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Sob nova direção em hotéis

Paranaense Eduardo Slaviero Campos construiu uma rede de hotéis que faturou 49 milhões de reais em 2009, ao assumir a gestão de estabelecimentos em dificuldades

O paranaense Eduardo Slavieiro Campos construiu uma rede de hotéis que faturou 49 milhões de reais em 2009 ao assumir a gestão de estabelecimentos em dificuldades (Marcelo Almeida/EXAME PME)

O paranaense Eduardo Slavieiro Campos construiu uma rede de hotéis que faturou 49 milhões de reais em 2009 ao assumir a gestão de estabelecimentos em dificuldades (Marcelo Almeida/EXAME PME)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 11h48.

Durante 2009, os hotéis Slaviero, do paranaense Eduardo Slaviero Campos, de 38 anos, faturaram 49 milhões de reais —16% mais do que em 2008. Só um dos 18 hotéis da rede é dele. Entre os demais, a maioria são estabelecimentos cujas dificuldades financeiras atormentavam os donos. Há também hotéis construídos por investidores que confiaram à Slaviero a responsabilidade de enfrentar o dia a dia do negócio e entregar resultados. “Nosso trabalho não é apenas assumir a gestão”, diz Campos. “O compromisso é, também, com crescimento e rentabilidade.”

A trajetória de Campos é parecida com a de muitos empreendedores que decidem usar o conhecimento adquirido ao longo dos anos para prestar um serviço. Aos 20 anos de idade, ele foi trabalhar como auxiliar administrativo em um hotel de sua família. Logo tornou-se assistente do gerente. “Eu tinha de resolver todo tipo de problema, de clientes insatisfeitos à falta repentina de produtos no estoque”, diz Campos. “Foi ali que aprendi praticamente tudo o que sei sobre hotelaria.” Dez anos atrás, ele começou a trazer hotéis combalidos para a rede Slaviero e a usar boas práticas de gestão aprendidas nos negócios da família para reanimálos. “Era uma forma de expandir rapidamente sem arcar com grandes investimentos para construir novas unidades”, diz.

As receitas provenientes desses hotéis vêm de uma parte dos lucros, que seus proprietários repassam à rede. Se houver prejuízo, a Slaviero não recebe nada. “Assim, dividimos também os riscos”, diz Campos. Ele calcula que o faturamento deve aumentar
32% neste ano, fechando em 65 milhões de reais. Até dezembro, ao menos dois hotéis recuperados devem ser reinaugurados.
“Vamos dobrar o número de unidades em quatro anos”, diz Campos. Ao que parece, há bastante espaço para expansão. Dos 6 038
estabelecimentos com mais de 20 quartos existentes no Brasil, apenas 11% fazem parte de alguma rede, segundo um levantamento
recente da consultoria inglesa Jones Lang LaSalle, especializada em hotelaria. “Nosso pessoal de prospecção passa o dia todo à caça de bons negócios entre esses hotéis
independentes”, diz Campos.

Ao ser absorvido pela rede Slaviero, um hotel passa por uma reforma e, dependendo do padrão, recebe de uma a quatro bandeiras
— da mais econômica à mais sofisticada. Além disso, uma varredura elimina desperdícios das finanças e ineficiências dos processos.
É nesse momento que Campos mais utiliza o que aprendeu nos negócios de sua família. “Mudar a disposição dos móveis para evitar que tenham de ser arrastados já ajuda a reduzir o tempo de arrumar um quarto até pela metade”, diz. Nos hotéis da bandeira mais econômica, os frigobares são esvaziados. Os hóspedes podem comprar bebidas, doces e lanches em máquinas de venda automática no saguão e guardá-los no refrigerador. “O tempo antes gasto para abastecimento e conferência do consumo é usado em outras tarefas”, diz Campos.


Uma reciclagem dessas foi feita no primeiro semestre deste ano no Slaviero Slim Joinville, em Santa Catarina. O hotel pertence
ao endocrinologista Dalmo Claro de Oliveira, de 55 anos, que comprou o prédio no início de 2008. “Eu já investia em imóveis
e achei que seria um bom negócio ter um hotel”, diz Oliveira. Ele entregou a gestão ao filho Diogo, que estudava administração
de empresas, e à sua mulher, Joceli. Não deu certo. “Não sabíamos mais o que fazer para atrair hóspedes”, diz Oliveira. “Já estava quase desistindo quando um conhecido, dono de um hotel da Slaviero, me indicou a rede.” Em fevereiro, as duas partes fecharam contrato. Desde então, a nova direção fez a taxa de ocupação do Slaviero Slim Joinville aumentar de 12% para 54%.

Garantir movimento é questão de vida ou morte para empreendimentos de empresas de setores como aviação, transporte de carga e hotéis. Para trazer hóspedes, Campos conta com 70 vendedores, que perseguem metas de ocupação. Eles estão espalhados em 14 cidades, incluindo várias onde não há hotéis da cadeia, como Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte. A missão desses vendedores é apresentar a rede a agências de turismo e empresas em que os funcionários viajam com frequência. Eles também acompanham o calendário das feiras de negócios nos locais onde há hotéis da rede para convidar expositores e visitantes a se hospedar neles durante os eventos. “Esse é um público importante”, afirma Campos. “Quase 70% dos nossos hóspedes em dias
úteis estão a trabalho.”

Hoje, o Slaviero Palace, que o pai de Campos fundou no centro de Curitiba, em 1981, e batizou com o sobrenome da mulher, é o
único que pertence à família. Na capital paranaense há mais seis da cadeia. Um deles é um hotel temático, o Slaviero Full Jazz, onde
corredores e quartos são decorados com cartazes de músicos como Miles Davis e John Coltrane. Os três auditórios do hotel foram batizados com os nomes das cantoras Billie Holiday, Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan. Há também bar com jam sessions ao
vivo e uma coleção de CDs de jazz que podem ser levados aos quartos. “Estou sempre atrás de ideias”, diz Campos. Recentemente,
começou a funcionar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, o Slaviero Fast Sleep, onde é possível tomar uma ducha e tirar uma soneca enquanto se espera uma conexão ou quando um voo é adiado.

Nem todas as iniciativas dão certo. Uma unidade com 148 quartos construída por investidores na cidade de Arapongas, no norte do Paraná, foi entregue à Slaviero em fevereiro de 2008 assim que ficou pronta. Fechou um ano e cinco meses depois. “Achávamos
que haveria procura, uma vez que a cidade é um polo importante da indústria moveleira”, diz Campos. “Mas o hotel nunca deslanchou e os investidores decidiram transformá-lo num prédio residencial.” A preferência, agora, é por capitais e cidades de regiões metropolitanas. Em grandes centros, como São Paulo, a intenção é ter pelo menos um hotel de cada bandeira, como já ocorre com Curitiba. Hoje, há apenas uma unidade da Slaviero na capital paulista. “Queremos estar em forma para a Copa do Mundo”, diz Campos

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