PME

Por que, para este diretor da WeWork, é hora de o Brasil brilhar

Head global do programa WeWork Labs, iniciativa para startups iniciantes da empresa de comunidade e coworking, fala sobre o potencial empreendedor no país

Head global do WeWork Labs, Roee Adler: diretor anunciou a iniciativa na WeWork Paulista, em São Paulo (WeWork/Divulgação)

Head global do WeWork Labs, Roee Adler: diretor anunciou a iniciativa na WeWork Paulista, em São Paulo (WeWork/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 26 de março de 2018 às 06h00.

Última atualização em 26 de março de 2018 às 06h00.

São Paulo - A WeWork está há apenas nove meses no Brasil e já está confiante de que o país se tornará um de seus maiores mercados. Com sete prédios e 6,5 mil membros brasileiros, a empresa de comunidade e coworking anunciou neste mês que o Brasil receberá sua iniciativa para startups iniciantes.

Chamado de WeWork Labs, o programa surgiu para alguns mercados em 2011, quando os planos de expansão internacional da WeWork se tornaram mais prioritários. Hoje, com seu crescimento já estruturado, a empresa relançou o WeWork Labs. No Brasil, a iniciativa foi anunciada na WeWork Paulista (São Paulo) pelo diretor global do WeWork Labs, Roee Adler.

Alguns dos benefícios descritos são conexões, mentorias e preços mais atrativos às startups iniciantes - a média de valores para quem participa do WeWork Labs e quer uma mesa dedicada deverá se aproximar do preço praticado na modalidade coletiva “hot desk”, de 750 reais mensais.

Em entrevista exclusiva a EXAME, Adler deu mais detalhes do programa para startups iniciantes e descreveu o potencial que a WeWork enxerga no mercado brasileiro de empreendedorismo.

“Posso dizer que saio de São Paulo mais otimista do que poderia imaginar. Encontrei pessoas que realmente se importam em crescer, em resolver os problemas que encontram. Elas sentem que agora é a hora de fazer mudanças econômicas e sociais, e o empreendedorismo possui um papel importante nessa transformação de vidas. É o momento de o Brasil brilhar.”

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:

EXAME — Como o WeWork Labs será diferente de sua primeira versão, em 2011?

Roee Adler — Muitos dos elementos essenciais do WeWork Labs ainda existem. Por exemplo, ter um toque pessoal, conhecendo todas as startups e pensando em um programa específico para cada uma delas; ter conexões com investidores e com a mídia; e realizar eventos de apresentação dessas startups em estágio inicial para uma audiência acessível e disposta a dar feedbacks.

Mesmo assim, o tamanho da nossa atuação hoje, com a adesão de diversas companhias e países à comunidade WeWork, permite que façamos coisas que jamais imaginamos em 2011. Queremos reinventar como o suporte para o ecossistema de startups funciona ao redor do mundo.

Poderia dar um exemplo prático dessa reinvenção?

Pensando em uma startup brasileira: como ela define e atinge seu público-alvo? O Brasil possui uma economia e um território gigantes, então várias startups podem se tornar bem sucedidas apenas atuando nacionalmente.

Ao mesmo tempo, para outras startups olhar novos mercados pode ser valioso. Pensar no WeWork Labs como uma iniciativa global e conectar esses negócios em qualquer país com qualquer outro é uma mudança possível e animadora.

Lembrando que isso não significa apenas conectar o Brasil ao Vale do Silício. É possível se relacionar com diversos países da Europa, por exemplo, que seriam mais interessantes para a empresa atrair novos mercados, diante de custos e benefícios.

Por que o WeWork Labs decidiu focar em startups em estágio inicial, pré-investimento semente e pré-aceleração?

Nós achamos que há diferentes ciclos na vida de uma startup, com seus respectivos ecossistemas de apoio ao redor do mundo. Incubadoras e aceleradoras fazem um trabalho muito importante e ajudam as startups a alcançarem o sucesso, mas a maioria delas são exclusivas: há mais startups querendo entrar do que as que efetivamente participam dessas instituições.

Em muitos países, especialmente na região da América Latina, podemos fazer o maior impacto possível ao preparar donos de negócio em seus primeiros passos. Muitos desejam abrir sua startup, mas não possuem apoio para tal.

Apesar dessa preferência, nossa abordagem é estar ao lado de qualquer um que queira seguir a trajetória de uma startup, seja ele empreendedor iniciante ou avançado.

Às vezes, nosso trabalho é ajudar os empreendedores a achar seu caminho e provocar mudanças em sua ideia de negócio. Também achamos que podemos criar valor ao unir startups com pessoas que podem ajudá-las ao longo da jornada, como grandes empresas e incubadoras mais específicas. Depois, quando os empreendedores se graduarem, podem voltar à WeWork. Nossa missão é ser um parceiro ao longo de toda cadeia.

Como o WeWork Labs funcionará, em detalhes?

Há seis pilares em nosso programa. O primeiro é o de comunidade: conectar os membros do Labs aqui no Brasil a outros participantes do Labs pelo mundo e a membros do ecossistema empreendedor gera um grande sistema de suporte. Algo valorizado pelos nossos membros, por exemplo, é praticar seus pitches: cada empreendedor apresenta sua ideia de negócio em um ambiente amigável.

O segundo pilar é o de mentoria. Em cada mercado, nós alinhamos lideranças locais que possam dar conselhos técnicos e de mercado. Além de gerar resultados práticos, nossas mentorias são potenciais de conexão com outros membros da WeWork além dos empreendedores - um potencial conselheiro, investidor ou cliente pode estar no mesmo prédio que você.

A WeWork possui parcerias e conexões com lideranças de grande presença global, como a rede TechStars, mas também procura as melhores organizações para ajudar as startups brasileiras de forma customizada. Por enquanto, ainda não divulgaremos quais serão esses parceiros no Brasil.

Nosso terceiro pilar é educação. Nosso programa permite que o empreendedor entre quando quiser e fique enquanto julgar a proposta interessante. Por isso, temos um conteúdo educacional diverso, com lições tanto para startups nascentes quanto para startups que já estão expandindo em diversas plataformas. O conteúdo é feito tanto localmente, por lideranças brasileiras experientes no mercado de startups regional, quanto por aprendizado entre os diferentes mercados.

Nosso quarto pilar é a conexão com investidores e com a mídia: ou seja, expor as startups a como esses agentes pensam e a oportunidades de destaque. O quinto pilar é ajudá-las a contratar.

Por fim, o sexto pilar é ajudá-las a dar de volta à comunidade. Acreditamos que muitas startups, com a oportunidade certa, teriam prazer em devolver aquilo que aprenderam. Mas muitas estão tão ocupadas com o próprio negócio que não arrumam tempo para descobrir a melhor forma de ajudar seu ecossistema. Nesse sentido, acreditamos que trazemos uma mudança social, promovendo iniciativas locais.

Quais países possuem o WeWork Labs hoje e por que o Brasil foi escolhido como segundo local de lançamento, logo após os Estados Unidos?

O programa já opera em diversas cidades dos Estados Unidos. Nos próximos seis meses, iremos lançá-lo no Brasil, na China, na Coreia do Sul, na Índia e em Israel.

Eu penso que a América Latina, em geral, está passando por um grande crescimento do empreendedorismo. Há muita oportunidade para que ajudemos cidades nas quais esse desejo de abrir empresas é enorme, mas a infraestrutura não acompanha.

Nesse sentido, o Brasil é um dos países mais animadores no momento. Basta olhar para o número de potenciais empreendedores que existem e o tamanho da rede de apoio. A distância é enorme, e isso cria oportunidades para companhias como a WeWork se juntarem e cobriram tal lacuna.

Até o fim deste ano, esperamos que a comunidade brasileira do WeWork Labs se torne a maior do mundo. Penso no tamanho da economia, da geografia, da população e principalmente da cultura do empreendedorismo.

Posso dizer que saio de São Paulo mais otimista do que poderia imaginar. Encontrei pessoas que realmente se importam em crescer, em resolver os problemas que encontram. Elas sentem que agora é a hora de fazer mudanças econômicas e sociais, e o empreendedorismo possui um papel importante nessa transformação de vidas. É o momento de o Brasil brilhar. Se pudermos emprestar nossa infraestrutura para que isso aconteça, será incrível.

Nesse sentido, somos um catalisador dessa expansão dos negócios próprios, ajudando comunidades a irem para frente. Fazemos não só porque nos importamos e é a coisa certa a ser feita, mas também porque também é proveitoso financeiramente. Quando esses dois aspectos se unem, qualquer estratégia se torna muito interessante.

Acompanhe tudo sobre:dicas-de-inovacao-de-pmeEmpreendedoresEmpreendedorismoInovaçãoStartupsWeWork

Mais de PME

ROI: o que é o indicador que mede o retorno sobre investimento nas empresas?

Qual é o significado de preço e como adicionar valor em cima de um produto?

O que é CNAE e como identificar o mais adequado para a sua empresa?

Design thinking: o que é a metodologia que coloca o usuário em primeiro lugar