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Localizar parente preso virou negócio nos Estados Unidos

O ex-presidiário Frederick Hutson criou a Pigeonly com base no cruzamento de dados do sistema carcerário americano para ajudar quem está atrás das grades a se comunicar com a família

Missão da Pigeonly: conectar presidiários e sociedade, beneficiando a ambos (Divulgação / Pigeonly)

Missão da Pigeonly: conectar presidiários e sociedade, beneficiando a ambos (Divulgação / Pigeonly)

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Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2014 às 09h10.

São Paulo - Os Estados Unidos têm a maior população carcerária do mundo — são cerca de 2,3 milhões de presidiários em 3 000 cadeias espalhadas pelo país. Muitas vezes, os presos são transferidos de uma prisão para outra sem que a família seja avisada.

Para completar, é difícil conseguir informações precisas sobre a nova localização de quem está atrás das grades — não é raro os familiares ficarem meses sem ter contato algum com o parente que está cumprindo pena. O empreendedor americano Frederick Hutson, de 29 anos, viveu essa situação na pele.

Em 2007, ele foi acusado de transportar maconha do México para os Estados Unidos e teve de passar mais de quatro anos preso. Durante esse tempo, não conseguiu ter notícias frequentes da família. “Minha mãe trabalha muito e para ela era difícil ter tempo para escrever cartas ou imprimir fotos e ir até o correio para enviá-las”, disse Hutson ao jornal americano The New York Times.

O fato de muitas vezes os parentes simplesmente desconhecerem o paradeiro do preso também dificulta o contato com as pessoas de seu círculo de relacionamento.

Hutson percebeu que a família dos presidiários e suas necessidades formavam um nicho ainda pouco explorado — e bastante promissor. O mercado formado pelos presos e por seus familiares movimenta cerca de 2 bilhões de dólares por ano.

Em média, 1,5 bilhão anual é gasto pelas famílias com despesas como custos de ligação para falar com os presos e transporte para visitá-los. Atento ao potencial do setor, em 2012 Hutson fundou a Pigeonly, especializada em serviços voltados para atender parentes, cônjuges e pessoas próximas dos presidiários.

Um deles é a busca rápida da localização de presos. Para conseguir informar o paradeiro do encarcerado com bastante agilidade e precisão, o empreendedor criou um sistema que faz o cruzamento dos dados disponíveis no sistema carcerário americano. Em geral, essas informações são difíceis de ser interpretadas por usuários leigos.


O cliente precisa apenas informar à empresa o nome completo do preso. Quase instantanea­mente, a Pigeonly fornece o endereço do local onde o presidiário se encontra.

Hutson também desenvolveu uma tecnologia VoIP (plano de ligação telefônica pela internet) voltada a essa mesma clientela. O sistema reduz cerca de 50% o custo das ligações para os presídios ao gerar um número de telefone do mesmo estado em que o preso está. Muitas vezes, a família de quem cumpre pena é de classe menos favorecida — qualquer economia é bem-vinda.

O empreendedor também enxergou uma oportunidade de negócio na dificuldade das famílias em mandar fotos para o preso. A Pigeonly inventou um sistema para receber fotografias virtualmente, imprimi-las e endereçá-las aos presidiários. Os clientes podem fazer o upload das imagens por meio de um aplicativo ou pelo site da empresa pagando 50 cents por foto.

O frete é grátis e a entrega é feita num prazo de três a cinco dias. Com impressão em máquina própria, a empresa consegue ter boa rentabilidade ao manter o preço do serviço em conta e ganhar no volume de fotos.

Para divulgar esse serviço, a Pigeonly enviou material de divulgação para 10 000 presos, pedindo que convidassem seus familiares a conhecer a empresa. Com isso, a ­Pigeonly ganhou cerca de 2 500 novos clientes.

O crescimento da empresa, que nos próximos anos deverá faturar cerca de 22 milhões de dólares, e o fato de Hutson ter desvendado um novo mercado foram fatores que chamaram a atenção de investidores. Em 2012, a aceleradora americana NewME, focada em empresas emergentes especializadas em criar tecnologias para setores pouco explorados, alocou cerca de 1 milhão de dólares na Pigeonly.

“O potencial de crescimento do nicho de mercado em que a empresa atua é grande”, disse a Exame PME Angela Benton, fundadora da NewME. O capital está sendo empregado na contratação de funcionários e na criação de novos serviços. “Hutson encontrou uma ideia nova e fresca”, afirma ­Angela. “O conhecimento que ele tem do mercado é inestimável.”

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