Remessa Online: novo produto é fruto de um investimento de 110 milhões de reais que a startup recebeu em junho (Remessa Online/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 9 de outubro de 2020 às 19h00.
Última atualização em 13 de outubro de 2020 às 10h52.
A startup brasileira Remessa Online lança um novo produto neste mês que promete facilitar o cotidiano de outras startups. Conhecida por intermediar transações internacionais, a empresa criou o Remessa for Startups, um produto específico para ajudar empresas de inovação brasileiras a receber aportes de fundos de investimento internacionais.
“Nós já passamos por isso, vivemos o processo de captação na pele. Agora criamos uma estrutura para dar o melhor atendimento possível para as startups não precisarem se preocupar na hora de receber uma captação”, diz Alexandre Liuzzi, cofundador e diretor de estratégia da Remessa Online.
A startup, criada em 2016 para permitir que pessoas físicas enviassem dinheiro para o exterior, recebeu em junho um aporte de 110 milhões de reais liderado pelo fundo Kaszek Ventures (Nubank, QuintoAndar). Na época, os sócios disseram que iriam usar o aporte para investir na sua recém-criada área de pessoa jurídica, focada em pequenas e médias empresas.
De acordo com Liuzzi, as startups mais jovens enfrentam dificuldades burocráticas na hora de trazer um investimento estrangeiro para o Brasil. “Elas precisam montar uma estrutura offshore de suas operações, fazer ajustes na parte jurídica, decidir como declarar os recursos e depois explicar ao banco tradicional que precisa transferir aquele dinheiro”, diz o diretor.
Em geral, esse processo burocrático pode demorar meses, mesmo quando o investimento já está definido por parte dos fundos. Para tentar facilitar o processo, a Remessa criou um modelo de consultoria. “Nós aprovamos a transação no mesmo dia e ajudamos a organizar a documentação”, diz Liuzzi.
Cinco funcionários da Remessa estão a postos nas empresas e fundos de investimento para tirar dúvidas sobre o processo e agilizar o recebimento do dinheiro. A cada transação feita, a empresa vai cobrar uma taxa, a depender do volume recebido. Segundo o sócio, os valores cobrados serão 50% a 70% menores do que os praticados pelas instituições financeiras tradicionais.
Apesar de o produto oficialmente estar sendo lançado agora, a empresa já trabalha com remessas internacionais para startups. Desde 2019, quando lançou a versão corporativa de seu serviço de transferências, o Remessa for Business, a startup foi procurada por empresas como Sallve, Xerpa e Flash para ajudar em captações.
Desde então, mais de 500 milhões de reais foram transacionados pelas startups clientes. A maior parte delas recebe capital semente ou aportes em séries A e B de venture capital, que movimentam entre 2 milhões e 20 milhões de dólares.
De acordo com Liuzzi, esse é o perfil de empresa que a startup busca como cliente agora. “Queremos participar do início da jornada da startup, quando a dor é maior e a empresa ainda está se estruturando”, diz o cofundador.
Conquistar uma startup como cliente ainda nas suas primeiras rodadas de captação é uma oportunidade para a Remessa se tornar uma parceira ao longo de toda a vida daquela empresa. Assim, a companhia tem mais chances de participar das transações de rodadas maiores e também de vender outros serviços financeiros.
As oportunidades no ecossistema brasileiro são enormes. Só em setembro, as startups brasileiras receberam 843 milhões de dólares em aportes. Nos nove primeiros meses do ano, foram 2,2 bilhões de dólares. Já o ano passado, o total recebido foi recorde: 2,7 bilhões de dólares, 80% mais que em 2018.
A empresa surgiu da amizade de mais de 20 anos entre Alexandre Liuzzi e Fernando Pavani. Os amigos se conheceram na faculdade e seguiram carreira no mercado financeiro até que decidiram empreender juntos em 2015. Liuzzi diz que viu uma oportunidade no mercado de transferências internacionais quando estudou no exterior e precisava fazer remessas. “Recebia quase sempre 15% menos do que tinha enviado”, diz.
Com Stefano Milo e Márcio William, os amigos lançaram o negócio em 2016 com capital próprio. Em 2017, a empresa recebeu um aporte de Marcelo Maisonnave, ex-sócio da XP Investimentos. Com o dinheiro, aos poucos, a Remessa foi incluindo mais opções de serviço para os clientes, como possibilidade de investir no exterior e automatizar pagamentos recorrentes, como aluguel.
Em 2018, com a rodada série A de cerca de 20 milhões de reais, a startup começou a investir em uma estrutura própria de desenvolvimento de processos. No final de 2019, a companhia lançou o Remessa for Business, focado em atender as pequenas empresas.
A crise causada pelo coronavírus acelerou o produto para pessoa jurídica. Sem conseguir ser atendidas por grandes bancos, as pequenas empresas procuraram alternativas para processar seus pagamentos internacionais. Com a alta do dólar, muitas delas viram uma oportunidade para ampliar o mercado e exportar mais. No período, a Remessa Online conseguiu um crescimento de cerca de 90% na comparação ano a ano, puxado principalmente pelo serviço business.
Desde sua criação, a fintech já soma mais de 10 bilhões de reais transacionados.