A paixão pelas pimentas se traduz na quantidade de espécies cultivadas pelo empresário (Joven David / Stock Xchng)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2012 às 15h05.
Brasília - Formado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB), Sylvio Borges viu seu destino mudar para longe das aulas de inglês quando comprou uma chácara para viver com Priscila de Ávila, sua esposa. A plantação, que era um hobby, virou paixão e ele se tornou um empresário de agronegócio muito bem sucedido com a criação da empresa Cornucópia. A cada semana produz cerca de 500 vidros de 50 ml com derivados de pimentas, como molho picante chipotle, geleia e licor.
As primeiras espécies que Sylvio e Priscila resolveram cultivar foram maracujá e framboesa, que não deram certo. “Por acaso, nós compramos um pé de pimenta para colocar na porta de casa com a intenção de espantar mal olhado. Quando apareceram alguns bichos, comecei a estudá-la e me interessei”, conta Sylvio. Com o tempo, ele aprofundou os conhecimentos e participou de eventos como o Fórum Mundial de Plantadores de Pimenta. Ao perceber que o adubo de cabra era o mais indicado para a cultura, o produtor resolveu criar os caprinos e hoje também comercializa leite, iogurte, queijo e cream cheese de produção própria.
A paixão pelas pimentas se traduz na quantidade de espécies cultivadas por ele. Atualmente conta com plantas de 90 países. “Realizo o plantio de 150 variedades de pimentas e além disso, guardo em um cofre cerca de 400 tipos de sementes, que pretendo plantar até 2013”. Sylvio justifica o cuidado ao guardar as amostras. “São muito caras, que compro em sites especializados e certificados pela Organização Mundial da Saúde. Tenho exemplares que vieram de lugares como Vietnã, Laos e Egito”, revela o produtor.
Antes de procurar a ajuda do Sebrae no Distrito Federal, o empresário carecia de informações sobre gestão dos negócios. “Sempre soube que as pessoas que participavam dos projetos alcançavam sucesso. Quando conheci os analistas de agronegócios da instituição, não larguei mais”, confessa. Entre as soluções oferecidas, o produtor apostou na consultoria. “Investi na construção de uma identidade visual para todos os produtos, criação de símbolo da empresa e materiais como panfletos”.
Em eventos de agronegócios e gastronomia na cidade, Sylvio conheceu chefs de cozinha e proprietários de restaurantes que se encantaram pela qualidade do trabalho realizado. A partir desses encontros surgiram parcerias e oportunidades de negócios. “Hoje produzo molhos de pimentas personalizados para casas de gastronomia conceituadas”. Dentre as casas de Brasília que utilizam seus produtos estão o mexicano El Paso Texas, o Barbacoa, especializado em carnes, e o Dom Francisco, de comida variada.
O empresário conta que o atendimento é presonalizado. “Levo quatro opções para o cliente: sangue de dragão, picada de escorpião, hot barbecue, e molho habaneiro – com pimentas mexicanas. A partir desses produtos ele me informa de que forma será a consistência, espessura, coloração e ardência, e assim desenvolvo o molho”, conta.
A participação em feiras nacionais, com apoio do Sebrae, foi fundamental para contatos com empresários de outros estados. “Conseguimos o selo do Departamento de Defesa Agropecuária e Inspeção de Produtos de Origem Vegetal e Animal (DIPOVA) e assim ampliamos nossas vendas”. Atualmente, a Cornucópia conta com clientes de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Sul, Paraná, entre restaurantes, hotéis e pousadas.
Para o futuro, o objetivo é se tornar o primeiro produtor de leite de cabra orgânico da região centro-oeste. “Queremos produzir o primeiro queijo mofado de cabra orgânico da região. Nós, que somos pequenos, temos que trabalhar com o exótico, o diferente, para conseguirmos ascender no mercado. E é por isso que também trabalhamos com pimentas raras, difíceis de cultivar”, conclui.