Eles apostam nos cosméticos orgânicos - e dão uma grande lição de gestão
Para atingir seus objetivos, os empresários José Youssef, Nizar Escandar e Valdir Vieira ainda não fazem retirada de dinheiro da empresa
Mariana Fonseca
Publicado em 29 de outubro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 29 de outubro de 2018 às 06h00.
Quando decidiram lançar o e-commerce Use Orgânico, especializado em cosméticos veganos , naturais e orgânicos , os sócios José Youssef, Nizar Escandar e Valdir Vieira esperavam um bom retorno de vendas, mas foram surpreendidos com o rápido crescimento. As cifras esperadas para seis meses de funcionamento foram atingidas em apenas dois. No ar desde novembro do ano passado, a loja virtual aumenta o faturamento mês a mês e chegou a vender até 30% a mais no melhor período.
A evolução acelerada e a pouca familiaridade com os números fizeram o trio procurar a ajuda do Sebrae -SP para seguir no caminho certo e não perder o foco. “Estávamos crescendo, mas não sabíamos aonde estávamos indo. Como trabalhamos com os pés no chão, fomos procurar ajuda na área de finanças”, conta Youssef. Hoje, com um plano estruturado, a empresa espera fechar o ano comercializando 50 marcas e 1,5 mil unidades mantidas em estoque (SKUs, na sigla em inglês).
Para 2019, a expectativa é lançar produtos de marca própria e abrir mercado na América Latina. E eles estão quase lá. A venda mais distante foi entregue em Senador Guiomard, no Acre, perto da fronteira com Peru e Bolívia.
Mas, para atingir os objetivos planejados, os empresários ainda não fazem retirada de dinheiro da empresa. Tudo que entra na conta é aplicado no negócio. E entre 8% e 10% do faturamento mensal é investido em marketing. Os empresários têm outras atividades e administram o site paralelamente.
A ideia de criar a empresa não surgiu do dia para noite e foi bem estruturada pelos sócios. Youssef conta que sempre quis trabalhar com algo ligado à sustentabilidade. “Nossa família consome alimentos naturais e orgânicos, nosso estilo de vida é mais leve”, conta.
Primeiro, a intenção era investir em lâmpadas LED ou algo na área elétrica sustentável. Depois, a pesquisa pelo setor de alimentação não empolgou. Em uma viagem para os Estados Unidos, Youssef trouxe na mala alguns cosméticos orgânicos e naturais. “Minha esposa é dermatologista, compramos alguns produtos para nosso uso e resolvemos pesquisar esse mercado no Brasil. Achamos uma dificuldade de encontrar uma loja especializada na área, que apresentasse descrições bem-feitas”, lembra.
Com o nicho encontrado, os empresários passaram um ano e meio estudando o setor, entrando em contato com fornecedores e estruturando o e-commerce. Entre os fatores que Youssef acredita que contribuem para o sucesso do e-commerce estão o trabalho mais transparente possível, com uma grande oferta e variedade de produtos, uma plataforma amigável, e a comunicação com o cliente.
De acordo com o empresário, as marcas precisam se enquadrar em pré-requisitos para serem vendidas no site. O primeiro é que os produtos não podem ser testados em animais – o site é 100% cruelty-free (livre de crueldade). Os itens também não podem conter substâncias prejudiciais à saúde dos clientes ou gerar qualquer impacto ambiental negativo.
“Às vezes não trabalhamos com a linha completa de certas marcas porque nem todos os produtos condizem com nossas exigências, diz. Os produtos são entregues em embalagens recicláveis, com proteção de serragem natural e a nota fiscal é feita de bagaço de cana. “Buscamos impactar o mínimo possível o meio ambiente. Não adianta vender produtos naturais e desprezar o equilíbrio do meio ambiente”, afirma Youssef.