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Rotatividade quase zero na Higra

Como a fabricante gaúcha de bombas Higra mantém seus funcionários motivados e fiéis — em 11 anos, apenas duas pessoas foram embora

Silvino Geremia: "Cada funcionário nosso é duas vezes mais produtivo que a média do setor" (Jefferson Bernardes)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2011 às 05h00.

Prestes a completar 11 anos, a fabricante de bombas hidráulicas Higra, de São Leopoldo, na Grande Porto Alegre, conta apenas dois pedidos de demissão em sua história. O que mantém os funcionários fiéis é uma política de recursos humanos incomum.

A empresa cobre 90% dos custos de qualquer curso que eles queiram fazer, mesmo que os estudos não sejam na área de interesse do negócio. Atualmente, 16 dos 45 profissionais da Higra recebem o benefício. Em 2011, o investimento com educação deverá ser de 150.000 reais, menos de 1% dos 21 milhões de reais de faturamento estimado para este ano.

"É um investimento que dá muito retorno", diz Silvino Geremia, de 66 anos, fundador da empresa. "É só ver nossa taxa de expansão." Nos últimos dois anos, a Higra cresceu quase 40% e conquistou grandes clientes, como Gerdau, CSN e Vale. "Temos uma receita mensal de 35 000 reais por funcionário, duas vezes mais que a média do setor", diz.

Em parte, Geremia acredita ser capaz de colher bons frutos ao proporcionar aos funcionários oportunidades que ele não teve. Como muitos garotos que cresceram na roça, aos 7 anos ele já ajudava a família na lavoura em Farroupilha, no interior gaúcho.


"Queria estudar, mas não tinha condições", afirma. Geremia só terminou o ensino fundamental em um curso supletivo, com quase 24 anos. Depois, formou-se técnico em eletromecânica. "Realizei meu sonho só em parte", diz. "Carrego a frustração de não ter concluído o curso de engenharia mecânica."

A empresa de Geremia ajuda gente como Vagner Gonçalves, de 38 anos, a se qualificar. Em 2003, quando foi contratado para ser operador de máquinas, ele não tinha o 2º grau completo. Hoje faz faculdade de gestão da produção e foi promovido a gestor da área.

"Talvez um dia eu possa chegar a diretor", diz. Com o aprimoramento dos profissionais, foi possível implantar um sistema de gestão batizado de chefia zero, que eliminou a hierarquia. Não há presidente, apenas três diretores e sete gestores. "O sistema funciona graças à qualificação da equipe", diz Alexsandro Geremia, filho do fundador e sócio da Higra.

Silvino Geremia começou a dar importância à qualificação do pessoal em sua primeira empresa, a Bombas Geremia, fabricante de motores e bombas submersas que abriu em sociedade com o irmão antes de ter concluído o curso técnico.

Nos primeiros anos, a empresa tinha dificuldade para manter bons funcionários e sofria para implantar programas de qualidade. "Depois de custear cursos para o pessoal, os programas funcionaram e a rotatividade caiu", diz ele. Quando foi vendida para uma multinacional americana, em 1996, a empresa faturava 26 milhões de reais ao ano e empregava 280 funcionários.

Na época, Geremia precisou lidar com um problema causado pelo excesso de profissionais qualificados.  "Não tínhamos condições de promover tanta gente que se formava", diz. "Muitas vezes, arrumei emprego para eles em outras empresas."

Na Higra, ocorre algo parecido. Os dois funcionários que pediram demissão ingressaram como auxiliares de produção, tornaram-se engenheiros e receberam propostas de concorrentes difíceis de cobrir.

Geremia considera baixo o risco de perder funcionários qualificados diante da capacidade que a empresa tem para atrair gente com potencial — uma vantagem competitiva num mercado de mão de obra aquecido. Ao fundar a Higra, ele formou a equipe basicamente com profissionais da primeira empresa.

Nos próximos três anos, sua empresa precisará dobrar o número de funcionários para triplicar a produção. "Acredito que nossa política educacional vá ajudar a atrair talentos", diz Alexsandro Geremia.

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Prestes a completar 11 anos, a fabricante de bombas hidráulicas Higra, de São Leopoldo, na Grande Porto Alegre, conta apenas dois pedidos de demissão em sua história. O que mantém os funcionários fiéis é uma política de recursos humanos incomum.

A empresa cobre 90% dos custos de qualquer curso que eles queiram fazer, mesmo que os estudos não sejam na área de interesse do negócio. Atualmente, 16 dos 45 profissionais da Higra recebem o benefício. Em 2011, o investimento com educação deverá ser de 150.000 reais, menos de 1% dos 21 milhões de reais de faturamento estimado para este ano.

"É um investimento que dá muito retorno", diz Silvino Geremia, de 66 anos, fundador da empresa. "É só ver nossa taxa de expansão." Nos últimos dois anos, a Higra cresceu quase 40% e conquistou grandes clientes, como Gerdau, CSN e Vale. "Temos uma receita mensal de 35 000 reais por funcionário, duas vezes mais que a média do setor", diz.

Em parte, Geremia acredita ser capaz de colher bons frutos ao proporcionar aos funcionários oportunidades que ele não teve. Como muitos garotos que cresceram na roça, aos 7 anos ele já ajudava a família na lavoura em Farroupilha, no interior gaúcho.


"Queria estudar, mas não tinha condições", afirma. Geremia só terminou o ensino fundamental em um curso supletivo, com quase 24 anos. Depois, formou-se técnico em eletromecânica. "Realizei meu sonho só em parte", diz. "Carrego a frustração de não ter concluído o curso de engenharia mecânica."

A empresa de Geremia ajuda gente como Vagner Gonçalves, de 38 anos, a se qualificar. Em 2003, quando foi contratado para ser operador de máquinas, ele não tinha o 2º grau completo. Hoje faz faculdade de gestão da produção e foi promovido a gestor da área.

"Talvez um dia eu possa chegar a diretor", diz. Com o aprimoramento dos profissionais, foi possível implantar um sistema de gestão batizado de chefia zero, que eliminou a hierarquia. Não há presidente, apenas três diretores e sete gestores. "O sistema funciona graças à qualificação da equipe", diz Alexsandro Geremia, filho do fundador e sócio da Higra.

Silvino Geremia começou a dar importância à qualificação do pessoal em sua primeira empresa, a Bombas Geremia, fabricante de motores e bombas submersas que abriu em sociedade com o irmão antes de ter concluído o curso técnico.

Nos primeiros anos, a empresa tinha dificuldade para manter bons funcionários e sofria para implantar programas de qualidade. "Depois de custear cursos para o pessoal, os programas funcionaram e a rotatividade caiu", diz ele. Quando foi vendida para uma multinacional americana, em 1996, a empresa faturava 26 milhões de reais ao ano e empregava 280 funcionários.

Na época, Geremia precisou lidar com um problema causado pelo excesso de profissionais qualificados.  "Não tínhamos condições de promover tanta gente que se formava", diz. "Muitas vezes, arrumei emprego para eles em outras empresas."

Na Higra, ocorre algo parecido. Os dois funcionários que pediram demissão ingressaram como auxiliares de produção, tornaram-se engenheiros e receberam propostas de concorrentes difíceis de cobrir.

Geremia considera baixo o risco de perder funcionários qualificados diante da capacidade que a empresa tem para atrair gente com potencial — uma vantagem competitiva num mercado de mão de obra aquecido. Ao fundar a Higra, ele formou a equipe basicamente com profissionais da primeira empresa.

Nos próximos três anos, sua empresa precisará dobrar o número de funcionários para triplicar a produção. "Acredito que nossa política educacional vá ajudar a atrair talentos", diz Alexsandro Geremia.

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