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Redução dos juros favorece PMEs, diz Delfim Netto

Economista e ex-ministro da Fazenda falou no Seminário Internacional sobre Pequenos Negócios

"As grandes inovações estão na pequena empresa. Por isso, merece toda a atenção do governo”, afirmou (Germano Lüders/EXAME)

"As grandes inovações estão na pequena empresa. Por isso, merece toda a atenção do governo”, afirmou (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2012 às 13h00.

São Paulo - A redução dos juros anunciada recentemente pelos bancos públicos e seguida por instituições financeiras privadas pode ser uma boa oportunidade para que o custo do crédito para as micro pequenas empresas (MPE) também caia, afirmou o ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto. Ele participou, nesta quarta-feira (18), do Seminário Internacional sobre Pequenos Negócios, promovido pelo Sebrae. O evento segue até sexta-feira (20).

O crédito para os pequenos negócios, apesar de ser menor que o disponibilizado às grandes empresas, incentiva o sistema produtivo e a inovação tecnológica. “É no fundo de quintal que as coisas importantes acontecem. As grandes inovações estão na pequena empresa. Por isso, merece toda a atenção do governo”, afirmou.

O economista, na palestra Visão da Economia Global, seus rumos e seus impactos, considerou que o crédito para as pequenas empresas no Brasil é ruim. No entanto, ele acredita que os bancos estatais, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, são exemplos de como o sistema financeiro pode entender as necessidades do empreendedor brasileiro.

Para Delfim, o estado tem papel estimulador para a inovação, a competição e eficiência da economia. Segundo ele, o empreendedor é mais intuitivo do que racional. “O empresário sente e reage. Depois ele pergunta para um economista se tem taxa de retorno. Quando o economista diz que não há taxa de retorno, ele executa porque sabe que vai dar certo”, brincou o ex-ministro, arrancando risos da plateia.


Delfim Netto elogiou a liberdade de se empreender no Brasil. “A sociedade aberta significa essa plena liberdade de iniciativa dos cidadãos. Isso é que é importante para o Sebrae. O sujeito que está limpando o chão ou aquele que está fazendo um bolinho de repente descobre que, comprando um aparelho, ele arranja um crédito e se torna um novo empreendedor, a despeito de todas as dificuldades administrativas”.

Ambiente de negócios

Entre os desafios que o Brasil deverá enfrentar nas próximas décadas, o ex-ministro da Fazenda acredita que esta a recuperação da competitividade, a redução das distorções do sistema tributário e a melhoria do ambiente de negócios. “Nosso problema é grave, em matéria de ambiente de negócios. O Fórum Internacional, que examina a situação das empresas em 180 países, coloca o Brasil numa posição dramática. Nós somos o 143º em matéria de simplificação administrativa e tributária e regulação do mercado trabalho”, disse.

Sobre a questão da taxa de juros e a inflação, ele acredita que o Brasil está adotando o caminho correto. Para ele, a inflação acumulada dos últimos anos tem um componente do setor de serviços, que está ligado à “mudança civilizatória” recente. “Na inclusão social que está aí, a senhora que era empregada doméstica, hoje é manicure. A manicure está no call center, a do call center está no supermercado, a do supermercado é gerente de uma loja de departamentos. A primeira, que usava sabão de coco, hoje usa sabonete”, analisou.

Ao final de sua fala, Delfim elogiou a contribuição do Sebrae para o desenvolvimento. “As relações empresariais já não dependem mais do ambiente físico e a contribuição do Sebrae para isso é muito grande. Em 1972, nós criamos o Sebrae e a Embrapa. São dois exemplos de sucesso. Já naquela época sabíamos da importância da pequena empresa para o processo de desenvolvimento do país”.

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