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Por que a Pixar é uma das empresas mais criativas do mundo

Você sabia que pode transformar sua empresa numa das mais criativas do seu setor? Veja como a Pixar faz para inovar.


	“Procurando Nemo”: animadores da Pixar voaram para o Havaí e foram ter experiência com mergulho antes de fazer o filme
 (Disney/Divulgação)

“Procurando Nemo”: animadores da Pixar voaram para o Havaí e foram ter experiência com mergulho antes de fazer o filme (Disney/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2016 às 11h12.

Hoje eu quero ajudá-lo a dar mais um passo na sua trajetória empreendedora. Quero começar sugerindo a você o que pouca gente fala: desconfie dos MBAs tradicionais, dos excessos de planejamentos, da aversão ao risco. E digo mais: duvide daquilo que podem estar sugerindo para você como o modelo ideal para chegar à inovação.

E por que estou falando tudo isso? Simples: vamos conhecer a fórmula de sucesso de uma das empresas mais criativas do mundo, dona de uma coleção de 12 estatuetas do Oscar e que tem tudo a ver com você. Vamos lá:

Ed Catmull, CEO da Pixar, inicia o livro Criatividade S.A. lembrando do estouro da bolha da nova economia.

Pois é: há alguns anos, no Vale do Silício, jovens com ideias criativas e brilhantes buscavam um financiamento, abriam uma empresa e, reunindo um monte de gente esperta, desenvolviam um produto que alcançava um sucesso repentino. Seus CEOs inevitavelmente acabavam ganhando a capa da Fortune. Eram os titãs do novo mundo.

Mas, de repente, algumas dessas empresas acabavam saindo dos trilhos, e era o fim. Você deve estar se perguntando: por quê? É exatamente essa a pergunta que não saía da cabeça de Ed. Será que não seria a Pixar a próxima a fracassar?

A pergunta que mais se fazia era: por que pessoas inteligentes, que haviam construído grandes impérios no Vale, tomavam decisões tão incertas que levavam suas empresas a fracassarem de repente?

Com certeza eles acreditavam que estavam fazendo a coisa certa. Por que algo os cegava? Veja a sacada genial de Catmull:

As coisas boas estavam ocultando as más. Quando fatores positivos convivem com os negativos, como costuma ocorrer nas empresas, as pessoas relutam em explorar aquilo que as está incomodando por medo de serem taxadas como negativas. Compreendi que esse tipo de coisa, quando não corrigida, poderia infectar e destruir a Pixar. Para mim, essa foi a descoberta providencial.

Bem, com essa preocupação, Catmull desenvolveu um modelo, uma forma de ser, que vou resumir em três conceitos para você:

1. Foco nas pessoas

Bem, isso pode parecer para você um clichê, mas não na Pixar. Catmull diz que, outro dia, um amigo seu estava preocupado com a total falta de ideias em sua empresa. Ele parou, pensou e respondeu:

- A sua empresa está precisando é de pessoas. Pessoas são mais importante que ideias. Ideias vêm depois.

E isso tem muito a ver com você, porque sua empresa precisará selecionar muito bem as pessoas que farão parte de seu time. Agora, veja como as pessoas certas podem fazer ou não sua a empresa brilhar. Na Pixar, tudo começa pelo diretor artista, o qual não tem obrigatoriamente um MBA.

Ele apresenta uma visão de uma possível ótima história que pode se transformar em um filme. Se a ideia de produto (no caso, o filme) é aprovada, logo as pessoas têm um desafio: pesquisar e iterar. E elas fazem isso entrando na pele do cliente. Veja você: mais uma vez fica confirmada a necessidade de ter as pessoas certas.

Antes de fazer o filme Procurando Nemo, os animadores voaram para o Havaí e foram ter uma experiência com mergulho. Viajaram também para a Escócia enquanto produziam o filme Valente, o qual é riquíssimo em significados. Agora pare para pensar: isso tudo é muito parecido com o que você fez quando desejou lançar a sua startup, não é?

No início, era apenas uma ideia em sua mente. Você precisou testar todas as hipóteses do seu MVP (produto mínimo viável) junto ao seu próprio cliente. Não é diferente na Pixar. Mas, agora, você me perguntará: como posso ser mais assertivo para ter o profissional adequado? Bem, vamos lá:

O primeiro passo é procurar por um profissional que seja criativo e também tenha muita iniciativa para resolver as infinidades de problemas que surgem em todas as organizações.

Mas, mais que isso, procure alguém que goste de trabalhar com outras pessoas. Se você já encontrou essa pessoa, agora é hora de se certificar que ele saiba interagir intensamente numa comunidade empresarial, porque a genialidade está no conjunto do time.

2. Crie uma cultura interativa entre as pessoas

Na Pixar, os funcionários podem vir trabalhar de skate, parar no meio do expediente para jogar videogame e ainda decorarem seus escritórios, transformando-os em uma cabana do Tarzan. Estamos falando, então, de um ambiente que contribua para a inspiração, imaginação, interação e troca de ideias. E qual é o segredo que está aí, implícito?

Na Pixar, os esboços iniciais de um filme são chamados de bebês feios. São feitos para se refazer, para falhar o mais cedo e rápido que puder, para assim melhorar e melhorar. São versões para a disrupção.

Não há criatividade e inovação quando você replica o que deu certo no passado apenas por total temor ao risco de testar o novo.

Veja que eu falei do perigo da aversão aos riscos das empresas tradicionais. Isso é tão forte que, certo dia, Steve Jobs ligou para Catmull para verificar o progresso de um filme, e a resposta que Jobs recebeu foi: está realmente estranho, não tivemos um só problema nesse filme.

É óbvio que muitos investidores teriam ficado felizes com aquela notícia, mas não Steve. Ele respondeu: tome cuidado, você está, então, num lugar perigoso.

Lembra a sacada de Catmull sobre o medo das pessoas de serem taxadas de negativas? Pois é, você precisa criar a cultura da coragem, superando os medos, porque todos sabem que é muito melhor ouvir dos colegas um feedback de que há um problema — quando ainda há tempo para resolvê-lo — do que do público, quando, então, já seria tarde demais.

Para Catmull, a criatividade é coletiva e o caminho até chegar a ela, como na navegação, é cheio de fragilidades. Se você quiser evitar os erros, com excessos de planejamentos, você permanecerá no caminho seguro, mas, inevitavelmente irá apenas copiar e não se diferenciar. Portanto, você precisa incentivar muito a tentativa e erro.

Se você ainda tem dúvidas sobre o que fazia os CEOs do Vale do Silício fracassarem, aqui está a resposta de Ed Catmull para você: os CEOs tradicionais têm medo de se arriscar. São formados numa cultura de MBAs baseados em excesso de planejamento e avaliação de riscos.

Assim, deixam de pivotar por não testarem com rigor a sua estratégia. A lição mais importante que tiramos daqui é: não há uma só pessoa que você tenha contratado que não seja mais inteligente e criativa.

3. Estilo de liderança

O estilo de liderança a ser adotado por você é aqueles que seja mais adequado ao seu perfil e que melhor se ajuste ao seu time para alcançar os resultados que você quer. Não há um padrão. Seja você mesmo! Você pode se adaptar a vários estilos e alcançar sucesso.
Mas veja o que a Pixar traz de valor a mais para você:

As pessoas ao seu redor têm visões e perspectivas diferentes. É como se você vivesse com elas em um condomínio, mas em andares diferentes de um prédio. Cada uma, portanto, ao olhar para o horizonte, tem "vistas" diferentes.

O seu desafio como líder é transitar por essa espécie de comunidade e se comunicar de forma eficaz com todos, para integrar essa multiplicidade de forças e visões, com vistas a um objetivo comum.

Imagine que você fosse velejar pelo oceano. É claro que, antes de sair, deve existir um planejamento básico, padrões a serem seguidos para se aventurar no mar. Mas, veja: como velejador, é impossível evitar o mau tempo e as tempestades que podem surgir.

Comparando, você precisa aceitar que empreender, como velejar, significa ter que enfrentar os dias bons e maus que sucederão. Isso você não poderá evitar e sim enfrentar. Assim, como líder, você terá que preparar seu time para criar soluções e superar o que vier, porque a sua meta é, independentemente da imprevisibilidade, chegar ao destino que você planejou.

Perceba: na Pixar, por mais que tudo tenha tons liberais, a responsabilidade é um ponto alto e o diretor que perde a confiança de seu time deve sair. Então, o líder precisa conquistar esse ambiente de confiança e proatividade e mantê-lo sadio a partir de três outros básicos princípios. Anote aí:

- Atenue os controles sobre os líderes de projeto para que aceitem riscos sem medo de errar. Mas, aqui, o sentido é a excelência, e não a facilidade;
- Crie um ambiente que incentive as pessoas a partilharem o trabalho que está em curso. Logo, ponha mais mentes no jogo;
- Derrube as barreiras que separam as especializações, para que as pessoas se apoiem umas nas outras. Lembre-se: se inovar é o resultado da criatividade coletiva, o seu desafio é ser o maestro desse time.

Finalizando, é assim que na Pixar nascem as histórias mais fantásticas e originais e que irão continuar encantando a todos nós. Espero ter ajudado você e vá em frente!

Veja um vídeo resumindo este texto:

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Texto publicado no Impact Player e reproduzido pela Endeavor.

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