A startup 'influencer da acessibilidade' que conquistou J&J e Coca-Cola
A Equalweb oferece tecnologia para companhias que desejam tornar suas páginas digitais mais acessíveis a todos os tipos de público
Maria Clara Dias
Publicado em 23 de julho de 2021 às 15h18.
Última atualização em 26 de julho de 2021 às 12h11.
A transformação digital virou tema de primeira ordem em um contexto no qual empresas foram forçadas a migrar para o ambiente online repentinamente. O esforço para a migração e experiência do usuário, porém, não foi igual quando se fala em acessibilidade. Segundo uma pesquisa do coletivo Web Para Todos e BigDataCorp, menos de 1% dos sites brasileiros são amigáveis para pessoas com deficiência.
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Dos 189 milhões de sites ativos, apenas 0,89% passaram nos testes de usabilidade. É diante desse cenário que a startup Equalweb encontra oportunidades de crescer. A empresa, fundada em Israel, desembarcou recentemente no Brasil com o propósito de tornar acessíveis as páginas da web de empresas do país. À frente dessa nova operação está Jaques Haber, diretor de impacto da EqualWeb e outros três sócios.
A inspiração para trabalhar com o tema surgiu de uma experiência pessoal. Haber é casado com Andrea Schwarz, que é cadeirante, ativista de diversidade e inclusão e CEO de uma consultoria dedicada à inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
“Percebemos, a partir de uma mudança de vida, rapidamente que o mundo não estava preparado para pessoas como a Andrea, seja no ponto de vista cultural ou arquitetônico”, diz Haber.
A tecnologia da EqualWeb Brasil vem de Israel. Por lá, a matriz global já adaptou mais de 100 milhões de páginas digitais de 10.000 empresas, entre elas gigantes como Coca-Cola, Domino’s Pizza, Nutella e Johnson&Johnson.
A ideia de trazer a tecnologia para cá surgiu após uma visita de Ricardo Hetchman, hoje diretor de inovação na filial brasileira, a 29 startups em uma missão de inovação no país. De volta ao Brasil, Hetchman conheceu o trabalho de Haber e sua esposa através da consultoria e o convidou para a sociedade.
A solução da EqualWeb
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem hoje cerca de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa algo em torno de 25% de toda a população. Ou seja, o cenário é de oportunidade.
A proposta de valor da Equalweb está em tornar o acesso mais simplificado para pessoas com deficiência e diferentes públicos com necessidades específicas relacionadas à acessibilidade digital, como idosos e daltônicos, por exemplo. Segundo Haber, grande parte das empresas desconhecem esse problema e, as que já identificaram, não sabem como resolvê-lo.
“O que percebemos é que, com um mercado tão intocado quanto esse, quando unimos tecnologia e propósito, o processo de inclusão é acelerado e ganha muito mais escala”, diz.
Em uma analogia simples, o que a EqualWeb faz é criar rampas e elevadores no ambiente digital. Com um algoritmo baseado em inteligência artificial adaptado para cada site, a empresa desenvolve uma linha de código personalizada (usada para programar sites). A partir disso, basta “copiar e colar”.
São 31 diferentes recursos de acessibilidade. Alguns exemplos são os recursos em áudio para leituras de textos voltado para pessoas cegas e a adaptação de fontes e foco para idosos. “Com a EqualWeb, a ideia é colocar o usuário no centro, como protagonista. E o usuário não se adequa ao site, mas sim o contrário", diz
O modelo de negócio já atraiu empresas brasileiras como Motorola,Fiesp, FGV, Espaçolaser e os hospitais da Rede Dasa.
Para o futuro, o desejo da Equalweb Brasil é ambicioso. A empresa espera quadruplicar a receita até 2022, ao passo em que cria impacto positivo no país. “ Queremos ser influenciadoras da acessibilidade digital e, junto às tendências ESG, fazer com que ela seja vista como uma questão de governança”, diz Haber.
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