Startup capta US$ 90 milhões para colocar propagandas na lua
“Os seres humanos não irão às estrelas para ficarem pobres”, disse Takeshi Hakamada, CEO da startup Ispace.
Mariana Desidério
Publicado em 16 de dezembro de 2017 às 08h00.
Última atualização em 16 de dezembro de 2017 às 08h00.
Empresas japonesas estão planejando iniciar a economia lunar financiando a missão de uma startup local que pretende pousar na Lua até 2020.
A Ispace, com sede em Tóquio, afirma ter captado 10,2 bilhões de ienes (US$ 90 milhões) de algumas das maiores companhias do país, como a Japan Airlines e a rede de televisão Tokyo Broadcasting System Holdings. Os fundos serão usados para mandar uma nave espacial à órbita lunar até 2019 e, um ano depois, aterrissar.
As empresas privadas estão desempenhando um papel mais importante no desenvolvimento espacial, da Space Exploration Technologies, a lançadora de foguetes de Elon Musk, à mineradora de asteroides Planetary Resources, com o objetivo de levar a humanidade ao cosmos e garantir retornos para seus acionistas. Segundo a Ispace, ainda faltam décadas para a criação de uma economia lunar próspera, mas as missões da empresa nos próximos anos se concentrarão nos lucros e em projetos corporativos.
“Os seres humanos não irão às estrelas para ficarem pobres”, disse Takeshi Hakamada, CEO da Ispace, em um evento de imprensa em Tóquio. “Por isso, é fundamental criar uma economia no espaço sideral.”
Nem todos os investidores da Ispace são corporações. A Innovation Network Corporation of Japan, financiada pelo governo, é o principal investidor da rodada, com 3,5 bilhões de ienes, e o Development Bank of Japan também investiu, embora a quantia não tenha sido divulgada.
Segundo a Ispace, a oportunidade inicial de negócios é principalmente de marketing e inclui a colocação de logotipos corporativos em naves espaciais e rovers e o fornecimento de imagens para uso em publicidade. Uma aterrissagem bem-sucedida também permitirá que a empresa ofereça o que chama de “serviço de mapeamento de projeção” — um pequeno outdoor na superfície da Lua. A startup afirma que haverá demanda de empresas que queiram exibir seus logos com a Terra ao fundo.
A Ispace começou através do Google Lunar Xprize, uma competição patrocinada pela Alphabet que concederá US$ 20 milhões para quem conseguir pousar e dirigir uma nave espacial na superfície da Lua. Estabelecida em 2007 com uma data-alvo de 2012 para a primeira missão, o prazo foi adiado diversas vezes porque os participantes enfrentaram desafios técnicos e financeiros.
Hakamada disse que os objetivos da Ispace são, em sua maioria, independentes dos esforços feitos com o Team Hakuto, seu parceiro na competição do Google. Segundo ele, ambos os projetos vão continuar, mas a rodada de financiamento estimulará o desenvolvimento de um negócio sustentável.
A maioria das empresas participantes da competição do Google tem planos semelhantes, incluindo a startup Moon Express, com sede em Cabo Canaveral, que conta com o gigante chinês Tencent Holdings entre seus investidores.
As empresas japonesas têm um fascínio histórico pelo espaço. Em 2014, a Otsuka Holdings anunciou planos para mandar uma lata de sua bebida Pocari Sweat para a superfície da Lua. Em 1990, a TBS enviou um jornalista em um foguete soviético para a estação espacial Mir.
“Das rodadas de financiamento série A, esta é a maior para o Japão e a maior do mundo para uma startup relacionada com o espaço”, disse Hakamada.