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Com PMEs desesperadas por crédito, Itaú bate teto do Pronampe em meia hora

Banco privado atingiu na manhã desta segunda-feira, 13, o valor de 3,7 bilhões de reais em empréstimos pelo programa do governo

Itaú: aplicativo Itaú Empresas, que concentrou as solicitações do programa, teve instabilidade devido à alta demanda (ITACI BATISTA/AE/AE/Agência Estado)
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Carolina Ingizza

Publicado em 13 de julho de 2020 às 17h54.

Última atualização em 15 de julho de 2020 às 10h49.

O banco Itaú conseguiu atingir o volume total de crédito disponível pelo Programa de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte ( Pronampe ) em apenas meia hora na manhã desta segunda-feira, 13. No total, foram emprestados 3,7 bilhões de reais a 37.000 micro e pequenas empresas .

O banco disponibilizou a contratação do crédito somente pelo aplicativo Itaú Empresas. Na sexta-feira, por conta de instabilidade nos sistemas devido a alta demanda, o banco suspendeu o serviço até esta segunda-feira. Até então, tinha concedido já 70% dos 3 bilhões disponíveis.

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“Finalizamos a concessão dos 30% restantes, que correspondiam a 1 bilhão de reais na primeira meia hora de operação nesta segunda-feira. Tivemos ainda um valor extra de 700 milhões de reais, solicitado durante o final de semana ao Banco do Brasil, administrador da linha, também já totalmente concedido aos nossos clientes neste mesmo período”, afirma Carlos Vanzo, diretor executivo comercial do banco de varejo do Itaú Unibanco.

A rapidez com que o banco emprestou o total disponível no Pronampe frustrou muitos clientes, que tiveram problemas de acesso na plataforma digital nesta segunda-feira. Ana Carolina de Campos, dona da empresa paulistana C+A Arquitetura para Saúde, soube pela gerente que havia a possibilidade de crédito pelo Pronampe a partir da última quinta-feira, 9, pelo aplicativo do banco.

 

Na semana passada, apesar de inúmeras tentativas, não conseguiu utilizar o serviço. "Hoje acordei às 4 horas da manhã para fazer a solicitação e aí começou a dificuldade. O aplicativo informou que só estaria disponível às 8h. No horário, comecei as novas tentativas, mas sem sucesso”, conta Campos. Como ela também é correntista da Caixa, disse que irá tentar acessar a linha pelo banco. "Já informei que quero o crédito, mas ainda não fui chamada", afirma a empresária.

Nilcemar Ferreira, dono da .BAT Tecnologia, empresa de software e hardware de Muriae, em Minas Gerais, também não conseguiu crédito pela solicitação no app do Itaú. Para ele, o banco era a última alternativa, depois de ter tentado, sem sucesso, acessar a linha pelo BDMG, Banco do Brasil e Caixa. “Por ser um banco privado, achei que seria mais simples. Agora vou desistir”, diz o empresário. Ele tentou acessar o app desde às 7h30, mas perdeu o acesso às 8h, só conseguindo voltar às 9h, quando o programa já estava encerrado.

Para a empreendedora Renata Caetano, dona da Dog Vila Lobos, empresa que hospeda animais de estimação em São Paulo, o problema foi o mesmo. Sem sucesso para fazer a solicitação no Itaú na semana anterior, apostou suas fichas no aplicativo na manhã de hoje. “Estava tentando desde às 8h, mas o app ficou sempre indisponível. Por volta das 10h, recebi a mensagem de que o banco havia emprestado todo do dinheiro”, diz a empresária.

Caixa e BB também atingem limite

Não só no Itaú a procura foi grande. Nesta segunda-feira, 13, a Caixa atingiu o limite de 4,24 bilhões de reais em créditos contratados pelo Pronampe. Com isso, o ministério da Economia permitiu um acréscimo de 1,66 bilhão de reais, e agora o novo limite é de 5,9 bilhões de reais.

Na semana passada, o Banco do Brasil também havia conseguido expandir sua participação no programa. Após ter atingido o teto de 3,74 bilhões de reais na quarta-feira, 8, o banco conseguiu do Tesouro Nacional um novo limite de 1,24 bilhão na última quinta-feira. E, em cerca de 24h, liberou todo o crédito a cerca de 20.000 micro e pequenas empresas.

Juntos, os três bancos já emprestaram 13 bilhões pelo Pronampe. O tema preocupa o governo. Em audiência pública no Congresso na última terça-feira, 7, o secretário especial de produtividade do ministério da Economia, Carlos da Costa, disse que os 15,9 bilhões de reais aportados pelo Tesouro para bancar as garantias do programa vão acabar em breve. O ministério, então, estuda opções para injetar mais capital ao programa.

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