poljokan, diretor financeiro, de estratégia e marketing da Kovi.
Exemplo disso está na recente aposta da empresa em lançar um seguro veicular com tecnologia de rastreamento. Para além da diversificação de produtos, o lançamento também aproxima a empresa de um movimento recente da indústria automotiva e que já atraiu até mesmo a fintech Creditas: o apetite pelo setor de seguros automotivos.
Em um mercado dominado por gigantes como Localiza e Unidas, locadoras de veículos com alta adesão de motoristas de aplicativos, a Kovi quer se diferenciar pelo detalhismo. Um exemplo está na criação de um sistema que calcula o valor a ser pago pelo motorista com base na quilometragem rodada por ele ao final de uma semana. “Criamos produtos que atendam às necessidade muitos particulares desses motoristas”, diz. “Entendemos que algumas coisas mudam e essa flexibilidade não poderia custar mais ao cliente com taxas escondidas ou inesperadas”.
Quero ser fintech
Mesmo com a competição pela atenção dos motoristas, a concorrência com as locadoras não é o principal foco da Kovi, diz Poljokan. “Considerando que o principal canal de acesso de motoristas ao carro hoje é o financiamento, nossos principais concorrentes são os bancos e as grandes financeiras”.
Dos 45 milhões de carros da frota brasileira, 70% são acessados via financiamento, mas apenas 2% dessa frota são carros por assinatura, diz Poljokan. Para tirar a dependência da análise de crédito no processo todo, a Kovi criou métodos de pagamento sem comprometimento do limite como boletos, por exemplo. "Consideramos a Kovi como uma fintech, responsável pelo acesso a um produto financeiro que motoristas dificilmente teriam pelas vias comuns”, diz.
O novo aporte permitirá a chegada da empresa a outros países da América Latina. Hoje a Kovi atua no Brasil e México, e deve chegar a grandes centros na Argentina, Peru e Chile. Para decidir as cidades que irão abrigar novas operações, a Kovi vai se basear em dois critérios: disparidade no acesso a crédito e tamanho da população.
Essa expansão regional também vai repercutir no tamanho da equipe. A Kovi deve investir em contratações para ampliar o time de 700 funcionários para ao menos 900 até o final do ano. O mesmo deve acontecer com as frotas: de 12.000 veículos, a Kovi pretende chegar a 20.000 ainda em 2021.
Em outra frente, o capital também ajudará a startup a desenvolver novos recursos tecnológicos nos serviços que já existem. Um exemplo disso está nas intenções de ampliar a cobertura dos planos de seguros veiculares — hoje disponível apenas nos casos de furtos e roubos. “Tudo isso vai depender de uma análise rigorosa de dados e da conectividade das nossas frotas”, diz.
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