Startup brasileira no Vale do Silício recebe aporte de R$ 53 mi
A Pipefy, empresa de gestão de processos tecnológicos criada pelo curitibano Alessio Alionço, anunciou um aporte de 16 milhões de dólares
Mariana Fonseca
Publicado em 29 de março de 2018 às 11h00.
Última atualização em 29 de março de 2018 às 11h00.
São Paulo - A Pipefy, startup criada com o objetivo de fazer qualquer empreendedor ou funcionário gerir processos tecnológicos nas empresas, acaba de receber um investimento série A.
O negócio criado pelo curitibano Alessio Alionço captou 16 milhões de dólares (na cotação atual, cerca de 54,3 milhões de reais) na rodada, liderada pelos fundos OpenView Partners e Trinity Ventures. A Redpoint Ventures e a Valor Capital, empresas que já haviam investido na Pipefy, também participaram do round.
Criada já com mentalidade global, a Pipefy se divide entre a brasileira Curitiba e a americana São Francisco (região que abriga o Vale do Silício ). O negócio já atende 8.000 empresas em 146 países e espera triplicar seus números para 2018.
Modelo de negócio
Antes de abrir a Pipefy, Alionço criou um marketplace de serviços chamado Acessozero, vendido ao portal Apontador. Na empresa, percebeu como a forma de executar processos e de trabalhar precisava mudar.
“Eu não era um técnico e cada alteração levemente tecnológica precisava passar pela equipe de tecnologia da informação. Todas as áreas do negócio só viam as mudanças pedidas dias ou semanas depois.”
Com a proposta de reduzir a dependência da área de TI, Alionço quis criar um software, chamado Pipefy, para que empreendedores e funcionários pudessem fazer sozinhos as alterações operacionais e administrativas mais repetitivas, trazendo agilidade e eficiência aos negócios.
Diferentemente de aplicativos que gerenciam tarefas, como o Asana, a Pipefy foca em solicitações diárias e gerenciadas por equipes - um ponto em que usuários de apps mais simples começam a se confundir.
“É como atender uma linha de produção, cuja dor está em organizar seu fluxo de trabalho e orquestrar as atividades. Criamos padrões de forma e prazo para procedimentos, inclusive por uso de robôs com inteligência artificial para etapas mais operacionais.”
A startup quis ser uma solução global desde sua criação. Enquanto o time de engenharia fica em Curitiba, a parte de negócios se concentra em São Francisco. O negócio possui 85 funcionários ao todo.
“A gente não via como diferencial competitivo trabalhar apenas no mercado local. Os brasileiros não preferem trabalhar com um fornecedor de software nacional se há um mundial, e sentíamos essa pressão de nossos competidores.”
O mercado de gestão de processos de negócios vale mais de 7 bilhões de dólares e a previsão é que valha 23 bilhões de dólares em 2024, segundo estudo do instituto Grand View Research citado pela Pipefy.
A plataforma já atende 8.000 empresas, de startups a gigantes como Accenture, IBM e Santander, em 146 países. O serviço é gratuito para até 10 funcionários. Depois, há as contas pagas Professional (10 dólares por usuário e por mês) e Business (18 dólares por usuário e por mês). Para empresas com mais demandas, os preços são personalizados.
A startup brasileira recebeu seu primeiro investimento em abril de 2015 - um pré-seed de 200 mil dólares. No ano seguinte, faria uma rodada de capital semente de 2,5 milhões de dólares com fundos como 500 Startups e Founders Fund (do fundador do Paypal Peter Thiel).
Novo investimento e planos
O novo aporte série A, de 16 milhões de dólares, será usado principalmente para investir em engenharia de produto. A Pipefy pretende dobrar seu número de funcionários e a maioria das contratações será nessa área.
“Uma prioridade é continuar investindo para deixar o produto fácil de usar e não precisar da ajuda de quem tem conhecimento técnico, que é nosso maior valor como empresa”, afirma Alionço. Outros destinos do investimento vão para permitir que problemas mais complexos sejam resolvidos e para mais automação por meio de inteligência artificial.
A escolha pelos fundos OpenView Partners e Trinity Ventures se deu, além do aspecto financeiro, pela experiência que as instituições têm com outros negócios de infraestrutura e software B2B. “Eles sabem como entregar serviços com boa usabilidade para o ambiente de trabalho, similar à experiência dos aplicativos pessoais.”
Para 2018, a Pipefy espera triplicar seu número de clientes e sua receita - e a estratégia em manter um pé no Brasil e um pé no Vale do Silício continua. “Os fundos americanos enxergam você estar fora do Vale como um diferencial competitivo - afinal, faturamos em dólares e temos despesas em reais.”